A China pretende incluir as ações dos Estados Unidos sobre os aplicativos TikTok e Wechat nas discussões da implementação da fase 1 do acordo na guerra comercial entre os países. Segundo informações da agência de notícias “Bloomberg”, representantes dos países devem se encontrar nos próximos dias, quando os chineses apresentarão seus questionamentos acerca da repressão de Washington sobre as empresas asiáticas.
Em janeiro, China e Estados Unidos chegaram a um entendimento sobre a primeira fase do acordo; a guerra comercial entre os países ocorre desde meados de 2018. Para tanto, a China prometeu comprar mais de US$ 200 bilhões em produtos dos Estados Unidos em um período de dois anos.
Desde então, as tensões entre os países foram intensificadas, sobretudo pelo surgimento da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) — a qual os norte-americanos responsabilizam os chineses –, a nova lei de segurança nacional em Hong Kong e as ofensivas estadunidenses sobre a atuação de redes sociais em território nacional.
O conflito entre os países foi acentuado após o presidente Donald Trump dizer que, caso alguma empresa dos Estados Unidos queira comprar o TikTok, o Tesouro norte-americano deveria receber uma parte em dinheiro, já que o governo “daria o direito do negócio acontecer”. O Ministério das Relações Exteriores chinês rebateu dizendo que não deixaria com que a empresa fosse “roubada”.
Embora na última terça-feira (11) um assessor econômico de Trump tenha minimizado as chances do acordo ruir, a “Bloomberg” salienta que os representantes chineses trarão à tona as possíveis proibições da Casa Branca sobre a operação dos aplicativos (que entrariam em vigor em setembro), além dos assuntos sobre as compras agrícolas e taxa de câmbio dólar-yuan.
A agência pontua que a tensão entre as duas maiores potências econômicas do planeta se tornou um tema politicamente sensível para Trump. O Partido Democrata, oposicionista, pode utilizar um suposto fracasso norte-americano nas negociações como forma de destituí-lo nas eleições presidenciais em novembro deste ano.
Assim que ascendeu ao poder, Trump instaurou uma investigação sobre o tratamento chinês sobre a propriedade intelectual dos Estados Unidos, o que acarretou na guerra comercial. A disputa já trouxe quase meio trilhão de dólares em tarifas sobre produtos importados entre os países.
No início deste ano, quando o acordo preliminar foi anunciado, Trump disse que “estamos muito orgulhosos dos esforços, muitos acharam que este acordo era impossível e aqui estamos”. As compras da China representam uma forma de reduzir o déficit comercial bilateral entre os países. Em 2018, o saldo negativo dos Estados Unidos chegou a US$ 420 bilhões, um dos principais pontos de atenção do governo estadunidense.
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