Após reportar seu resultado financeiro na terça-feira (3), a Cielo (CIEL3) vê opiniões de analistas divergindo e ações em mais de 1,17% de queda.
Apesar de o resultado da Cielo mostrar uma alta de 35,9% quando comparado ao lucro recorrente do 1T21, de R$ 135,8 milhões, a companhia teve sazonalidades que influenciaram e ‘maquiaram’ o resultado operacional da companhia.
“No 1T22 tivemos itens não recorrentes como venda de subsidiárias, o que elevou o lucro da companhia”, observa Alexandre Masuda, sócio da SFA Investimentos.
Apesar disso, especialistas ainda veem uma recuperação positiva com o aumento do consumo e a melhora nas emissões de cartão de crédito.
“Em relação ao 1T21, tivemos quase 29% de crescimento. Vimos uma recuperação no cartão de crédito, que subiu 33%”, afirma Masuda.
“Nesse segmento, a companhia não sofre com guerra de preço. Na emissão de cartões, a guerra de preço não acontece. A empresa foi beneficiada pelo volume, com a volta do consumo. Como resultado, a companhia teve uma evolução boa em relação ao 1T21. A Cateno contribuiu muito, com R$ 140 milhões de lucro”, acrescenta.
Os analistas Pedro Leduc, Mateus Raffaelli e William Barranjard, do Itaú BBA, destacam que a Cielo divulgou resultados mistos no 1T22. A recomendação segue neutra, com preço-alvo de R$ 5,20 por ação.
“Os resultados de adquirência foram ‘suaves’, mas confirmaram que a piora em termos de rentabilidade já passou, indicando um bom 2T22 à frente. Isso tem uma leitura importante para outros players como o PagSeguro (classificação OP). Cateno registrou receitas saudáveis e margens adicionadas. O lucro líquido majoritário ficou em R$ 185 milhões, um pouco acima do consenso, vendo as ações sendo negociadas a 10x Preço/Lucro”, diz a casa, em relatório.
“A base de clientes ainda está diminuindo, com o segmento de cauda longa como o principal detrator. O rendimento do trimestre atingiu 0,67%, o que parece ser um aumento versus 0,66% no 4T21, mesmo tendo iniciado a reprecificação no Receba Rápido”, acrescenta.
Os analistas já esperavam que o resultado financeiro fosse pressionado pelo aumento na taxa Selic, mas veem que o número foi parcialmente compensado pelos resultados do ARV.
“Cateno continuou apresentando um sólido crescimento de receita, impulsionado principalmente pela expansão do TPV, que atingiu R$ 91 bilhões neste trimestre, um aumento de 22% em relação ao volume de R$ 74 bilhões do ano passado. Também são visíveis menores despesas operacionais devido ao andamento de ações eficientes em perdas por fraudes e melhor o comportamento no reconhecimento do reembolso de despesas contribuiu para um melhor resultado”, diz o BBA.
Veja mais números sobre o balanço da Cielo
Conforme citado pelos analistas, ao desconsiderar o resultado recorrente, o lucro líquido teria caído 23,5% em relação ao 1T21 e 45,2% ante o 4T21. A companhia afirma que a queda se dá pela influência de efeitos extraordinários sobre o resultado de janeiro a março do ano anterior.
O lucro recorrente da Cielo foi positivo pelos seguintes efeitos:
- A venda da coligada Orizon;
- cessão e atualização monetária da plataforma Elo; e
- reversão das provisões legadas do projeto New Elo.
No total, há diferença de R$ 105,5 milhões para o lucro consolidado.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da Cielo foi de R$ 711,5 milhões no 1T22, um avanço de 16% sobre o mesmo período de 2021, ou de 52,1% em bases recorrentes.
Já sobre o quarto trimestre do ano passado, o Ebitda da Cielo caiu 9,9%, explicada pela sazonalidade do setor de varejo.
A margem Ebitda da companhia foi de 25,8%, alta de 3,2 pontos porcentuais em um ano e de 0,6 ponto porcentual em um trimestre. A margem líquida da empresa foi de 9%, desempenho 0,7 p.p. inferior ao mesmo intervalo de 2021.
A despesa financeira da Cielo foi de R$ 83,2 milhões no período, revertendo a receita financeira líquida de R$ 34,8 milhões observada um ano antes. A adquirente atribui a reversão ao efeito do aumento da Selic sobre suas despesas financeiras.
Já sobre os gastos totais consolidados, a Cielo afirma que eles seguem sob controle, com uma queda de 3,4% frente ao 1T21. Com efeitos extraordinários isolados, que reduziram a base de gastos do 1T21, a queda teria sido de 8,9%, refletindo:
- Queda nominal nos gastos normalizados da Cielo Brasil, a despeito da inflação do período, da pressão sobre os gastos da forte expansão de volumes, e dos investimentos no processo de transformação;
- Despesas sob controle na Cateno;
- Queda em outras controladas, em razão da alienação da Multidisplay/M4U.
Entre janeiro e março, os sistemas da Cielo capturaram R$ 198,3 bilhões em transações, incremento de 23,9% em relação ao mesmo período do ano passado. Os cartões de crédito, que são mais lucrativos, representaram 59,7% do total.