O BB Investimentos atualizou sua tese de valuation para a Cogna (COGN3), mantendo a recomendação de compra de ações da companhia como neutra, com redução do preço alvo.
Fixado em R$ 4,5 até o final de 2022, o novo preço das ações da Cogna é de R$ 4 até o ano acabar, “mesmo diante do potencial de valorização atual” de 41,8%, diz o relatório do banco de investimentos.
A visão geral da Cogna para o BB-BI é de que a empresa “virou a página” e está focando na trajetória de crescimento, principalmente em rentabilidade.
“Os impactos da pandemia – e, antes dela, a crise econômica doméstica e a drástica redução do Fies. o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior – foram bastante severos e deixaram marcas no balanço de 2020, que contou com diversos ajustes”, afirmam os analistas do BB-BI.
Mas a reestruturação da Kroton, unidade de negócios da Cogna, foi bem-sucedida quando avaliada a evolução do resultado operacional da empresa, na opinião dos analistas.
O avanço pode ser observado na margem Ebitda ajustada anual de 2021, divulgada no balanço do quarto trimestre da Cogna. A margem foi de 3% em 2020 e subiu para 28,8% em 2021.
“No entanto, esta ‘virada de página’ em busca de um ciclo mais positivo de resultados e de maior geração de valor ao acionista coincidiu com um cenário econômico muito desfavorável, além do momento de grande volatilidade no mercado de ações, que pode se acentuar ainda mais no segundo semestre deste ano, em razão das eleições”, aponta o BB-BI.
Atualização do modelo financeiro da Cogna pelo BB-BI
De acordo com o relatório, as principais alterações no valuation são:
- Inclusão dos dados operacionais e financeiros do ano de 2021;
- Atualização de premissas macroeconômicas de acordo com as projeções mais recentes para a taxa Selic, PIB e inflação;
- Retomada consistente do crescimento da base de alunos de graduação no ensino presencial somente em 2023, “em razão do cenário macroeconômico atual desfavorável, que deve prejudicar o reajuste de preços das mensalidades”;
- Crescimento de dois dígitos (previsão de 15% em 2022 e 10% em 2023) da base de alunos do ensino digital, mas com ticket médio estável, considerando a maior competição na captação nesta modalidade, além da demanda represada dos últimos anos;
- Conversão de 100% do ACV (Annual Contract Value) 2022 da Vasta (que deve crescer cerca 35% e atingir cerca de R$ 1 bilhão) em receita, o que não
ocorreu no ciclo comercial de 2021 em razão dos impactos da pandemia; - Volume de investimentos (capex), como percentual de receita, próximo ao realizado em 2021 para os próximos anos; e
- Maiores despesas operacionais para a Kroton em 2022, na comparação com 2021, devido à retomada do ensino presencial.
O BB-BI também destaca que a alta da taxa básica de juros também levou a projeções maiores em despesas financeiras, o que significa um resultado líquido prejudicado.
“Estimamos prejuízo líquido para os próximos anos (lembrando que a empresa já obtém benefícios fiscais com o Prouni e, assim, não conta com vantagens fiscais decorrentes de dívida)”, diz o documento.
Resumidamente, o BB-BI prevê para a Cogna um crescimento contínuo na base de alunos do ensino digital, assim como uma evolução modesta no presencial, com preços de mensalidade pressionados no curto prazo, devido à crise econômica, e aumento da concorrência na captação de alunos.
Além disso, há previsão de recuperação gradual de rentabilidade, com maior contribuição por parte dos resultados da Kroton e da Vasta.
Riscos para Cogna
Os riscos elencados pelo BB-BI são:
- Desaceleração do crescimento do ensino digital;
- Extensão dos efeitos da pandemia, com recuperação mais lenta do que o previsto do mercado de trabalho e da atividade econômica doméstica;
- Necessidade de provisões adicionais, ou impairment, com impacto negativo no resultado;
- Despesas adicionais não previstas, ainda na reestruturação da Kroton;
- Elevação da alavancagem financeira;
- Falha na execução da estratégia de crescimento da Vasta; e
- Aprovação de uma reforma tributária que altere significativamente a isenção fiscal do Prouni.
Cotação
As ações da Cogna encerram a quinta-feira (7) em alta de 2,12%, a R$ 2,89. Nos últimos 12 meses, os ativos acumularam queda de 28,64%.