Circuit breaker: saiba o que é o mecanismo acionado pela B3

O temor em relação as possíveis implicações do coronavírus (covid-19) na economia global somado as crescentes tensões que derrubaram o valor o petróleo para o menor patamar em anos resultaram em algo incomum na bolsa brasileira: o circuit breaker.

Mas, afinal, do que se trata? O circuit breaker é um procedimento operacional que interrompe todas as negociações na B3. Quando ele é acionado, não é possível realizar compras ou vendas de ativos na B3.

Esse procedimento, quando acionado, pode ser dividido em três estágios, de acordo com a B3:

  • queda de 10% em relação ao valor de fechamento do Ibovespa do dia anterior, a negociação é interrompida por 30 (trinta) minutos;
  • reabertas as negociações, caso a variação do Ibovespa atinja oscilação negativa de 15% em relação ao valor de fechamento do dia anterior, a negociação é novamente interrompida por uma hora;
  • reabertas as negociações, caso a variação do Ibovespa atinja oscilação negativa de 20% em relação ao índice de fechamento do dia anterior, a B3 pode determinar a suspensão da negociação por um período por ela definido;

De acordo com a B3, o acionamento do circuit breaker não pode ocorrer nos 30 minutos finais da sessão de negociação do dia. Caso isso ocorra, o horário de encerramento (agora, a partir das 17h) será prorrogado por, no máximo, 30 minutos para reabertura e negociações ininterruptas.

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Histórico mostra suspensões da B3

O circuit breaker só é acionado em dias de grande estresse do mercado, como o deste segunda-feira (9). Ao todo, foram 17 vezes em que o mecanismo foi utilizado em toda a história da B3, sendo 14 paradas de 30 minutos e três de uma hora.

Enquanto o índice se segura na casa dos 10% de queda nesta segunda-feira, por duas ocasiões a B3 teve que acionar o mecanismo por duas vezes no mesmo dia.

A primeira delas foi em 1998. No dia 10 de setembro daquele ano, o Ibovespa caiu 10%. Após a primeira pausa nas negociações, ele voltou a cair 15% ao final da tarde, fazendo com que a B3 suspendesse novamente os negócios do dia.

Já no dia 6 de outubro de 2008, em meio a tormenta global conhecida como “crise do subprime”, o Ibovespa caiu 10% quando a primeira suspensão foi acionada. O tempo se mostrou insuficiente, contudo. Assim, um segundo circuit breaker foi iniciado cerca de uma hora depois.

Circuir breaker foi acionado em 2017 pela última vez

A última vez que o sistema que suspende o pregão por 30 minutos havia sido acionado foi em 18 de maio de 2017, no dia seguinte do chamado “Joesley Day“.

O “Joesley Day” ocorreu após a divulgação de que um dos principais acionistas da multinacional JBS, Joesley Batista, tinha gravado o então presidente Michel Temer. Joesley teria sido recebido no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente da República, fora da agenda oficial e no meio da noite.

Durante a gravação o presidente teria pedido a ele a manutenção de um esquema de pagamentos de propina envolvendo outros políticos, entre os quais, o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha.

Naquele dia, em meio a rumores de uma possível renúncia do então presidente, o mercado abriu em queda e chegou aos -10%, acionando o dispositivo.

Já nesta segunda-feira, o Ibovespa abriu em forte queda de 9,53%, aos 88.656 pontos, por causa das consequências econômicas da epidemia de coronavírus (covid-19) na Europa e na Ásia, e com a disputa sobre os preços do petróleo entre Arábia Saudita e Rússia.

Na semana passada o Ibovespa tinha registrado também uma forte desvalorização, caindo para cerca de 97 mil pontos. A marca de 100 mil pontos tinha sido alcançada pela primeira vez em meados de 2019.

Vinicius Pereira

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