A Confederação Nacional da Indústria (CNI) considerou “precipitada” a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que elevou nesta quarta-feira a taxa de juros Selic em 0,75 ponto porcentual, fixando-a em 2,75% ao ano.
“Consideramos que a decisão de aumento da taxa Selic deveria ter sido postergada até que os efeitos das medidas de isolamento sobre a demanda e, consequentemente, sobre a trajetória da inflação pudessem ser avaliados”, afirma o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, em nota divulgada na noite de ontem.
Segundo o executivo, as novas medidas de isolamento social implementadas em razão do agravamento da pandemia de covid-19 terão impacto negativo sobre a demanda e deve reduzir o ritmo de elevação nos preços de bens e serviços.
A avaliação é que o momento seria de esperar para avaliar o comportamento da inflação em um ambiente de restrição da demanda. “O aumento da taxa de juros é um elemento adicional de contração da demanda, desnecessário na atual conjuntura”, destaca a CNI.
A entidade ressalta ainda que a elevação da taxa Selic provoca alta no custo de financiamento para empresas e consumidores em um momento em que a necessidade financiamento tender a aumentar.
Alta da Selic veio acima das expectativas do mercado
O Copom anunciou ontem à noite sua decisão que elevou a Selic pela primeira vez desde julho de 2015. Segundo o Copom, “uma estratégia de ajuste mais célere do grau de estímulo tem como benefício reduzir a probabilidade de não cumprimento da meta para a inflação deste ano, assim como manter a ancoragem das expectativas para horizontes mais longos”.
A decisão foi mais forte do que a esperada pelo mercado financeiro. Das 54 instituições do mercado financeiro consultadas pelo Projeções Broadcast, 52 esperavam aumento dos juros básicos nesta reunião, sendo que 48 aguardavam que a taxa subisse mesmo de 2,00% para 2,50% ao ano.
Três delas previam alta de 0,25 ponto e apenas uma esperava aperto mais intenso da Selic, de 0,75 ponto.
(Com Estadão Conteúdo)