7 dicas para investir seu dinheiro no exterior
Nos últimos meses, temos visto em pauta o tema da alocação de capital no exterior, seja na imprensa ou nas redes sociais, especialmente no Twitter, em que o tema de investimentos pessoais é constantemente abordado por um grupo de investidores individuais ou formadores de opinião. E seja na busca por diversificação de investimentos, proteção de patrimônio, ou até mesmo um maior retorno, a procura dos investidores brasileiros por alternativas de alocação de capital no exterior, vem aumentando consideravelmente, principalmente nos Estados Unidos.
E essa tendência deve continuar. Mesmo com uma previsão de alta da Selic, com expectativa de chegar aos 8% ou 9% entre o final deste ano e o começo do próximo por analistas de investimentos, podemos considerar o forte avanço da inflação – que já está próxima de 10% em 12 meses, a proximidade de um ano eleitoral, com a perspectiva de um crescimento abaixo de 2% em 2022 por economistas, e reformas relevantes ainda em tramitação, como alguns dos motivadores desse movimento. Ou seja, é importante buscar alternativas para diversificar o patrimônio.
Afinal, ao investir em uma moeda forte como o dólar, que possui menos riscos de desvalorização e oscilações de mercado, a volatilidade total da carteira se torna bastante reduzida. São inúmeras as opções de investimentos, mas um segmento que merece bastante atenção é o de Real Estate. O segmento tem proporcionado bom retorno aos investidores ao longo dos últimos anos, na faixa de 11% em REITS e na faixa de 17%, anualizado, em nossos fundos de investimento com foco em propriedades multifamily – uma categoria de moradia existente há mais de 100 anos e que conta com diversas unidades em uma só escritura, sendo todas voltadas para locação.
Essa, aliás é uma categoria que traz um fundamento bem interessante, visto que, segundo estimativas baseadas em dados do Census e Apartment List Calculations, nos Estados Unidos, um em cada quatro locatários gastam 50% ou mais de sua receita com locação de residências e apartamentos. Outras tendências identificadas no mercado norte-americano são o declínio da aquisição da casa própria e demográfico, escassez de moradia e crescimento constante do aluguel. Mudar de cidade para trabalhar já era uma realidade para os norte-americanos e depois da pandemia de COVID-19 – com a adoção do trabalho remoto ou modelos híbridos – isso se intensificou.
De qualquer forma, seja qual for o ativo escolhido, para uma alocação acertada, listo aqui sete pontos para auxiliar na realização de seus investimentos no exterior.
1 – Conheça as opções de ativos
Entre as opções nos EUA, se destacam os BDRs, certificados de ações de empresas de fora do Brasil que são negociadas na bolsa brasileira; os ETFs, que são fundos de índice e uma maneira de investir em ações sem precisar escolher cada uma delas para montar sua carteira; as ações e outros ativos de renda fixa ou variável, como certificados do Tesouro; os COE ou Notas Estruturadas, que podem combinar características de renda fixa e renda variável e; o considerado mais popular no país, o mercado de real estate.
O segmento imobiliário norte-americano é considerado como um dos investimentos que mais protegem o seu patrimônio contra a inflação, instabilidades políticas e econômicas, concentrando cerca de 145 milhões de investidores (cerca de 44% da população) aplicando em REITs ou em Private Funds, enquanto no Brasil apenas 1% da população (1,4 milhão) aplica recursos em Fundos Imobiliários (FIIs).
2 – Conheça o track record da gestora
É essencial conhecer a equipe da gestora que irá gerenciar seu capital no período de vida do fundo ou opção de investimento escolhida. Conhecer a história, melhores e piores resultados, a experiência e know-how da gestora no segmento em que atua. Já o track record da gestora não se trata somente de números, mas sim um retrato da execução, e da evolução da governança da gestora, desde processos e até o nível de maturidade do gestor financeiro e da equipe de analistas ao longo do tempo.
3 – Conheça a experiência do gestor financeiro
É importante observar como foi a trajetória profissional, visando quais são os principais resultados positivos e negativos durante a carreira dele. Qual é a experiência dele e a visão sobre o mercado em que atua? Qual é o histórico de resultados dos fundos já lançados, se houver? Essas são algumas perguntas básicas que o investidor deve realizar e ter clareza antes de optar por investir em um fundo no exterior, por exemplo. O conhecimento do gestor financeiro no mercado que gerencia fundos de investimentos e a visão do mercado é fundamental para bons resultados no médio e longo prazo.
4 – “Skin in the game”
Ter o “skin in the game”, dentro do mercado financeiro, significa apostar no investimento ofertado, se comprometendo e assumindo o risco junto com o investidor. O gestor também é um dos investidores? Em qual participação? A partir das respostas dessas questões, é possível entender se há um alinhamento completo de interesses de todos os envolvidos.
5 – Governança, compliance e transparência
Quais são os processos de governança da gestora? Os fundos da são auditados de forma independente? Você, como investidor, teria fácil acesso às principais informações de desempenho do fundo? “Confie, mas confira” é um provérbio russo que se tornou conhecida em inglês por ser usada pelo presidente norte-americano Ronald Reagan, e atualmente, é um lema no mercado financeiro norte-americano. Mesmo os Estados Unidos sendo um dos mercados mais regulados do mundo, é preciso aprofundar a análise e conhecimento para o nível de transparência, governança e compliance da gestora ou agente financeiro que irá gerir seu capital.
6 – Relacionamento local e referências
Qual é a atuação local da gestora analisada? Ela é reconhecida de alguma forma? Esses pontos reforçam a experiência e notoriedade que a gestora conquistou ao longo de sua atuação. A partir de um bom relacionamento com mercado em que atua é possível que o gestor e os analistas tenham mais acesso, conhecimento e visão no longo prazo do segmento para uma rápida tomada de decisão com os recursos sob gestão. Sendo importante também solicitar referências de outros investidores para o agente da gestora. Dessa forma, o investidor consegue avaliar a experiência por outros pontos de vista antes de tomar sua decisão.
7 – Atendimento ao investidor após a realização dos aportes
Você investiu e ao buscar mais informações sobre o desempenho do investimento ou entender melhor certa oscilação que ocorreu em determinado período, não consegue mais o contato com o analista que o atendeu anteriormente por uma mudança na estrutura da gestora ou banco e ao retomar o contato meses depois, identifica mais uma mudança na equipe. Esse cenário não é positivo e gera insegurança. Por isso, conhecer de perto a equipe de analistas, os valores da gestora e a visão do negócio é fundamental. Em investimentos com foco no longo prazo, o relacionamento com a gestora segue a mesma linha do tempo, dessa forma, ter um acompanhamento próximo é fundamental.
Com todas essas informações em mãos, é possível ter mais segurança em realizar aportes em outro país. É importante reforçar que essas dicas também são válidas para operações financeiras realizados no Brasil, sendo essencial para o investidor conhecer com profundidade onde está aportando seu capital e quais são os riscos que está assumindo com essa decisão.