A China teria mentido propositalmente para a Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a situação da pandemia do novo coronavírus (covid-19). Essa é a conclusão que chegou uma investigação da agência de notícias Associated Press (AP), baseada em documentos sigilosos da própria agonização internacional e dezenas de entrevistas.
Segundo a AP, em janeiro as autoridades chinesas teriam atrasado propositalmente a divulgação do genoma do coronavírus, do final de dezembro até meados de janeiro. Isso mesmo após a decodificação realizada por vários laboratórios públicos.
Em 27 de dezembro o laboratório privado chines Vision Medicals, conseguiu decodificar o genoma do vírus, que apontava fortes semelhanças com a SARS, cuja epidemia ocorreu entre 2002 e 2003 na China. As autoridades da província de Wuhan foram alertadas. Mas no momento de compartilhar os dados sobre o genoma com o resto do mundo, a Comissão Nacional de Saúde da China, principal entidade governamental do gigante asiático, emitiu um documento secreto que proibia os laboratórios de publicar informações sobre o vírus sem autorização.
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Esse atraso teria impedido que a OMS obtivesse informações fundamentais para contrastar a pandemia. E os especialistas da própria agência das Nações Unidas apesentaram protestos em privado por não conseguir obter informações por parte do governo da China. Entretanto, ao mesmo tempo, a Organização Mundial da Saúde elogiou publicamente a China várias vezes por sua “resposta rápida” ao surto da doença.
Segundo a matéria da AP, essa falta de colaboração das autoridades chinesas foi a principal causa do atraso na resposta internacional à pandemia.
No dia 5 de janeiro de 2020 o virologista chinês Zhang Yongshen declarou que não haviam riscos de transmissão entre humanos da doença. Declaração que foi reforçada por um posicionamento público da OMS, que também considerou inúteis medidas restritivas para viagens ou pessoas provenientes da China.
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Mas no dia 20 de janeiro, o governo chinês lançou um alerta que o vírus se transmitia entre pessoas. Somente então a OMS enviou uma pequena equipe de cientistas dos seus escritórios na Ásia para Wuhan, a cidade chinesa epicentro da pandemia. E naquela semana o comité de emergência de especialistas independentes da OMS se reuniu por duas vezes e optou por não recomendar que se decretasse estado de emergência.
OMS se queixou por informações sobre o coronavírus
Em reuniões internas autoridades da OMS apresentaram queixas de que a China teria atrasado o fornecimento de informações fundamentais sobre o surto de coronavírus. Isso mesmo se, formalmente, estava cumprindo suas obrigações previstas pelo direito internacional.
Mesmo se os tratados internacionais indicam claramente a obrigação dos governos de informar a OMS sobre casos que possam impactar na saúde mundial, a organização não detêm poderes de coerção, sendo forçada a trabalha apenas na base da colaboração dos países membros.
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Na sexta-feira passada o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cortou os financiamentos para a OMS, criticando a gestão da emergência coronavírus e acusando a agência da ONU de ser submissa a China para esconder a gravidade da epidemia. Naquela ocasião o Presidente chinês, Xi Jinping, respondeu que a China sempre forneceu todas informações à OMS e ao mundo “do modo mais oportuno”.
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