Com o crescimento dos ataques hacker, os investimentos para evitar problemas dessa natureza devem aumentar no futuro. Segundo pesquisa da PwC digital, 83% das pessoas que comandam empresas no Brasil irão aumentar seus gastos com cibersegurança em 2022 – número acima da média mundial, com 69% dos empresários.
Na mesma pesquisa, no ano passado, 55% dos empresários brasileiros afirmavam que iriam aumentar os gastos com cibersegurança, ante 57% no mundo todo.
Os problemas com hackers têm chegado às grandes empresas nos últimos meses, como o exemplo recente da CVC (CVCB3), que teve site inoperante nos primeiros dias de outubro após um ataque.
A pesquisa da PwC frisa que este ano de 2021 deve figurar como o pior ano na história da cibersegurança. Além do volume de ataques, os criminosos têm se mostrado cada vez mais sofisticados, ocasionando diversos problemas às empresas.
Uma das “modalidades” recorrentes é o Ransomware, que consiste em um ataque em que os criminosos pedem resgate em dinheiro às empresas depois de sequestrarem dados dos clientes. Segundo a ISH Tecnologia, 13 mil empresas brasileiras sofrem com algum tipo de ataque hacker todo mês, e esse modo é predominante.
“O ransomware virou uma indústria que vai gerar mais de US$ 20 bilhões de receita neste ano. Esse tipo de sequestro cresce, em média, 100% ao ano”, afirma Marco DeMello, presidente da startup de cibersegurança PSafe.
Os investimentos no setor devem vir em forma de treinamento de pessoal e também na contratação de profissionais qualificados e voltados para essa demanda.
Nesse sentido, os funcionários deverão atuar em duas frentes: na tecnologia em si, na proteção dos ataques; e na gestão e melhora do modelo de governança, como uma maneira estrutural de combater o problema.
Cibersegurança já movimenta bilhões no mercado
Em movimento recente que demonstra a alta dos investimentos no setor, a gestora Pátria Investimentos comprou duas empresas do setor – a Neosecure e Proteus.
No total, a gestora informou que tem um orçamento de R$ 1,35 bilhão para investimentos no setor de cibersegurança, sendo que o valor já inclui ambas as aquisições.
O plano da gestora é comprar mais empresas do setor para criar uma plataforma anti-hacker que irá à bolsa de valores no Brasil ou nos Estados Unidos. Segundo o Valor Econômico, a oferta de ações (IPO) deve ocorrer a partir do segundo semestre de 2022.
As compras anunciadas, segundo a gestora de recursos, criam “a maior plataforma especializada em soluções de segurança da informação da América Latina, que movimenta US$ 7,2 bilhões (R$ 39,02 bilhões) ao ano na região”.
Ciberataques dobram em 2021 no Brasil
Em pesquisa da Fortinet, foi constatado que no primeiro semestre de 2021 o número de ciberataques ficou em alta no Brasil e no mundo, com 16,2 bilhões de tentativas ao longo do período.
Em fevereiro, a mesma pesquisa da Fortinet direcionada para os dados de 2020 constatou um número de 8,4 milhões de ciberataques ao longo de 2020 no Brasil. Ou seja, só no primeiro semestre deste ano, o número praticamente dobrou.
A América Latina segue a mesma tendência, com registrou 91 bilhões de tentativas de ataques na primeira metade do ano, contra 41 bilhões durante 2020.
O relatório também mostra um recorte global das ameaças que mais cresceram no primeiro semestre, com destaque para os ataques de ransomware, sendo que somente em junho de 2021 a atividade semanal de ataques com esse tipo de vírus foi dez vezes maior do que os níveis de um ano atrás.
Se de um lado as empresas estão mais preocupadas e devem ampliar seus investimentos para evitar ataques hackers aos sistemas que garantem o funcionamento de suas atividades, o mercado de segurança cibernética caminha para crescer na mesma proporção.
O estudo da Roland Berger mostra que a indústria de cibersegurança, que faturou US$ 170 bilhões no ano passado, vai dar um salto. A projeção da consultoria alemã é de que esse mercado alcance US$ 250 bilhões em 2025 e atinja US$ 360 bilhões em 2030.