Caio Braz

Fundos imobiliários: o que esperar para 2023?

Cenário macro não beneficia a atividade econômica e pode impactar fortemente os fundos, visto que parte importante do interesse dos investidores é obter ganhos regulares sem precisar correr os riscos. Mas isso não é para desanimar

O mercado brasileiro de fundos imobiliários está perto de atingir a marca de 2 milhões de investidores. De acordo com recente relatório da B3, este setor registrou em setembro 73 mil novos investidores, o maior número do ano. Já em outubro, outros mais de 45 mil novos investidores começaram a investir em FIIs, mesmo com certas instabilidades nas cotações por conta do cenário eleitoral.

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Ao longo dos últimos anos – em especial de 2019 para cá – o mercado de fundos imobiliários se desenvolveu de forma aplausível. Hoje, o investidor encontra mais de 440 opções de FIIs listados (contra 156 cinco anos atrás), dos mais diversos segmentos (lajes corporativas, loteamentos, shoppings, agências bancárias, hotéis, hospitais, universidades e tantos outros) e com valor de cota bastante acessível. Com apenas R$ 10, por exemplo, já é possível começar a aplicar em um fundo imobiliário, seja ele de papel ou de tijolo – que são os dois tipos mais conhecidos. É como se o investidor estivesse comprando um “tijolinho” daquele imóvel.

Outros dois fatores positivos dos FIIs são a possibilidade de ter dividendos mensais (renda passiva) e estes serem isentos do pagamento de imposto de renda para pessoas físicas. Isso vale para os casos de fundos de investimento cujas cotas sejam admitidas à negociação exclusivamente em bolsas de valores ou no mercado de balcão organizado.

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2022 foi um ano de avanços da indústria dos fundos imobiliários, porém, com uma certa instabilidade macroeconômica que deve trazer grandes desafios para um futuro próximo. A condição macro do país pós-pandemia se consolidou no decorrer do ano, o que foi ótimo para todas as classes de fundos imobiliários. Porém, agora o cenário é outro. Estamos diante de um novo governo, em que as diretrizes poderão mudar e os impactos serem perdas ou ganhos para setores específicos dentro do mercado imobiliário.

E quando cito a mudança de governo, quero dizer, especialmente, a transformação na conjuntura fiscal e um aumento da relação dívida x PIB, que têm o potencial de depreciar o real contra o dólar, aumentando a inflação e mantendo os juros altos. Este é um cenário que não beneficia a atividade econômica e pode impactar fortemente os fundos, visto que parte importante do interesse dos investidores é obter ganhos regulares sem precisar correr os riscos.

A partir de agora, o investidor tende a olhar muito o rendimento nominal e, conforme as distribuições dos fundos que se beneficiam da alta da inflação aumentem, isso deve valorizar as cotas. Fundamentalmente não deveria ser assim, mas provavelmente é o que acontecerá, ao passo que os fundos que não conseguirem repassar aos cotistas com rapidez, a alta da inflação deve ter impacto negativo na cota.

Mas isso não é para desanimar. Os dados que temos visto até então são satisfatórios. Ainda de acordo com o mesmo relatório da B3 que cito no início do artigo, o patrimônio líquido dos fundos imobiliários ficou em R$ 189 bilhões em setembro, acima dos R$ 188 bilhões registrados em agosto.

Ainda é cedo para saber com precisão o que ocorrerá nos próximos meses. Até o momento, os FIIs de galpão são os que devem ser menos afetados por qualquer volatilidade de curto prazo. O mercado imobiliário tende a ser um dos primeiros setores a sofrer impacto em cenários de escassez ou encarecimento do crédito e aumento da inflação, que até o momento parecem ser possibilidades concretas de ocorrerem no curto prazo. Vejamos os próximos capítulos!

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Nota

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