O UBS-BB reiterou recomendação de compra para os papéis da Cielo (CIEL3), com preço-alvo de R$ 6, após o Banco do Brasil (BBAS3) e o Bradesco (BBDC4) decidirem fazer uma oferta pública de aquisição de ações (OPA) para tirar a empresa da bolsa.
Segundo o UBS-BB, a operação está alinhada com os principais concorrentes da Cielo, como a Rede com o Itaú (ITUB4) e a Getnet com o Santander (SANB11), e poderia intensificar a concorrência entre as empresas de pagamento.
“Para o Bradesco, a aquisição da Cielo, além de mais flexibilidade (oferta de produtos integrados aos seus clientes), faz com que o banco também pode ser mais agressivo na antecipação de recebíveis para pequenos comerciantes”, explicam os analistas.
No entanto, a equipe do UBS-BB observa que a integração pode levar algum tempo, uma vez que Rede/Itaú levou vários anos para começar a apresentar resultados consistentes.
Além disso, a Oferta Pública ainda estará sujeita a alguns requisitos legais e regulatórios e precisará ser aprovada por pelo menos 1/3 dos acionistas em circulação.
De acordo com o UBS-BB, projetando um valor patrimonial de R$ 12,7 bilhões para a Cateno (ou R$ 8,9 bilhões considerando a participação da Cielo de 70%) e considerando a oferta a R$ 5,35, os negócios adquiridos seriam avaliados em R$ 5,7 bilhões, ou um PE (Preço/Lucro) implícito de 6x em ambos os anos de 2024 e 2025, em comparação com 13x para Stone e 11x para PAGS no mesmo período.
Analistas veem como positiva OPA do BB e Bradesco
Para a XP Investimentos, a transação é positiva, alinhada aos movimentos recentes de Itaú (ITUB4) e Santander (SANB11), que integraram ainda mais a Rede e a Getnet.
“Outros pontos positivos incluem a possível flexibilidade na tomada de decisão sem acionistas minoritários, a redução do nível de disclosure com a deslistagem e consequente acesso pelos concorrentes”, aponta a XP.
Segundo a Research, o desenho da OPA que não transforma a Cielo em uma estatal e a redução da necessidade de lucro como companhia fechada possibilitam a oferta de produtos integrados para alavancar o business de crédito em diferentes frentes.
Caso a oferta seja concretizada, o BB ficaria com 49,99% do capital da Cielo e o Bradesco com o restante (50,01%). Atualmente, o Banco do Brasil conta com uma participação de 28,65% na Cielo, e o Bradesco, de 30,06%. O free float (ações em circulação) da Cielo fica em 40,57%.
O preço ofertado é de R$ 5,35 por ação, mas será ajustado por proventos, incluindo os Juros sobre Capital Próprio (JCP) de R$ 410 milhões que serão pagos em abril de 2024.
“O baixo potencial em relação ao preço da oferta deve criar discussões sobre o valuation de fechamento de capital, assim como ocorreu quando o Itaú fechou o capital da Redecard (Rede) em 2012. Considerando o preço de fechamento de ontem (5 de fevereiro de 2024) de R$ 5,03 por ação, o preço da oferta de R$ 5,35 daria um upside de apenas 6,36%. Se descontarmos o JCP a ser recebido, o upside cairia para meros 3,4%”, alerta a Genial Investimentos.
Segundo a Genial, do ponto de vista dos negócios, para o BB, Bradesco e Cielo, o fechamento de capital faz sentido. Os analistas avaliam que o cenário de adquirência passou por mudanças significativas e a perspectiva de um negócio consistentemente rentável é baixa. “O Itaú com a Rede e o Santander com a Getnet conseguiram integrar vendas cruzadas de produtos bancários e adquirência de forma mais eficaz do que o Bradesco, Banco do Brasil e Cielo.”
Outra razão para o fechamento de capital é o imbróglio envolvendo a Cateno (receita de intercâmbio de cartão de crédito do Banco do Brasil, vendida para a Cielo em 2014). Sem um grande upside em relação a oferta, a Genial reitera recomendação de manter as ações, ajustando o preço-alvo para R$ 5,2.
Cielo: Bradesco e Banco do Brasil farão oferta de ações
A OPA da Cielo será feita tanto pelos dois bancos (Bradesco e Banco do Brasil) quanto pela EloPar, holding que ambos controlam, podendo adquirir a totalidade das ações não pertencentes aos dois bancos. O preço do pedido de OPA será de R$ 5,35 por ação ordinária da Cielo, valor 6,4% acima do preço de fechamento de segunda-feira (05).
Em relação aos American Depositary Receipts (ADRs) da Cielo negociados nos Estados Unidos, os titulares poderão participar da oferta desde que faça o cancelamento dos ADRs, o resgate dos papéis e a alienação dessas ações no âmbito da OPA, segundo comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O laudo de avalição foi feito pelo Bank of America e a OPA será intermediada pelo Bradesco BBI.
Desempenho anual das ações da Cielo
Cotação CIEL3