Cielo (CIEL3) cai no Ibovespa após ação ser rebaixada por analistas
As ações ordinárias da Cielo (CIEL3) fecharam em queda nesta terça-feira (6), figurando entre as maiores quedas do Ibovespa, após o JP Morgan rebaixar a recomendação para as ações da companhia. Os analistas do banco citaram um maior custo de capital, além de menor crescimento do Volume Total de Pagamentos (TPV, na sigla em inglês) em todo o setor.
No fim do pregão, os papéis da Cielo caíram 2,54%, cotados a R$ 4,60. Na semana, as ações da companhia têm queda de quase 3%.
Cotação CIEL3
Após um forte desempenho, com as ações da Cielo subindo mais de 150% desde as mínimas registradas em 2021, os analistas rebaixaram a recomendação para os papéis de “overweight” — o equivalente a compra — para neutro.
O preço-alvo para as ações da empresa também foi cortado de R$ 8,00 para R$ 6,00: “O JP Morgan atribuiu esse movimento a uma maior custo de capital, refletindo o aumento do risco de concorrência e menor crescimento do TPV em todo o setor”, explicou.
Em 2022, o JP Morgan havia elevado a recomendação para os papéis da companhia para o equivalente a compra por uma combinação de melhor dinâmica de preços e um forte TPV no nível da indústria. No entanto, a instituição americana acredita que ambas as forças “parecem ter perdido força em 2023”.
“Particularmente, esperamos que a desaceleração substancial no crescimento do TPV da indústria continue, o que poderia desencadear reações comerciais mais agressivas por parte das empresas”, disseram.
Além disso, um potencial “destronamento” da Cielo como líder de mercado pela Rede preocupa o JP Morgan: poderia desencadear uma possível reação da empresa e dos bancos controladores, rendimentos mais baixos e custos mais altos.
“Nos custos, vemos menor espaço para ganhos de eficiência. As despesas na Cielo já começaram a superar o TPV no primeiro trimestre de 2023, algo não visto desde 2019″, avaliou a equipe.
Em resumo, o JP Morgan continua enxergando um valor absoluto de longo prazo na Cielo, mas, observando as projeções de cortes da Selic, o banco acredita que a Stone (STOC31) seria a mais preparada para se recuperar.
Cielo está barata e ‘navega em equilíbrio instável’, diz BTG
No fim do mês passado, analistas do BTG Pactual destacaram sua visão otimista com a adquirente, mantendo a recomendação de compra para os papéis, com preço-alvo de R$ 7,60 – ao passo que os ativos são negociados na casa dos R$ 5,20.
Os especialistas se reuniram com executivos da Cielo que relataram um foco na rentabilidade enquanto o volume total de pagamentos (TPV) tem ficado aquém do esperado.
“A Cielo manifestou preocupação com o TPV do setor em 2023. Os executivos acreditam que as perspectivas de crescimento do mercado para este ano se deterioraram consideravelmente, levando-os um crescimento de 10%, bem abaixo dos 14% a 18% de projeção da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs)”, ressaltam os especialistas.
Apesar disso, os resultados da concorrente, como os da Stone, vieram melhor do que o esperado, fornecendo mais otimismo para o nicho da Cielo, em específico.
“A Cielo sinalizou que atividade de varejo continua fraca no acumulado do ano, com volumes decepcionantes nas vendas do Dia das Mães. No entanto, apesar de volumes potencialmente moderados à frente e perda de participação de mercado [market share], a Cielo vê ventos favoráveis que beneficiarão seus resultados, incluindo o incremento de preço mais recente, de março, benefícios do limite de intercâmbio de pré-pago, expansão do negócio de pré-pagamento e melhoria contínua nos resultados da Cateno”, destaca o BTG.
Os especialistas destacam que a Cielo “navega em um ‘equilíbrio instável'” e está em um patamar de preço atrativo, dados os múltiplos atuais. Além disso, a casa ainda destaca que o mercado tem uma visão relativamente distorcida do modelo de negócio da empresa.
“Investidores ainda enxergam a empresa como uma empresa puramente adquirente, quando mais de 50% do seu valor vem da Cateno, que é quase um negócio independente com margens maiores, alavancagem operacional mais saudável e menos pressões competitivas”, concluem os especialistas.
As projeções da casa são de que a Cielo tenha, no ano de 2023, um lucro líquido de R$ 2,3 bilhões, um Ebitda de R$ 6 bilhões e R$ 13,3 bilhões em geração de receita.
Cielo: lucro no 1T23 sobe 138,8% e chega a R$ 440,8 mi
A Cielo (CIEL3), líder no setor de adquirência no Brasil, encerrou o primeiro trimestre deste ano com lucro líquido recorrente de R$ 440,8 milhões, alta de 138,8% na comparação com o mesmo período do ano passado. Em relação ao quarto trimestre de 2022, o resultado caiu 10,1%, de acordo com balanço divulgado nesta quinta-feira, 27.
O lucro recorrente da Cielo exclui custos da dívida da aquisição da Cateno e da MerchantE, esta última vendida pela companhia no ano passado. Se considerados esses custos, o resultado foi de R$ 323,8 milhões, alta de 111,4% em um ano.
De acordo com a Cielo, o crescimento veio dos fundamentos operacionais, que melhoraram no último ano tanto na Cielo Brasil, que reúne as atividades de credenciamento, quanto na Cateno, empresa que gere os cartões Ourocard, do Banco do Brasil (BBAS3), e da qual a Cielo é sócia majoritária.
O Ebitda da Cielo (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recorrente chegou a R$ 994,9 milhões, alta de 39,8% em 12 meses, mas houve queda de 9% em três meses. A margem Ebitda da companhia subiu 12,9 pontos porcentuais em um ano, para 38,7%.
A empresa controlada por Bradesco (BBDC4) e Banco do Brasil informou ainda que a receita líquida foi de R$ 2,569 bilhões no primeiro trimestre deste ano, o que representa queda de 7% na comparação anual. A queda veio com a venda de subsidiárias, que reduziram a base de receita – se consideradas apenas Cielo e Cateno, houve crescimento de 17,2%.
Nos três primeiros meses de 2023, as maquininhas e sistemas da Cielo Brasil capturaram R$ 201,032 bilhões em transações, volume 1,4% superior ao de um ano antes. Em relação ao quarto trimestre do ano passado, houve baixa de 13,1%, segundo a companhia. O último trimestre de cada ano costuma ser mais forte para o setor, graças às compras de fim de ano no comércio brasileiro.
Do volume capturado pela Cielo, R$ 122,137 bilhões foram em transações com cartões de crédito, e R$ 78,895 bilhões, com cartões de débito. O crédito, mais rentável para a companhia, representou 60,8% do total, avanço de 1,1 ponto porcentual no espaço de um ano.