O Pix, sistema de pagamentos instantâneo desenvolvido pelo Banco Central (BC), não ameaça a Cielo (CIEL3), na análise do presidente-executivo da empresa, Paulo Caffareli. Em sua visão, o novo sistema irá trazer “uma grande oportunidade” para trabalharem com os desbancarizados.
Com a possibilidade de pagamentos serem realizados sem a necessidade de um cartão de crédito ou débito, o mercado teme que empresas de maquininhas poderiam ser prejudicadas. No entanto, a Cielo tem um olhar positivo quanto a entrada do Pix.
“O Pix vai nos trazer uma grande oportunidade para trabalharmos com aqueles brasileiros, que passam de 60 milhões, que não possuem conta bancária. O Pix tem um papel muito importante para essa inclusão financeira e a vinda de pessoal para o consumo”, disse Caffareli durante a teleconferência de resultados da Cielo.
O presidente reconhece que algumas transações que acontecem por meio do mercado de adquirência, empresas de intermediação de pagamentos realizados com cartões, podem migrar para o novo sistem. No entanto, considera ser “natural que isso aconteça”.
Entretanto, o executivo analisa que é necessário olhar para Pix com base no exemplo da Índia. Segundo ele, os indianos lançaram um sistema semelhante, e todos acharam que iria abocanhar todas as transações tradicionais. No entanto, a nova tecnologia manteve as transações tradicionais e trouxe novos entrantes para esse processo.
O pagamento instantâneo funciona na Índia desde 2010. Em 2016, o país lançou a Interface Unificada de Pagamentos (UPI), que permite uso de QR Codes e cadastro de telefone como formas de pagamentos. Esse é o modelo que mais se assemelha com o que será implementado no Brasil. Em 2019, o uso de pagamento instantâneo cresceu 149%, em comparação com o ano anterior.
“Lá na Índia ocorreu um crescimento na base de usuários do sistema financeiro, uma pequena redução nas transações tradicionais e um aumento incrível nas transações novas propiciadas pelo UPI”, comentou Caffareli.
Segundo o presidente da Cielo, a entrada do Pix proporcionará também entrada significativa da população que não tem conta em banco, e isso poderá resultar em um crescimento médio no mercado de cartões de débito e crédito.
Com os dados apresentados por Caffareli, há uma projeção da própria Cielo de que a porcentagem atual de famílias que consome com o cartão será aumentada.
“Aqui no Brasil observamos o crescimento ano a ano em termos de cartão. Somente em 2019 crescemos 18%, quando adicionamos o consumo das famílias. Hoje, menos de 40% consome por meio de cartão, e se projetássemos para um aumento de 60%, olha o volume de clientes que teríamos à disposição no mercado de pagamentos”, concluiu o executivo.
Cielo estima que BC irá autorizar o pagamento por WhatsApp em novembro
A Cielo espera que o Banco Central autorize o uso do WhatsApp para pagamentos em novembro.
“A expectativa que a gente tem ouvido de partes envolvidas no assunto é de que a autorização do regulador sairá em novembro”, disse Caffareli.
Em junho deste ano, o aplicativo de mensagens, braço do Facebook, anunciou uma parceria com o Banco do Brasil, Cielo e as bandeiras de carões Visa e Mastercad para pagamentos. Porém, o BC suspendeu essa operação autorizando, desde final de julho, apenas testes.
Os papéis da Cielo (CIEL3) operavam em queda de6,99%, por volta das 14h30 desta quarta-feira (28), e eram negociados a R$ 3,50 na Bolsa de Valores de São Paulo (B3). Já o Ibovespa registrava baixa de 3,82%, totalizando 95.805,00 mil pontos