Baixo volume de chuva gera aumento no preço de energia
As expectativas abaixo do esperado, com volumes baixos de chuva na região das usinas hidrelétricas do país, geraram aumento de preço no mercado livre de energia elétrica nos últimos dias, segundo especialistas disseram à Reuters.
Ainda de acordo com os especialistas, os reservatórios obtiveram bons resultados em dezembro, que iniciaram o recuo a partir da metade do mês. O baixo volume de chuva que causou o aumento de preços da energia elétrica continua neste início de janeiro.
O mercado livre, que abastece grandes consumidores, como as indústrias, faz contratos de suprimento diretamente com os fornecedores. Tal mercado é influenciado pela hidrologia, visto que a maior parte da energia do Brasil provém das hidrelétricas.
Consequentemente, a persistência da carência de chuva pode alavancar ainda mais os custos no mercado livre.
Há também a chance de implantação de sobretaxas para os consumidores residenciais, via bandeiras tarifárias na conta de luz.
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No entanto, os riscos de suprimento estão sendo descartados por ora.
“A gente acha que acendeu um sinal amarelo, mas do ponto de vista de preço, não de suprimento, que está bem tranquilo. Vimos uma escalada de preços forte agora… um contrato para o primeiro trimestre, que (em meados dezembro) era negociado abaixo de 100 reais (por megawatt-hora), hoje está perto de 180 reais”, comentou o diretor da comercializadora de energia True, Gustavo Arfux.
“Dezembro não foi bom como se esperava, havia uma expectativa muito positiva. Janeiro também não está bom… mas ainda pode mudar esse quadro, ainda não está condenado o ‘período úmido”, completou Arfux.
Por período úmido, o diretor refere-se ao período entre novembro e março, quando as usinas hídricas recebem mais água no País.
“O que chove nesse período impacta o ano todo… em cada mês desses chove o triplo do que chove em um mês como agosto ou setembro, e nosso sistema é muito hidrelétrico”, explicou o diretor da comercializadora FDR Energia, Erick Azevedo.
Reversão do cenário
Azevedo alegou que ainda podem ocorrer variações positivas nas expectativas de chuvas para janeiro e fevereiro. Segundo o diretor, um fator que poderia auxiliar é a ocorrência de um El Niño moderado, que favoreceria chuvas na região Sul.
Na visão do CEO da consultoria Pontoon-E, Marcos Severine, há chances de melhoria nas precipitações do final de janeiro. Todavia, o retorno da recuperação do salto dos preços nos últimos dias é difícil para Severine.
“Para voltar ao patamar anterior, teria que chover acima da média… mas se fevereiro chegar muito ruim, aí o mercado faz apostas mais pesadas”, disse o CEO à Reuters.
Os preços spot da energia, de curto prazo, também sofreram as consequências das baixas nas chuvas, de acordo com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). A CCEE calcula essas cotações, que são conhecidas no mercado como Preço de Liquidação das Diferenças (PLD).
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“Uma expectativa menos otimista do cenário hidrológico impactou diretamente no PLD médio projetado para 2019, saindo dos 89 reais por MWh projetados anteriormente para 142/MWh no submercado Sudeste/Centro-Oeste”, disse a CCEE em nota na quinta-feira (03).
A previsão do volume de chuva do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), para dezembro, era de 121% da média histórica do mês nas hidrelétricas do Sudeste, região que concentra os maiores reservatórios.
O que foi verificado de fato foi um volume de 94%.
Para janeiro, o cálculo do ONS prevê 82% da média para o mês.
Somado à incerteza sobre as chuvas, a aprovação do novo governo do presidente Jair Bolsonaro por parte de um número considerável da população também pode pressionar o mercado de energia elétrica. Com a retomada da economia, haveria aumento do consumo, segundo analistas da corretora Brasil Plural colocaram em nota a clientes.