O Itaú BBA divulgou suas projeções para os papéis de empresas do setor financeiro, enquanto se aproxima a temporada da divulgação de balanços do 2T22 das empresas brasileiras. O destaque positivo foi a Cielo (CIEL3), que teve recomendação elevada e indicação de compra, enquanto a B3 (B3SA3) ficou com recomendação reduzida.
Em relatório divulgado nesta quinta-feira (14), a instituição também elegeu seus favoritos entre as seguradoras, small caps e capital markets.
BB desponta entre bancões e digitais
Os analistas Pedro Leduc, William Barranjard e Mateus Raffaelli ressaltam que, para os bancos, o principal tema continua a ser a queda na qualidade do oferecimento de crédito e crescimento da inadimplência.
Dentro deste grupo, o Banco do Brasil (BBSA3) chama atenção por ter portfólio menos cíclico e tendências para NII (margem financeira líquida) mais forte. Segundo o Itaú BBA, o crescimento do lucro líquido no A/A deve ser de 33%.
O mesmo relatório ressalta a alta concentração de crédito no varejo e custos de captação como obstáculos para o investimento em bancos digitais, como o Nubank (NUBR33) e o Banco Pan (BPAN4).
O Itaú BBA espera uma perda de cerca de R$ 430 milhões para o roxinho e uma inadimplência subindo 30 bps para o Pan.
Para o Bradesco (BBDC4), os analistas preveem algum alívio se os créditos não produtivos (NPL) do varejo desacelerarem o suficiente para compensar a provável pressão sobre PME. É esperado que o banco reporte resultados “estáveis”.
Já o Santander (SANB11) se tornou a principal recomendação para se evitar entre os bancos com coberturas mais baixas, com expectativas de queda de 13% de ganhos A/A em provisões mais altas.
Para o Itaú BBA, Stone (STOC31) e PagSeguro (PAGS34) devem continuar se recuperando, mas com menos fôlego do que nos trimestres anteriores.
Cielo e B3 no radar
Com maiores atenções e investimentos voltados a tecnologia e novos negócios, as estimativas de ganhos por ação (EPS) para a B3 em 2022 e 2023 foram reduzidas, respectivamente, em 8% e 9%.
Já a Cielo desponta entre as expectativas de crescimento nos lucros. O Itaú BBA aumentou suas estimativas de lucro para R$ 300 milhões no 2T22 e R$ 1,1 bilhão no ano fiscal.
“Estamos elevando significativamente nossas estimativas para a Cielo, e atualizando a ação para outperform. Compensamos isso rebaixando o B3 para desempenho de mercado, que provavelmente continuará perdendo rentabilidade com um desempenho soft top-line”, afirma o relatório.
Para também ficar de olho
O Itaú BBA reforçou a sua preferência para o BTG (BPAC11) no ramo dos capital markets.
“É provável que [o BTG] reporte lucros maduros em todas as divisões, negociando a 10x P/E 2022e”, afirmou.
Além disso, os analistas elegeram o Banco ABC (ABCB4) como principal escolha entre as small caps, graças a sua recente expansão de resultados e crédito estável de qualidade.
A instituição também afirmou ver ganhos orgânicos e cíclicos para as seguradoras BB Seguridade (BBSE3) de Caixa Seguridade (CXSE3), que ocupam “o ponto ideal” na cobertura mais ampla do Itaú BBA para a temporada. Respectivamente, o lucro das empresas deve subir 68% e 60% no A/A – projeção acima do consenso do mercado.
Recomendações e preços-alvos
Segundo o BBA, as ações do Banco do Brasil têm desempenho acima da média do mercado (outperform). O preço-alvo é de R$ 23, valorização de 36% (hoje os papéis fecharam em queda de 0,12%, negociados a R$ 32,61.
O Santander ficou com preço-alvo de R$ 29, alta de 5% (hoje encerrou o pregão a R$ 26,89).
O Itaú rebaixou a B3 recomendação de compra para neutra, com preço-alvo para R$ 13. Esse valor ainda embute valorização de 26% ante a cotação desta quinta (de R$ 10,22).
O BTG continua “top pick” para o BBA, ao preço-alvo de R$ 35 (alta de 59% diante do fechamento desta quinta, a R$ 21,12).
O Nubank é diferente: os analistas do BBA veem preço-alvo de US$ 4 (hoje fechou a US$ 3,82). O Pan pode subir 91% – o fechamento desta quinta chegou a R$ 6,18.
PagSeguro tem upside de 73%, para US$ 18,60 (ante os US$ 10,08 de hoje). Stone deve valorizar 26%, com preço-alvo de US$ 11 (frente aos atuais US$ 8,08).
Já a estimativa de preço-alvo para as ações da Cielo é de R$ 5, incremento de 29% (a cotação desta quinta foi R$ 4,3).