China admite que Coronavac tem baixa eficácia e poderá misturar vacinas
A autoridade máxima de controle da Covid-19 na China admitiu, em uma coletiva de imprensa, que as vacinas chinesas contra Covid-19 têm baixa eficácia e que o governo chinês está considerando misturar vacinas para melhorar sua efetividade, segundo o jornal The Washington Post. A Coronavac, produzida com insumo chinês, é a vacina mais aplicada no Brasil contra o coronavírus até o momento.
As vacinas feitas por duas empresas estatais chinesas – Sinovac e Sinopharm – foram exportadas para 22 países, incluindo o Brasil. Outros países que receberam as vacinas chinesas são México, Turquia, Indonésia e Hungria.
“As vacinas chinesas não têm taxas de proteção muito altas”, afirmou Gao Fu, diretor do Centro Chinês para Controle e Prevenção de Doenças (CDC), em uma conferência realizada na cidade de Chengdu. O governo chinês distribuiu centenas de milhares de doses no exterior, ao mesmo tempo em que questionava a eficácia da vacina da Pfizer e BioNTech. “Agora está sendo formalmente avaliado se devemos usar diferentes vacinas de diferentes linhas técnicas para o processo de imunização”, afirmou o representante da China.
Segundo o jornal, os membros do governo não responderam diretamente perguntas sobre o comentário de Gao, ou sobre possíveis mudanças nos planos oficiais. Mas outro representante da CDC disse que os pesquisadores estão trabalhando em vacinas baseadas em RNA mensageiro (RNAm), como é o caso da vacina da Pfizer.
“As vacinas de RNAm desenvolvidas em nosso país também entraram em fase de testes clínicos”, disse Wang Huaqing, sem detalhar uma data para possível aplicação da vacina. De acordo com especialistas, misturar vacinas pode melhorar a eficácia da imunização. No Reino Unido, pesquisadores estão estudando a combinação da vacina da Pfizer-BioNTech com a da AstraZeneca.
A pandemia do coronavírus, que começou no final de 2019 na China, marcou a primeira vez em que a indústria farmacêutica chinesa atuou na resposta a uma crise de saúde global. A eficácia da vacina da Sinovac – Coronavac – foi identificada em 50,4% por pesquisadores no Brasil. Em comparação, a da Pfizer-BioNTech tem eficácia de 97%.
Coronavac, com insumo da chinesa Sinovac, é a mais usada no Brasil
Segundo dados do Sistema Único de Saúde (SUS), oito em cada 10 doses contra o novo coronavírus no Brasil até agora são da Coronavac. Desde janeiro, o instituto já entregou 38,2 milhões de doses – 22,7 milhões apenas em março. O insumo da Coronavac, produzida no Butantan, é fornecido pela chinesa Sinovac.
A vacina de origem chinesa não devem ser vendidas nos Estados Unidos, Europa ocidental ou Japão devido à complexidade do processo de aprovação, segundo o The Washington Post. Além disso, a China nunca apresentou dados de eficácia da vacina usada no Brasil, o que inibiu a tentativa de entrar nos países desenvolvidos.
Os dados apresentados sobre a eficácia da Coronavac em janeiro de 2021 eram do Instituto Butantan. Na ocasião, foi informado que resultado global de eficácia da vacina Coronavac de 50,38%.