Conciliar o Open Finance regulado e não-regulado é melhor estratégia para impulsionar a inovação no mercado financeiro
O mercado global de Open Banking atingirá a marca de US$ 124 bilhões até 2031, crescendo a uma taxa anual de 22%, segundo dados da Allied Market Research. No Brasil, o Open Finance, que estende a atuação do ecossistema de informações abertas dos bancos (Open Banking) para outras instituições financeiras, está em sua 4ª fase, superando a marca de 46 milhões de consentimentos ativos em fevereiro de 2024.
Enquanto há um aumento na curiosidade sobre os benefícios gerados pelo compartilhamento de informações entre diferentes instituições, empresas também vão evoluindo para soluções cada vez mais personalizadas. Por trás disso tudo está uma massa gigantesca de dados financeiros, que podem ser divididos em duas categorias: a regulada, sob a supervisão do Banco Central, que estabelece as regulações e obrigações comuns para todo o ecossistema; e a conexão direta, dita não-regulada, em que a iniciativa de mercado utiliza outras tecnologias para obter o consentimento do usuário e acessar os dados concedidos, em conformidade com a LGPD.
Ao contrário do Open Finance regulado, a conexão direta permite a participação de players que não são obrigados pelo Banco Central a participarem desse sistema interconectado, ampliando os benefícios para todas as partes envolvidas. A verdadeira essência do Open Finance reside em promover competição, estimular a inovação e aprimorar o sistema financeiro como um todo. Para alcançar esse objetivo, é essencial que todos os agentes do mercado possam participar do ecossistema e que o escopo de dados seja dinâmico e completo, de forma a democratizar o acesso às informações financeiras, conforme preconizado pela legislação, especialmente a LGPD.
Empresas interessadas em ampliar seu portfólio de soluções financeiras devem, portanto, considerar fortemente a complementaridade entre a abordagem regulada e não-regulada, para desbloquear todo o potencial disruptivo e inovador do Open Finance. Enquanto a primeira pode, por vezes, limitar o escopo de dados e restringir a personalização para o usuário, a segunda oferece uma amplitude maior de informações que podem ser utilizadas para criar ofertas mais abrangentes e personalizadas.
Esse meio de campo entre os dados consentidos pela sociedade (disponibilizados tanto no ambiente regulado pelo Banco Central, quanto via Open Finance não regulado) é oferecido ao mercado financeiro por meio de companhias especializadas em criar milhares de conexões entre essas informações e a infraestrutura de dados de uma fintech que queira melhorar seu modelo de oferta de crédito, por exemplo.
Juntos, o Open Finance regulado e o não regulado representam um marco significativo ao expandir as possibilidades de soluções inovadoras. Essa evolução não apenas facilita o lançamento de novos produtos e serviços que atendem às necessidades dos clientes, como também aprimora a experiência do usuário, eliminando a necessidade de inserir senhas para navegar entre instituições, promovendo uma dinâmica mais fluida.
Ao adotar o que se conhece como estratégia mista de acesso aos dados financeiros dos clientes, uma empresa consegue promover flexibilidade e variedade de escolhas. Essa iniciativa fortalece a sinergia entre os sistemas e impulsiona a inovação. Ao proporcionar um ambiente de negócios mais dinâmico e recompensador, novas soluções de gestão financeira personalizadas e análises de crédito mais justas para milhares de pessoas e empresas são criadas todos os dias.
Em última análise, um Open Finance verdadeiro parte da premissa central de que o consumidor é o titular e detentor de seus dados pessoais, em conformidade com as disposições da legislação aplicável, em especial a Lei Geral de Proteção de Dados. Essa abordagem mista representa um passo crucial na direção certa para alcançar esse objetivo e impulsionar o progresso do Open Finance no Brasil.
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