A China, o maior comprador de soja do mundo, está dispensando os caros grãos brasileiras e voltando para acordos realizados anteriormente com produtores norte-americanos, de acordo com pessoas familiarizadas com as transações. As informações foram divulgadas nesta terça-feira (11) pelo jornal “Bloomberg”.
O mercado está deixando de comprar a soja brasileira, à medida que a diferença nos preços em relação às ofertas feitas pelos americanos aumentou, disseram as pessoas, que pediram para não serem identificadas porque a informação é privada. Nesse caso, alguns traders fizeram acordos para fornecer suas próprias operações na China, enquanto outros estão fazendo isso em nome de clientes chineses, disseram as fontes.
Os preços da soja brasileira aumentaram à medida que a oferta diminuiu. Ao mesmo tempo, a colheita americana está crescendo em quantidade significativa e os traders estão esperando uma safra abundante. Analistas consultados pela Bloomberg prevêem que os rendimentos serão os mais altos desde 2016. O Departamento de Agricultura dos EUA divulgará seu relatório mensal, que será acompanhado de perto, na quarta-feira (12).
“Esta notícia reforça nossa preocupação com o acirramento da competição pela soja brasileira na China”, disse Leandro Fontanesi, analista do Bradesco (BBDC3; BBDC4), em relatório. “Espera-se que a safra de soja dos EUA em 2020 e 2021 seja 16% maior, contribuindo para um aumento de 8% na produção global de soja, o que pode pressionar os preços da soja no Brasil”.
EUA aumentaram a oferta de soja
A diferença de preços entre os EUA e o Brasil impulsionou a busca pela soja americana. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos informou na segunda-feira que quase 600.000 toneladas de soja foram vendidas à China em negociações realizadas no final da semana passada. Na última segunda-feira (11), pessoas familiarizadas com o assunto disseram que produtores americanos venderam pelo menos seis carregamentos adicionais de soja para a China.
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O direcionamento das importações de soja na China para os EUA, pode contribuir para cumprir suas promessas no acordo comercial de primeira fase com os Estados Unidos, antes de uma reunião em 15 de agosto entre Washington e Pequim. No primeiro semestre, os EUA embarcaram cerca de US$ 7,3 bilhões em produtos agrícolas para a China, apenas 20% da meta de US$ 36,5 bilhões.