O Santander projeta que a Cielo (CIEL3) expandirá o lucro líquido no segundo trimestre deste ano, mesmo com queda no volume total de pagamentos (TPV). A partir disso, em relatório, o banco mantém sua recomendação outperform, equivalente a compra, para as ações, com preço-alvo de R$ 7,50.
De acordo com a equipe do Santander, a Cielo deve apresentar um lucro líquido ajustado de R$ 496 milhões no 2T23, o que representa um aumento de 12% em relação ao trimestre anterior e de 29% ante mesmo período em 2022.
Um dos pontos negativos esperado no trimestre é a contração do TPV ([volume de pagamentos processados]) da Cielo, estimada em 9% em relação ao ano anterior. Porém, é esperado que a queda seja compensada por um rendimento de receita mais forte e maior entrada no segmento de pré-pagamento.
“Apesar da perspectiva negativa do TPV para 2023, continuamos confiantes de que o lucro líquido recorrente da Cielo seja de cerca de R$ 2 bilhões neste ano”, afirma o Santander.
Além disso, segundo o banco, é provável que a empresa reconheça cerca de R$ 400 milhões em receitas não recorrentes neste trimestre, devido a uma reversão de provisão de imposto sobre serviços (ISS), o que provavelmente pode aumentar o pagamento de dividendos da Cielo.
Cielo: ambiente do varejo brasileiro contribui para queda de TPV, avalia Santander
A queda de 9%, em relação ao ano anterior, do volume de transações de pagamento da Cielo pode ser atribuída ao ambiente de varejo defasado no Brasil.
A inflação está mais baixa e há perda de espaço no mercado para concorrentes. Segundo o Santander, existe a possibilidade de a Cielo perder sua posição de liderança no mercado de serviços financeiros.
A Rede e Getnet vêm ganhando participação de mercado desde 2022
Em relatório no mês passado, analistas do BTG Pactual também enfatizaram os riscos para Cielo na perda de espaço no mercado. “Como a Rede tem potencial para se tornar líder de mercado, teme-se que a Cielo responda de forma mais agressiva, causando nervosismo no mercado de pagamentos à medida que nos aproximamos do início de um ciclo de flexibilização em meio a um cenário de TPV mais fraco. Isso pode atrapalhar um ambiente de aquisição competitivo que tem estado estável nos últimos 12 a 18 meses devido a reprecificação consistente.”
Receita puxada por operações de pré-pagamento
Os analistas do Santander preveem que as receitas aumentaram 5% no trimestre, devido a um maior rendimento de receita. “Isso foi impulsionado pelo limite de intercâmbio do regulador em cartões pré-pagos (afetando negativamente os emissores de cartões, mas sendo positivo para os adquirentes).”
Além disso, é esperado um crescimento de 50% na receita de pré-pagamento ante mesmo período no ano anterior, embora haja uma diminuição de 4% em relação ao último trimestre.
Lucro da Cielo no 1T23 subiu 138,8% e chegou a R$ 440,8 mi
A Cielo , líder no setor de adquirência no Brasil, encerrou o primeiro trimestre deste ano com lucro líquido recorrente de R$ 440,8 milhões, alta de 138,8% na comparação com o mesmo período do ano passado. Em relação ao quarto trimestre de 2022, o resultado caiu 10,1%.
O lucro recorrente da Cielo exclui custos da dívida da aquisição da Cateno e da MerchantE, esta última vendida pela companhia no ano passado. Se considerados esses custos, o resultado foi de R$ 323,8 milhões, alta de 111,4% em um ano.
O Ebitda da Cielo (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recorrente chegou a R$ 994,9 milhões, alta de 39,8% em 12 meses, mas houve queda de 9% em três meses. A margem Ebitda da companhia subiu 12,9 pontos porcentuais em um ano, para 38,7%.
A empresa controlada por Bradesco (BBDC4) e Banco do Brasil informou ainda que a receita líquida foi de R$ 2,569 bilhões no primeiro trimestre deste ano, o que representa queda de 7% na comparação anual. A queda veio com a venda de subsidiárias, que reduziram a base de receita – se consideradas apenas Cielo e Cateno, houve crescimento de 17,2%.
Cotação
Hoje, as ações da Cielo registraram alta de 5,19%, cotadas em R$ 4,66.
Cotação CIEL3
