Cielo cai 9% na Bolsa após novo capítulo da guerra das maquininhas

A Cielo (CIEL3) está operando em forte queda na Bosa de Valores de São Paulo (B3) nesta quinta-feira (18). A ações da empresa de pagamento eletrônico sofrem por causa do anuncio da concorrente Rede, que zerará as taxas de antecipação de recebíveis.

A Rede, rival direta da Cielo, anunciou nesta quinta que mudará de forma significativa seus preços e datas de liquidação para compras à vista no cartão de crédito. A empresa, de propriedade do banco Itaú, não cobrará nenhuma taxa em adiantamentos a clientes com volumes anuais abaixo de R$30 milhões e com domicílio bancário no próprio banco. Eles receberão o valor em 2 dias. Isso aumenta a competição no setor das maquininhas.

As transações à vista representam de 30 a 40% do volume total de crédito trabalhado pela Cielo. Por isso, a empresa poderia ter seu lucro líquido de 2019 reduzido entre 10 e 20%.

Saiba mais: Com queda de 30,6%, Cielo tem lucro líquido de R$ 724,11 mi em 2018 

Por sua vez, outra concorrente, a Stone, deve ser também impactada. Isso porque a empresa atua principalmente no mercado de PMEs, tendo seu balanço mais exposto as operações de pré-pagamento.

Essa estratégia agressiva da Rede é possível graças a margem de manobra dos bancos, como o Itaú (ITUB4), em renunciar a suas receitas nesse segmento. O objetivo é atrair clientes PMEs para sua base. A Cielo , controlada pelo Bradesco (BBDC4) e Banco do Brasil (BBAS3), tem espaço para reagir. Outras concorrentes, muito menos.

Stone, Linx e PagSeguro despencam

A Cielo não é a única afetada pelo anúncio da Rede. A Stone e a PagSeguro viram suas ações despencaram na bolsa de valores em Nasdaq. As ações da Linx, que recentemente lançou a Linx Pay, também despencaram 14,44%, a R$ 30,24. Os papéis da Stone caíram 24,2%. Já a PagSeguro teve um recuo de 11,5%.

Segundo o Morgan Stanley, a Stone é uma concorrente direta da Rede e as duas disputam o mesmo “pedaço” de mercado.

Lucro 30,6% inferior ao ano passado

A Cielo está enfrentando há anos uma redução de seus lucros. A empresa de pagamento eletrônico anunciou um lucro líquido de R$ 724,1 milhões no último semestre de 2018. O montante foi 30,6% inferior ao do ano ano anterior, quando tinha sido de R$ 1,043 bilhão.

No acumulado de 2018, a empresa obteve uma receita de R$ 3,286 bilhões equivalente a um baixa de 19% em relação ao ano anterior, onde somou R$ 4,056 bilhões.

Saiba mais: Bradesco não vai fechar capital da Cielo, afirma presidente do banco 

Essa é a primeira vez que a empresa aponta queda em seu lucro anual, desde 2009, quando abriu capital na bolsa.

Conforme o relatório que acompanha as demonstrações financeiras, a companhia afirma que o ano de 2018 foi “repleto de desafios e com mudanças relevantes dentro e fora” da organização.

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A empresa está sob novo comando desde novembro, quando Paulo Caffarelli, ex-Banco do Brasil, ocupou a vaga de Eduardo Gouveia.

De acordo com a Cielo, durante o ano passado o mercado de meios de pagamento foi muito competitivo, por conta do processo de abertura do segmento e também de novas regulamentações.

No entanto, a companhia diz que vai buscar novos segmentos do setor para se reafirmar na liderança.

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Bons sinais

De acordo com a empresa, a venda de 483 mil maquininhas da Stelo, em seu primeiro ano de operação, já apontam os primeiros sinais positivos dessas iniciativas. A Stelo opera como subsidiária integral da Cielo.

No entanto, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortizações e depreciações) da companhia foi de R$ 1,092 bilhão no último semestre de 2018. Desta forma, o montante registra uma queda de 20,8% quando comparado a 2017, quando somou R$ 1,378 bilhão.

No acumulado do ano, o Ebitda foi de R$ 4,635 bilhões, recuo de 12,2% em relação a 2017, quando foi obtido R$5,278 bilhões.

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No terceiro trimestre de de 2018, a receita líquida foi de R$ 3,012 bilhões. No entanto houve baixa de 0,8% comparado ao ano anterior, quando foi adquirido R$ 3,037 bilhões.

No acumulado de 2018, a Cielo anunciou um capital de R$ 11,686 bilhões, 0,7% superior a 2017, quando anunciou um montante de R$ 11,600 bilhões.

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Carlo Cauti

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