A empresa de maquininhas Cielo (CIEL3) divulgou um lucro líquido de R$ 503,1 milhões no primeiro trimestre deste ano (1T24), o maior lucro desde o 1T19. O resultado superou as expectativas do mercado em 10%, mas parte significativa do lucro veio de benefícios fiscais decorrentes do pagamento extraordinário de Juros Sobre Capital Próprio (JCP). Nesta sexta-feira (26), as ações da Cielo (CIEL3) caíram 0,18% no Ibovespa.
“Não fossem os benefícios de JCP, o lucro teria sido substancialmente menor, totalizando apenas R$ 363 milhões, cerca de R$ 140 milhões a menos”, alerta a Genial.
Para a research, o resultado da Cielo não foi bom devido ao baixo crescimento do volume financeiro (TPV), à queda no lucro da Cateno pelas despesas crescentes, provisões, menor penetração de produtos a prazo e contínua perda de clientes.
A aquisição do TPV da Cielo no 1T24 foi de R$ 200 bilhões, uma queda de 0,5% em relação ao ano anterior e 10% em comparação ao trimestre anterior. “Foi ligeiramente pior do que o esperado, mas, por outro lado, os rendimentos foram melhores”, diz o Itaú BBA.
Na mesma linha, o BBA apontou que os volumes e resultados da Cateno foram desanimadores. Os volumes no negócio de cartões cresceram 4% em relação ao ano anterior, para R$ 102 bilhões, em comparação com uma queda de 0,5% no TPV de aquisição.
A receita líquida da Cielo também cresceu para R$ 1 bilhão. No entanto, os custos aumentaram a um ritmo mais rápido de 16% em relação ao ano anterior, refletindo custos mais altos de emissão de cartões. Como resultado, o Ebitda da Cateno diminuiu 8% em relação ao ano anterior e 16% em relação ao trimestre anterior.
“A Cateno reportou um lucro líquido atribuído à Cielo de R$ 176 milhões, em comparação com R$ 220 milhões no trimestre anterior e R$ 197 milhões no mesmo trimestre do ano passado”, afirma o BBA, que recomenda manter ações da Cielo, com preço-alvo de R$ 5,60.
Do lado positivo, a Genial menciona que o lucro da Cielo foi beneficiado por uma melhora relevante no resultado financeiro e melhora sequencial de yield. A Genial tem recomendação neutra para os papéis da Cielo, com preço-alvo de R$ 5,85.
Cielo lucra R$ 503 milhões no balanço do 1T24
A Cielo divulgou um lucro líquido de R$ 503,1 milhões no primeiro trimestre deste ano (1T24), representando um aumento de 4,6% em relação ao trimestre anterior (4T23) e de 14,1% em comparação com o mesmo período do ano passado (1T23).
A melhora significativa do resultado financeiro, as otimizações nos gastos com redução dos custos dos serviços prestados e a maior eficiência tributária impulsionaram o lucro, conforme afirmado pela própria Cielo no balanço do 1T24 divulgado ao mercado. No entanto, esse resultado foi parcialmente compensado pela redução na volumetria e pelos maiores gastos com o programa de transformação, explicou a empresa.
A receita operacional líquida totalizou R$ 2,563 bilhões, registrando uma queda de 7,5% em relação ao trimestre anterior e de 0,3% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Enquanto na Cielo Brasil houve uma diminuição anual de 3,4%, na Cateno houve um aumento de 4,8%.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) recorrente da Cielo totalizou R$ 746,7 milhões, o que representa uma redução de 24,9% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Esse declínio está principalmente associado aos gastos relacionados ao avanço do programa de transformação da empresa e à expansão da força comercial. Por outro lado, a margem Ebitda ajustada da Cielo atingiu 29,1% no primeiro trimestre de 2024, mostrando uma queda anual de 9,6 pontos percentuais.
Um aspecto positivo no balanço foi o resultado financeiro da Cielo, que atingiu R$ 37,5 milhões no primeiro trimestre de 2024, revertendo as perdas financeiras de R$ 70,6 milhões registradas no mesmo período do ano anterior.
O volume de pagamentos processados (TPV) pela Cielo Brasil no primeiro trimestre atingiu R$ 200,029 bilhões, indicando uma queda de 9,8% em relação ao trimestre anterior e de 0,5% na comparação com o mesmo período do ano passado. No cartão de crédito, o volume caiu 5,8% no trimestre, mas aumentou 4,2% em um ano, enquanto no débito houve quedas de 16,1% e 7,8%, respectivamente.
Cielo decide sair da Bolsa de Valores de São Paulo
A Cielo, que tem mais de 1,1 bilhão de ações em circulação no mercado, planeja desde fevereiro sair da Bolsa de Valores de São Paulo, o Ibovespa.
A intensificação da concorrência no setor é o principal motivo. Antes de 2010, apenas grandes bancos podiam operar sistemas de pagamento por máquinas. No entanto, a abertura do mercado em 2010 levou a uma concorrência que diminuiu significativamente a participação de mercado da Cielo, que chegou a ter mais de 40% do mercado de maquininhas.
Concorrentes como Stone (STOC31) e PagSeguro (PAGS34) conseguiram reduzir pela metade a participação da Cielo. Essas empresas menores e mais ágeis, com capitalização e listagem nos EUA, conseguiram ganhar mercado devido à sua agilidade no desenvolvimento de tecnologia e lançamento de novos produtos.
A saída da Bolsa permitirá que a Cielo fortaleça suas operações, fundindo-as com as dos bancos controladores e, assim, tornar-se mais competitiva na reestruturação, com a possibilidade de fidelizar clientes.
À época, a notícia pegou muitos investidores de surpresa, mas o Goldman Sachs observou que, embora inesperada, a oferta pública da Cielo foi considerada por alguns investidores como uma possibilidade, à luz de outras empresas que também deixaram o mercado recentemente, como a Getnet, do Santander, e a Rede, do Itaú (ITUB4).
Desempenho anual das ações da Cielo
Cotação CIEL3