A China aprovou nesta sexta-feira (20) a Lei de Proteção de Informações Pessoais, que deve desestimular a coleta ampla de dados de usuários por empresas de tecnologia. O aval partiu do principal órgão legislativo do país, o Comitê Permanente do Congresso do Povo, de acordo com a agência estatal de notícias Xinhua.
Com isso, o governo chinês proibirá suas plataformas de internet de uma ampla gama de comportamentos considerados prejudiciais à concorrência de mercado pela China.
O texto, que não teve a versão final divulgada, prevê que qualquer organização ou indivíduo que lide com dados pessoais de cidadãos chineses reduza a coleta de informações e obtenha consentimento prévio para coletá-las.
Na terça-feira, dia 17, a Administração Estatal de Regulamentação do Mercado (SAMR), órgão antitruste da China, divulgou um projeto de lei que proíbe a concorrência desleal entre as empresas de internet e pode entrar em vigor neste ano.
O regulador de mercado exigiu uma “ autorretificação ” de dezenas de empresas de internet, incluindo a plataforma Didi Chuxing, que se tornou um alvo particular de escrutínio após sua oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) de US$ 4,4 bilhões em Nova York, em junho.
O SAMR também multou o Alibaba em um recorde de US $ 2,8 bilhões em abril, por abusar de seu domínio de mercado. Com isso, a repressão chinesa cortou bilhões de dólares em valor de mercado das principais empresas de tecnologia do País.
Mudanças no domínio das empresas de tecnologia da China
Uma dessas questões levantadas pelo regulador do setor de tecnologia é o “bloqueio malicioso de links de sites” para endereços eletrônicos e produtos de outras empresas, o que mantém os concorrentes bloqueados dos principais ecossistemas de tecnologia e cria linhas rígidas entre as plataformas rivais.
Esse hábito, que já foi um princípio fundamental da indústria de tecnologia da China, parece estar mudando sob o novo ambiente regulatório.
O Wall Street Journal informou no início de agosto que as duas empresas de tecnologia mais poderosas da China, Alibaba e Tencent, estavam trabalhando para abrir seus serviços para as plataformas uma da outra.
Isso pode significar permitir que os usuários utilizem o sistema de pagamento da Tencent nos aplicativos de e-commerce do Alibaba ou visualizem os produtos vendidos pelo Alibaba nos aplicativos de mídia social da Tencent.
Queda das bolsas asiáticas nesta sexta
As bolsas asiáticas fecharam em baixa nesta sexta-feira, 20, em meio a essas incertezas regulatórias que cercam o setor de tecnologia da China.
Outro destaque foi a ação da Toyota , que teve queda de 4,09%, após relatos de que a montadora pretende cortar sua produção em 40% em setembro, diante da escassez mundial de chips para veículos.
Investidores também seguem atentos à disseminação da variante delta do coronavírus, que ameaça comprometer a recuperação da economia global. Com isso, os principais índices fecharam assim:
- Hang Seng, em Hong Kong, liderou as perdas com baixa de 1,84%, aos 24.849,72 pontos;
- Nikkei 225, em Tóquio, caiu 0,98% hoje, a 27.013,25 pontos, pressionado em parte pelo setor automotivo;
- Xangai Composto, na China continental, se desvalorizou 1,10%, a 3.427,33 pontos;
- Kospi, em Seul, recuou 1,20%, a 3.060,51 pontos; e,
- Taiex, em Taiwan, perdeu 0,20%, a 16.341,94 pontos.
As novas medidas da China afetaram principalmente as ações de gigantes como Alibaba e Tencent, que fecharam em queda de quase 5% e de 4,1%, respectivamente, nas bolsas asiáticas. Já na Bolsa de Nova York, o recuo foi de 4,91% e 4,12%.
Com informações de Estadão conteúdo e Dow Jones Newswires.
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