Cogna (COGN3) dispara 6% após balanço; XP recomenda cautela
As ações ordinárias da Cogna (CONG3) avançam 6,20% às 13h30 no pregão desta quarta-feira (31) na bolsa brasileira, após a companhia divulgar pela manhã seu balanço do quarto trimestre de 2020. Para a XP, lucro líquido, Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) e receita líquida frustraram o consenso, mas, principalmente por conta de efeitos não recorrentes.
“A Cogna registrou um quarto trimestre altamente pressionado por sua divisão de graduação, a Kroton, com provisões para devedores duvidosos acima do esperado, levando ao não atingimento do guidance de 2020″, afirma o analista Vitor Pini, da corretora.
As provisões para devedores duvidosos (PDD) chegaram a R$ 647 milhões, enquanto a XP esperava algo próximo a R$ 277 milhões. “Embora essas despesas mais altas tenham levado ao não atingimento do guidance, vemos como positivo o ajuste, pois ajudou a reduzir o ciclo de contas a receber da Kroton de 197 dias no final de 2019 para 171 dias no final de 2020″, diz o relatório.
Além dos gastos com provisões, o preço da reestruturação da Kroton custou R$ 340 milhões no quarto trimestre. Para a XP, as mudanças devem ainda se fazerem sentir em 2021. “Haverá um impacto de R$143 milhões no resultado e um impacto de R$206 milhões no caixa neste ano”, afirma o documento.
Fora efeitos não recorrentes, balanço da Cogna ficou dentro das expectativas
Fora esses efeitos não recorrentes sobre o braço de graduação da companhia, o número de alunos, tanto no digital quanto no presencial, ficou próximo às projeções da corretora. Somada a isso, a alta de 14% do ticket médio presencial ajudou a receita líquida da Kroton a superar a projeção da XP em 8%, ficando em R$ 939 milhões.
No entanto, Vitor Pini afirma ser necessário cautela por conta da exposição do braço de graduação da Cogna ao financiamento privado: a empresa tem quase R$ 1,1 bilhão a receber, cerca de 600 dias de receita.
Quanto a Vasta, braço de educação básica da Cogna, o número de alunos frustrou, ficando 6% abaixo das expectativas da XP, mas o ticket médio acima do esperado fez a receita líquida ficar em linha com a estimativa, em R$ 344 milhões. O Ebitda pra esse setor superou a projeção da corretora em 27%.
O prejuízo líquido da Cogna, que ficou em R$ 589,2 milhões, foi maior do que o dobro do prejuízo projetado pela XP. O Ebitda ajustado, negativo em R$ 100,5 milhões destoou dos R$ 239,4 milhões esperados e a receita total, de R$ 1,64 bilhão, ficou 5% menor do que o consenso.
Com tudo isso, e com o cenário macro de curto prazo ainda nebuloso para o setor de educação, especialmente quanto ao ciclo de captação de 2021, a XP se manteve neutra em relação à Cogna, estipulando o preço-alvo de R$ 5,1 para a ação ordinária.