A Cogna (COGN3) registrou um prejuízo líquido ajustado de R$ 589 milhões no quarto trimestre de 2020, revertendo o lucro de R$ 51,6 milhões registrados no mesmo período de 2019. No consolidado do ano, o déficit foi de R$ 907,4 milhões, ante lucro de R$ 771 milhões em 2019.
Segundo o relatório, a baixa reflete o pior desempenho operacional da empresa, impactada pela pandemia, os maiores gastos com provisões, que chegaram a R$ 415 milhões no quarto trimestre, e os custos com a reestruturação da Kroton, que devem ficar em cerca de R$ 512 milhões no total – dos quais R$ 340 milhões foram reconhecidos no 4T20. Excluindo os dois últimos efeitos, a Cogna teria conseguido lucrar no período R$ 144 milhões.
No resultado contábil, o prejuízo da Cogna em 2020 ficou em R$ 4 bilhões, com baixa de ativos da Kroton e da Saber. A companhia concluiu a reestruturação da Kroton, reduzindo seu footprint em 45 unidades e realizando 81 otimizações imobiliárias, e usou os colégios da Saber como moeda de troca na aquisição da Eleva.
A receita líquida da empresa de educação entre outubro e dezembro ficou em R$ 1,64 bilhão, recuando 14,9% na base anual. No consolidado do ano, a receita diminui 16,1%, ficando em R$ 5,8 bilhões.
Parte desse retrocesso se deu pela queda de 28,6% no número dos alunos do ensino presencial, que ficou em 229,4 mil. Apesar de o ensino digital ter avançado 17,8%, chegando ao total de 540,6 mil alunos, o que praticamente deixou o número total de alunos estável, o ticket médio excluindo o Prouni recuou, uma vez que o EAD rende menos, de R$ 571 para R$ 503.
Resultado da Cogna foi bastante impactado por provisões
A Cogna tentou diminuir os custos, com, por exemplo, a redução de 33% nas despesas corporativas, mas, mesmo assim, o Ebitda recorrente ficou negativo por conta, principalmente, das provisões.
“Excluindo o complemento de PCLD, o EBITDA recorrente seria de R$ 120 milhões, com margem de 12,8%. Em 2020, excluindo os complementos de PCLD realizados no 2T20, de R$ 229 milhões, e no 4T20, o Ebitda recorrente seria de R$ 757 milhões, margem de 20,7%”, afirma o documento.
A Cogna afirma que optou por provisionar de forma conservadora, com os recursos para quitar créditos de liquidação duvidosa (PCLD) dobrando na base anual, chegando a R$ 674,1 milhões.
Com esses efeitos, a dívida líquida da Cogna chegou a R$ 2,9 bilhões e a sua alavancagem, medida pela relação da dívida com o Ebitda (DL/Ebitda) ficou em 3,2 vezes, acima do limte de 3 vezes estabelecido pelo regulamento das debêntures emitidas pela própria companhia.
“Embora isso não caracterize quebra de covenants, iniciaremos as negociações com os debenturistas para renegociação de determinados critérios relativos aos covenants“, informa a Cogna.