Cobasi deve mirar crescimento e rivalizar com os pequenos, diz gestor da Kinea
O aporte de R$ 300 milhões da gestora do fundo de private equity da Kinea na Cobasi, anunciado nesta sexta-feira (23), deve acelerar o crescimento da companhia voltada para os cuidados do animal de estimação a ponto de não só rivalizar com a Petz (PETZ3), mas também com os pequenos pet-shops que ainda mantêm um pedaço relevante do market share.
Segundo Camilo Ramos, sócio diretor de private equity da Kinea, o plano da Cobasi agora é abrir de 30 a 40 lojas por ano, das quais já há pontos mapeados, além de reforçar a presença digital.
“A Cobasi é a companhia mais capitalizada do setor, sempre trabalhou com recurso próprio, não se diluiu, não tem dívida, e ainda tem uma posição de caixa. Estamos aportando mais R$ 300 milhões na companhia, no dia seguinte teremos entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões em caixa para fazer um crescimento bastante acelerado”, disse o gestor da Kinea Private Equity, uma plataforma de gestão, sócia do Itaú Unibanco (ITUB4), que tem como objetivo participar como sócio minoritário de empresas.
Para Ramos, apesar da concorrência da Petz, há espaços para o crescimento das duas companhias nos próximos anos, dado que os pet shops menores ainda concentram boa parte do mercado.
“O nosso maior competido é a Petz? Não acho que é por ai. Tem espaço para as duas crescerem nos próximos anos, você tem um espaço muito grande ainda tomado pelos pet shops regionais. Se você olhar para outros lugares do mundo, não há penetração tão grande quanto no Brasil”, afirmou.
Nos EUA, por exemplo, dois principais players do setor dominam cerca de 33,7% e 15%, respectivamente. No Brasil, as principais empresas ainda não chegaram aos dois dígitos.
Apesar da ida da Petz à Bolsa de Valores de São Paulo (B3), o gestor da Kinea não vê a Cobasi seguindo o mesmo caminho agora, dado a instabilidade do mercado no momento.
“Um IPO [oferta pública inicial de ações, em inglês] agora é deixar dinheiro na mesa, os gringos olhando meio torno para o Brasil nesse momento, então não passa pela nossa cabeça no curto prazo enquanto o cenário estiver assim. O IPO não é para ser um fim em si mesmo, ele vai ser uma consequência, mas sem prazo definido”, disse.
Confira a entrevista do SUNO Notícias com Camilo Ramos, Sócio Diretor de Private Equity da Kinea:
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-Como funciona o fundo de private equity da Kinea?
É o segundo fundo com o mercado, de R$ 1.5 bi, fazemos investimento entre R$ 150 milhões e R$ 250 milhões, com a inteleção de cada fundo investir em companhias privadas e sempre investimos com participação minoritária.
O fundo é o que a gente entende como um tamanho legal para dar atenção para as companhias, já que somos bastante ativos. A gente acaba tendo participação, temos conselhos, criamos comitês, conversamos com os fundadores e executivos, então o relacionamento é muito próximo e para conseguirmos ter esse grau, teremos um número limitado de companhias que investimos.
Ou seja, em um fundo de R$ 1,5 bilhão, vou investir em seis ou sete cheques, e o cheque médio é de R$ 150 a R$ 250 milhões. Com isso, temos 75% do capital alocados.
-Do lado da Kinea, como a aquisição de um percentual da Cobasi agrega ao fundo de private de vocês?
A gente começou a área de private equity em 2009 e, desde então, a gente só faz investimentos minoritários. Gostamos de estar do lado dos sócios fundadores, que são quem mais entendem de um negócio, e colaboramos em partes que como a área estratégia, financeira, etc, que é o que mais a gente sabe fazer. Como nós fazemos mais investimentos em outras empresas, conseguimos trazer boas práticas de uma para outra.
A aquisição da Cobasi, está em linha do que mantemos uma estratégia de ser investimento e estar juntos de famílias fundadoras, no geral.
A família Nassar vai continuar a tocar o negócio. Vamos ajudar em M&A e mais para frente, estruturação de um IPO, com o conhecimento do que já fazemos.
-Do lado da Cobasi, qual destino do aporte? É a abertura de lojas ou uma migração rápida para o digital?
Os dois. A Cobasi é a companhia mais capitalizada do setor, sempre trabalhou com recurso próprio, não se diluiu, não tem dívida, e ainda tem uma posição de caixa. Estamos aportando mais R$ 300 milhões na companhia, no dia seguinte teremos entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões de caixa para fazer um crescimento bastante acelerado.
O plano é abrir de 30 a 40 lojas por ano, dos quais já temos muitos pontos mapeados. Sim, tem espaço bastante grande para novas lojas e tem espaço para reforçar a área digital.
Neste ano ,já rodamos com uma participação de digital, entre omnichannel e apenas digital, na casa de 20a 25%, então já é relevante e ainda tem um espaço bastante grande para crescer. A Bain foi a consultoria que nos auxiliou e eles mapearam um potencial gigantesco físico, mesmo com abertura de superlojas e a Petz, e também um espaço muito grande para crescer no digital.
-O sortimento das lojas é fator diferencial da Cobasi?
Acho que sim. A loja da Vila Leopoldina [em São Paulo] é um programa de final de semana. Tem animaizinhos, jardinagem, então é um programa de família e isso nunca vai desaparecer já que quem inventou esse conceito é a Cobasi.
Os atendentes são super bem treinados, a experiência de loja é diferenciada, a loja de família é um grande ponto da Cobasi. Do ponto de vista de sortimento, a Cobasi, talvez, esteja na frente da concorrência, mas não olhamos o concorrente e sabemos que está muito bem feito.
-O setor ainda é muito sortido. As grandes devem continuar a ganhar market share?
O nosso maior competido é Petz? Não acho que é por ai. Tem espaço para as duas crescerem nos próximos anos, você tem um espaço muito grande ainda tomado pelos pet shops regionais. Se você olhar para outros lugares do mundo, não há penetração tão grande quanto no Brasil.
Claro que temos particularidades, mas ao longo dos últimos anos, esse modelo de Petz e Cobasi vem ganhando espaço dos pet shops de bairros. O setor tem uma tese de humanização de pet, crescimento de dois dígitos, e tudo que já ouvimos, mas, além disso, tem um crescimento de share.
-Os M&As da Cobasi serão focados em quais setores?
Acho que tem muitas aquisições chegando para a Cobasi que seja qualquer coisa relacionado ao segmento pet. A Cobasi tem uma postura associativa, startups no mercado pet, empresas que olham o segmento de serviços com mais cuidado são empresas que observamos, acreditamos no potencial de crescimento, que são empresas menores, mas que certamente dentro do ecossistema da Cobasi podem crescer de maneira rápida.
-Vimos o sucesso do IPO da Petz, quão distante está um IPO da Cobasi?
Esse é o ponto. O mais legal é não precisar ter um prazo. É conseguir se preparar para fazer o melhor IPO do setor. Temos muito espaço para crescer com o que temos em caixa.
Um IPO agora é deixar dinheiro na mesa, os gringos olhando meio torno para o Brasil nesse momento, então não passa pela nossa cabeça no curto prazo enquanto o cenário estiver assim. O IPO não é para ser um fim em si mesmo, ele vai ser uma consequência, mas sem prazo definido.
A empresa está preparada, tem bastante coisa para fazer e crescer, e não precisamos do IPO da Cobasi agora.