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Alan Gandelman
Alan Gandelman

Tempestade perfeita

De repente, não mais que de repente, a situação econômica do Brasil se deteriora de uma forma rápida, além de grave, colocando as projeções mais otimistas de crescimento para 2022 em um cenário de quase estagflação, palavra aprendida nas faculdades de economia mas raramente vista na prática.

Isso significa inflação sem crescimento, colocando o Brasil mais uma vez na lista de ser um país do futuro, aquele que nunca chega.

As reformas fiscais e administrativas, tão esperadas, ao que tudo indica não vão sair do forno, até porque 2022 será ano de eleições presidenciais. Historicamente, temas dessa natureza não são tratados no último ano dos mandatários congressistas.

A retomada pós-covid, que parecia ter fôlego, gerou uma inflação de custos, o que é muito pior do que uma inflação de demanda, pois na de custos o crescimento da economia e pífio ou inexistente.

A alta das commodities mundiais dessa vez não salva nossa economia pois a situação fiscal e política puxa o dólar para cima, encarecendo o custo país, além de ser mais um combustível para a aceleração da inflação.

E, como consequência, o aumento dos juros básicos, que devem fechar 2021 em pelo menos 8,25% ao ano, com uma expectativa de crescimento do PIB perto dos 5%, se recuperando da parada da economia devido à pandemia.

Não obstante tudo isso, vivemos uma crise hídrica com risco de apagão, o que encarece o preço da energia, afetando todas as camadas de produção da economia. Aliados ao real desvalorizado e aos recordes do preço do petróleo, isso faz com que as previsões para 2022 não sejam nada animadoras e novos recordes de IPCA acumulado em 12 meses podem ainda estar por vir…

Tempestade perfeita ? Espero que não, mas em todo caso já peguei meu guarda chuva da Mary Poppins e se não chover, eu voo…

Nota

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