A Cheers Ticket, ou só Cheers, cunhou o termo “universitech”. Em sua proposta como startup, a empresa traz soluções para o meio universitário, especialmente no ramo do entretenimento – ao menos por enquanto.
Em entrevista exclusiva ao Suno Notícias, o CEO da Cheers, Gabriel Russo Ramos, diz que pretende colaborar no passo a passo e na carreira acadêmica de universitários do Brasil.
“Hoje nós trabalhamos principalmente com entretenimento. Estamos por isso ligados às entidades acadêmicas, como atléticas e diretórios”, disse. A Cheers começou no final de 2018, no Paraná, e possuía maior participação em eventos do mercado universitário, como festas de atléticas.
O fundador, ao lado dos sócios Pedro Viggiano (CMO), Paulo Ribeiro (CTO) e Daniel Paulatti (COO), queria “curar uma dor”: a aquisição e venda de ingressos para todos os tipos de festas e eventos universitários.
“Não íamos muito atrás de uma especialização de empreendedorismo em si, era tudo na ‘raça’. Nós estávamos no terceiro ano da faculdade, já com a empresa, querendo resolver uma dor que eram os eventos universitários”, contou Gabriel.
Os ingressos eram vendidos online, pelo Sympla, plataforma já conhecida no mercado, podendo se pagar com cartão de crédito. Mas na época não havia como os ingressos serem contabilizados apenas na plataforma. O organizador precisaria entregar um papel ao seu cliente.
“A gente digitalizou tudo isso: todos os nossos ingressos são digitais, com QR Code. Mesmo que o cliente pague no dinheiro, a transferência do ingresso é feita digitalmente e é contabilizada no sistema”, explica o CEO. “A Cheers chegou a fazer eventos com mais de 10 mil pessoas dessa forma e funcionou perfeitamente.”
Agora, com mais de duas mil entidades acadêmicas na base de clientes da plataforma e centenas de eventos depois, a Cheers deixou de ser apenas uma vendedora de tickets.
A startup passou a fazer a ponte entre as entidades e os universitários. Além de conseguir gerir e organizar todo o evento dentro da plataforma da Cheers, é possível realizar a venda de produtos, assinaturas de associação, receber pagamentos de mensalidades de atletas. Há possibilidade ainda de fazer toda a gestão financeira dentro de um único sistema.
A partir do momento que as entidades começaram a vender produtos dentro da Cheers, os sócios pensaram: “Vamos criar uma plataforma robusta para que ela [a atlética] tenha sua própria página dentro da Cheers e venda produtos, eventos, planos de sócio, tudo mais”. Agora, as entidades não precisavam necessariamente fechar um negócio com a startup para fazer eventos, mas sim para toda uma gama de possibilidades.
Durante a pandemia, a Cheers se viu sem receita e precisou se reinventar. Indo de R$ 30 mil para zero, e com a plataforma já pronta, a equipe da startup trabalhou para melhorar em todos os aspectos possíveis. A visão era de que, uma vez que a pandemia acabasse, estaria tudo pronto para o sucesso chegar.
E de fato: em abril de 2020, com aproximadamente 70 entidades atreladas à Cheers, o número disparou para 1600 até o final da pandemia. “Nós expandimos para todos os estados, até para Argentina e Paraguai”, disse o CEO, explicando que muitos brasileiros próximos às fronteiras também utilizam a plataforma.
Atualmente, a Cheers já tem 2 mil entidades na base, que vem aumentando devido à criação de um funil comercial interno para realizar o upsale dessas pessoas, ou seja, oferecendo mais produtos, para aumentar receita. O CEO da startup aponta que, se a venda de um produto trazia determinado valor de receita, os eventos faziam dez vezes esse número.
“De fevereiro para março de 2022, nessa virada, crescemos dez vezes num único mês”, disse. A partir daí, a equipe da Cheers foi aumentando e hoje já conta com mais de 50 colaboradores.
Como a Cheers e as entidades acadêmicas trabalham
Para quem não tem familiaridade com as entidades acadêmicas, pode parecer que a faculdade em si está atrelada a elas. Porém, esse dificilmente é o caso. A maioria das atléticas, por exemplo, funciona sozinha, muitas vezes com patrocinadores ou até mesmo arrecadando com alunos.
A facilidade da Cheers é que não há um plano mensal de assinatura para o uso da plataforma. A startup gera receita com as próprias vendas pelo site, que funciona na base de um percentual de comissão em cada venda.
Um exemplo prático seria: uma atlética está fazendo a pré-venda de roupas para os alunos. A entidade pode fazer a encomenda do produto pela Cheers, já organizando toda a parte financeira por lá, enquanto os clientes efetuam a compra. A cada produto pago, há um percentual cobrado, parecido com taxas de conveniência na hora de se vender o ingresso de um evento.
O CEO destaca que várias concorrentes tentaram entrar no mercado com modelos de assinatura, com valores fixos por mês, mas não funciona: as entidades acadêmicas geralmente não possuem um fluxo fixo para conseguir manter esse tipo de produto. Por isso, a taxa cobrada acaba facilitando a vida de quem está gerindo o marketplace.
400 mil universitários cadastrados hoje: intenção é chegar aos 3 milhões
O plano da Cheers é passar do B2B2C e oferecer produtos diretamente ao cliente, que, no caso, é o público universitário.
“A gente está criando uma rede universitária no Brasil. Conforme o universitário vai passando os anos de universidade dele, nós estaremos juntos em diversas jornadas. Não só na parte de entretenimento, com festas e produtos, mas também poder ajudar futuramente na parte de moradia, anúncio de vagas de estágio”, destacou Gabriel.
A startup está se organizando para chegar lá, tentando ao máximo fortalecer a base de alunos no aplicativo, atualmente com 400 mil universitários cadastrados.
Gabriel diz que a intenção é alcançar 3 milhões de alunos cadastrados até o final de 2024.
Suporte da AWS para a Cheers Ticket
Para alcançar o patamar, a Cheers utiliza a plataforma de nuvem da Amazon Web Services (AWS), em que podem expandir livremente.
O CEO explica que toda a plataforma já estava hospedada na AWS, mas foram adquirindo mais produtos aos poucos.
Por exemplo: em um programa de aceleração em que a startup participou, feito pelo Sebrae, com a AWS vinculada, os sócios ganharam créditos de US$ 2 mil a US$ 5 mil para utilizar, o que ajudou efetivamente a reduzir custos.
Além disso, Gabriel ressalta: desde que começaram a trabalhar com a AWS, conseguiram diminuir em 40% o custo de servidor. De acordo com o CEO, há também muito suporte online por parte da empresa, com uma comunidade acolhedora que colabora para que as startups cresçam de fato.
“Na pandemia, se não fossem esses créditos que conseguimos por meio dos programas, a empresa poderia ter ficado negativa”, disse o CEO da Cheers. “Também ajudou a alavancar, pois, com o auxílio da AWS para startups, diminuiu o custo de servidor, o que basicamente manteve a empresa em pé.”
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