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Carlos Vaz
Carlos Vaz

Otimismo: taxa de juros americana aumenta e favorece investimentos no exterior

Pela primeira vez desde 2018, o Federal Reserve (Fed) aumentou a taxa de juros dos Federal Funds, em 25 pontos-base (bps), optando por renunciar a uma alta mais agressiva entre 50-75 bps, previstas por alguns analistas do mercado. Apesar da considerável agitação geopolítica causada pelo conflito na Europa, num cenário mundial ainda em recuperação pós-Covid, a decisão do Fed é uma prova de convicção na força global da economia dos EUA e na profundidade do desafio colocado pelo aumento da inflação. Isto significa que, conforme prevíamos, o ambiente macroeconômico dos Estados Unidos se mantém favorável ao investimento, especialmente se olharmos para o mercado de real estate.

Acredito que esse movimento de alta de juros continuará até o final deste ano, com o intuito de estabilizar os preços. Sendo assim, podemos ter um total de 175 bps em aumentos em 2022, já contabilizando esse aumento recente de 25 bps. Após as subidas adicionais, a previsão é de que a taxa dos Federal Funds chegue ao patamar de 2,75% até o final de 2023, no qual deve permanecer até o fim de 2024 — algo ainda muito baixo para os padrões históricos. A intenção do Fed é segurar seu balanço, apertando ainda mais a política monetária.

E vale lembrar que o Fed tem uma dupla missão: garantir a empregabilidade e manter os preços estáveis. O enorme estímulo fiscal e monetário decretado diante da crise causada pelo Covid-19 resgatou o mercado de trabalho norte-americano, que está rapidamente voltando aos níveis pré-pandemia. Com isso, o banco central dos EUA voltou sua atenção para alcançar a meta da estabilidade dos preços.

Agora, se consideramos que no Brasil os juros subiram, com o Copom sinalizando uma nova alta de 1 ponto em breve, que levaria a Selic a 12,75%, e que o índice de inflação está na casa dos 6,45% em solo nacional, fica mais evidente que alocar capital no exterior pode ser uma boa estratégia de hedge de capital. Tudo porque, se o custo Brasil aumenta, há necessidade de manter uma Selic mais alta, que gera problemas econômicos internos, pois esse custo precisa ser repassado de alguma forma. E é nesse sentido que o aumento dos custos brasileiros favorece a demanda por investimento fora.

O setor imobiliário é percebido como uma proteção sólida contra a inflação e as incertezas do mercado. Os Estados Unidos têm um sistema de estado de direito muito forte, que é atraente para muitos investidores que buscam segurança, e governança em real estate bastante significativa e sem igual no mundo. Como consequência, podemos esperar ver mais capital fluindo para o CRE dos EUA e para fora de ações voláteis. E nesse movimento, o setor multifamily americano será beneficiado, principalmente devido aos prazos de locação mais curtos quando comparados aos segmentos de escritórios, industriais e varejo, por exemplo.

Em um cenário cheio de incerteza, o investidor deve adotar um movimento de proteção de capital, apostando na diversificação, nos investimentos contracíclicos e nas aplicações exteriores, por exemplo. Diante do que estamos vivendo, acredito que o mercado de real estate apresenta fundamentos sólidos para uma recuperação ao longo do ano, já que costuma apresentar desempenho positivo em momentos assim. Ou seja, podem ser uma saída para tirar o risco da mesa. Vale ficar atento!

Nota

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