Cinco empresas já cancelaram IPO em 2022; veja quanto as ofertas iriam movimentar
O ano mal começou, mas cinco empresas já desistiram de fazer oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) para entrar na bolsa de valores em 2022. Essas desistências já somam R$ 7 bilhões em movimentações canceladas.
As operações de IPO canceladas em 2022 até agora são das seguintes companhias:
- Ammo Varejo
- Dori Alimentos
- Environmental ESG Participações
- Monte Rodovias
- Vero Internet
A Ammo Varejo, dona da MMartan, tinha planos de captar ao menos R$ 700 milhões e em julho de 2021 havia pedido o registro da operação na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Mas, desde meados de agosto, o mercado se fechou para novas ofertas de ações. A Ammo faria uma oferta primária para captar recursos, e uma secundária, com venda de ações dos sócios. A companhia é controlada pela mineira Coteminas, empresa fundada pelo ex-vice-presidente José Alencar.
A Dori, fabricante de doces, balas e snacks, já havia pedido em outubro a suspensão de sua abertura inicial, mas agora resolveu desistir da operação, que poderia girar R$ 1 bilhão.
Controlada pela Ambipar (AMBP3), companhia de gestão de resíduos, a Environmental ESG Participações também havia pedido em outubro a suspensão de seu IPO, em meio à piora generalizada do mercado local. Neste começo de ano, desistiu da operação, segundo a CVM. Seria uma das maiores ofertas do segundo semestre de 2021, com captação podendo bater em R$ 3 bilhões.
Já a Monte Rodovias, empresa da Monte Equity Partners, que opera concessões no Nordeste, planejava desde meados do ano passado um IPO apenas com oferta primária, com recursos destinados a pagamento de dívidas, reforço do caixa e aquisições de outras companhias.
A Vero Internet, provedora de internet controlada pela gestora de private equity Vinci Partners, justificou, em comunicado enviado à CVM, que a decisão foi feita “tendo em vista as alterações das condições atuais dos mercados de capitais brasileiro e internacional”.
Nos bancos de investimento, a expectativa é de que uma janela para captações na Bolsa se abra nesta primeira metade de 2022, ao menos até junho, permitindo que algumas operações saiam.
Mas a visão é de que o investidor vai ficar ainda mais seletivo, por causa dos juros subindo a dois dígitos no Brasil e da crescente aposta de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) vá começar a elevar os juros nos Estados Unidos já em março.
2021 foi o segundo maior ano para IPOs no Brasil
O avanço da vacinação contra a Covid-19, a retomada da economia e a melhora do cenário global ajudaram o ano de 2021 a alcançar um recorde para ofertas iniciais de ações no Brasil em valor, superando o ano de 2007, que continua detendo o recorde para número de transações, segundo um relatório da XP.
Em relatório assinado por Fernando Ferreira, Jennie Li e Rebecca Nossig, a XP aponta que esses fatores atraíram investidores nacionais e estrangeiros para a Bolsa de Valores brasileira e para IPOs. No ano passado, 46 companhias tiveram suas ações listadas na B3 e, juntas, movimentaram mais de R$ 65,6 bilhões.
Além disso, em 2021 o número de investidores pessoas físicas na Bolsa cresceu 26% na comparação ano a ano, para mais de 4 milhões.
“Tudo isso tornou o mercado acionário mais atraente para empresários, fazendo com que 2021 se consolidasse como o segundo ano com maior número de IPOs no país”, enfatiza o relatório.