Cogna (COGN3): ‘O pior já passou, mas seguimos fora do case’, diz BTG
Em novo parecer sobre as ações da Cogna (COGN3), os analistas do BTG Pactual Digital seguem com cautela e recomendação neutra, mas citam que “o pior já passou”.
Com uma série de derrocadas desde o frustrante IPO da Vasta na Nasdaq, as ações da Cogna caem 40% nos últimos 12 meses e 81% no acumulado dos últimos cinco anos.
“Os resultados do primeiro trimestre das empresas de educação foram melhores do que o esperado, refletindo estimativas de mercado excessivamente pessimistas e base de comparação fraca, com uma captação mais forte e margens maiores”, dizem os analistas, sobre o fim da temporada de divulgação de balanços trimestrais.
A recomendação da casa é de R$ 2,60 de preço-alvo, apenas seis centavos abaixo da cotação atual.
“Quase todas as empresas que cobrimos registraram uma captação maior no primeiro trimestre, com uma recuperação sólida de alunos no presencial e outro trimestre de aceleração consistente na captação no EaD. Sim, o maior nível de captação se beneficiou de uma base de comparação fraca, mas o crescimento da captação no EaD ainda foi mais forte para a maioria das empresas. A YDUQS liderou o setor em crescimento orgânico (no local e EaD). Por outro lado, o ticket médio da maioria das empresas decepcionou, refletindo principalmente a forte concorrência no segmento EAD (menor ticket a/a) e descontos para novos alunos”, diz o relatório.
Apesar disso, o BTG Pactual Digital segue cauteloso por motivos que também penalizam o varejo brasileiro.
“O setor ainda enfrenta vários desafios este ano: forte inflação de custos pressionando as margens, ambiente altamente competitivo (prejudicando o ticket médio), pico de juros em um setor alavancado financeiramente, renda disponível pressionada e a lista continua”, dizem os analistas.
Vendo os números do 1T22, a casa destaca que só mantém três ‘top picks‘ no segmento, embora tenha visto uma melhora no comparativo com o início de 2021.
“Apesar de tudo, ainda não vemos uma recuperação em forma de V para o setor educacional e, dessa formam permanecemos apenas seletivamente positivos no setor, com recomendações de compra no Cruzeiro, Anima e Vitru”, frisam.
Cogna encolheu prejuízo em 61%
A empresa fechou o primeiro trimestre de 2022 com prejuízo líquido de R$ 13,107 milhões, redução de 61,3% ante o prejuízo de R$ 33,885 milhões registrado no mesmo período do ano anterior. No critério ajustado, a companhia teve prejuízo de R$ 74,945 milhões, redução de 87,3% frente a um ano antes.
Por outro lado, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) somou R$ 428,576 milhões no período, ganho de 27,2% na comparação anual. A margem Ebitda passou de 30,5% para 36,4% (alta de 5,9 pontos porcentuais).
Já o Ebitda recorrente totalizou R$ 401,628 milhões no trimestre, crescimento de 23,9% na mesma base comparativa. A margem Ebitda recorrente foi de 34,1%, com avanço de 4,8 pontos porcentuais.
A receita líquida apresentou alta de 6,4% entre janeiro e março, totalizando R$ 1,176 bilhão, refletindo o resultado positivo da Vasta, que supera em R$ 99,7 milhões a receita líquida do mesmo período do ano passado, em função do excelente ciclo comercial performado pela empresa em 2021 e na retomada financeira das escolas privadas K-12 (ensino básico).
A geração de caixa operacional após capex (GCO) somou R$ 178,266 milhões no trimestre, com alta anual de 5,1%. Porém, a Cogna apresentou fluxo de caixa livre negativo em R$ 188,856 milhões, consumo 73,1% menor que no mesmo intervalo de 2021.
A Cogna fechou o trimestre com dívida líquida de R$ 2,865 bilhões, o que significa uma alavancagem medida por dívida líquida/Ebitda recorrente de 2,15 vezes, leve redução ante as 2,16 vezes do quarto trimestre de 2021.