China não deve deixar Evergrande se tornar novo “evento Lehman”, diz XP

A crise da empresa Evergrande, gigante do mercado imobiliário da China, vem preocupando investidores de todo o mundo, que temem o colapso da empresa como gatilho para uma crise econômica global. No entanto, em entrevista ao Valor Econômico, o chefe de estratégia global da XP Investments em Miami, Alberto Bernal, afirma que a situação pode ser solucionada pelo governo chinês “quase que imediatamente”.

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O estrategista afirma que nem mesmo uma quebra da Evergrande levaria a economia a um “evento Lehman”, fazendo referência à crise financeira de 2008, marcada pela quebra do banco Lehman Brothers.

“Há várias coisas que o governo chinês pode fazer. Ele pode não intervir, que é a opção Lehman, que eu não acho que eles vão escolher. Eles também podem resgatar [“bailout”] a Evergrande, mas eu não acho que eles farão isso, pois emite uma sinalização errada do lado moral. E a terceira, que eu considero mais provável, é fornecer liquidez para evitar um contágio”, diz Bernal.

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No entanto, Bernal acredita que, do ponto de vista financeiro, não existe motivo para resgate. Segundo ele, os mercados já estão preparados para perda de mais de 70%, o que é refletido pelo valor dos títulos da empresa, vendidos ao preço de US$ 0,30.

Desde o início do ano, as ações da Evergrande já caem 83%, com a derrocada iniciando em meados de junho de 2020. A cotação mais recente é de HK$ 2,28, ante HK$ 25,80 vistos na metade do ano passado. A máxima da companhia foi em 2017, com HK$ 31,55.

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Mercado enxerga crise da Evergrande como risco de colapso na China

Em contrapartida, a reação do mercado foi bem mais pessimista. Com o montante colossal a ser pago, analistas já alertam para a possibilidade de um colapso no sistema financeiro chinês, o que eventualmente também geraria problemas em cadeia nos mercados e nas economias internacionais, considerando que a companhia chinesa possui empréstimos e títulos com outras instituições.

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Recentemente a Bloomberg revelou que algumas das maiores instituições financeiras do mundo, como UBS, BlackRock e Ashmore, têm “quantias significativas” em títulos da Evergrande, que agora corre risco de falência.

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Bruno Galvão

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