A Log (LOGG3), desenvolvedora e locadora de galpões logísticos, divulgou nesta quarta-feira (8) os seus resultados do 4TRI22, além do consolidado do ano de 2022. A companhia, que completa 15 anos em 2023, afirmou que 2022 foi o seu melhor em relação ao desempenho financeiro, com um lucro líquido acumulado recorde de R$ 425 mi e R$ 429 mi em venda de ativos. Para 2023, no entanto, a empresa pretende manter um crescimento cauteloso.
Segundo o CFO da Log, André Vitória, a empresa pretende analisar com cuidado a demanda do mercado neste ano para atendê-la sem exageros, de forma a não prejudicar a solidez das suas demonstrações financeiras e dos seus indicadores. O executivo falou com exclusividade em entrevista ao Suno Notícias.
Para o executivo da Log, a vacância estabilizada em 2,58% em dezembro de 2022 e o índice de renovação contratual no ano, que ficou em 92%, mostram que a empresa tem um bom relacionamento com os clientes e um arcabouço sólido de contratos.
André Vitória aponta o boom do e-commerce, que aconteceu no auge da pandemia, como um dos fatores que beneficiaram o mercado de galpões logísticos – em especial os de ponta de linha, caso dos da Log.
De acordo com ele, mesmo com o retorno das atividades presenciais, ainda é esperado um crescimento sustentável do setor de e-commerce ao longo dos próximos anos, em especial em grandes metrópoles do nordeste do País, onde cresceu o número de contratos da Log nos últimos anos, mas ainda há demanda reprimida.
Confira a entrevista exclusiva completa com o CFO ao Suno Notícias:
A que se deve esse bom desempenho da Log em 2022, com recorde de lucro líquido acumulado?
Existem hoje, dentro da Log, dois principais drivers que mostram o nosso crescimento. A gente costuma dizer que tanto ter sido afetado positivamente pela expansão do e-commerce no Brasil, quanto a melhora de infraestrutura logística que a gente proporciona para essas empresas, que acabam migrando os seus contratos para a Log, são as duas principais razões para que tivéssemos um desempenho tão positivo em 2022. Ou seja, o e-commerce com o fly to quality – porque as empresas que acabam aderindo às nossas operações acabam deixando galpões de má qualidade, de baixa infraestrutura, para migrar para galpões de alta qualidade, como são os da Log.
Quais foram os principais contratos fechados em 2022 que colaboraram para esse crescimento?
Eu me arrisco a dizer que nós temos a melhor carteira de clientes do setor de logística. Quaisquer que sejam essas grandes empresas que você encontra de e-commerce, varejo, fármacos ou alimentos e bebidas, todas elas têm pelo menos uma operação conosco. Seja Amazon (AMZO34), Mercado Livre (MELI34), Magazine Luiza (MGLU3), Ambev (ABEV3), DrogaRaia… Quando a gente tem essa abertura de diferentes segmentos que atendem ao nosso portfólio, todas essas empresas acabam tendo contratos conosco. São mais de 250 contratos ativos nos mais variados setores. Em termos de grandes contratos, essas empresas são alguns dos exemplos que nós temos e, em 2022, grande parte dos novos grandes contratos fechados foram com elas. Em geral, quando a gente pensa nos novos contratos de 2022, nós temos três grandes pilares para isso: abertura de novas operações, expansão das atividades já existentes ou empresas que estão migrando suas atividades de galpões de pior qualidade para os nossos, que é o fly to quality.
Em 2022, as atividades econômicas que sofreram restrições ao longo do pior período da pandemia já foram, em grande parte, retomadas. Qual foi o comportamento do e-commerce no ano passado e qual a expectativa para 2023?
Na pandemia, houve uma mudança de hábito do consumidor e, por esse motivo, tivemos uma expansão relevante do e-commerce dentro do país. Eu acho que agora isso já vem se normalizando, mas não tenho receio nenhum em dizer que o e-commerce vai manter um crescimento sustentável ao longo dos próximos anos aqui no Brasil. Principalmente quando comparamos o país com outros países que também têm dimensões continentais. A gente observa que ainda existe um espaço relevante de crescimento para o e-commerce aqui. Então, vai continuar crescendo – não necessariamente como nesses últimos dois anos, mas vai – e a Log vai continuar capturando a demanda crescente em regiões que ainda estão se aproveitando desse momento de mudança de hábito do consumidor. À medida que empresas que já são clientes da Log ou que ainda não são clientes mas continuam expandindo suas operações em grandes regiões do país crescem, nós também vamos aproveitar esse movimento ao longo dos anos.
Qual região do Brasil mais cresceu em demanda por galpões logísticos em 2022 e por quê?
Se eu tivesse que destacar uma região, sem dúvida seria a região nordeste. É a região que teve maior demanda de ativos e novas operações. Eu acredito que já havia uma certa demanda reprimida na região e, por isso, o momento foi um catalisador e nós aproveitamos. Além disso, acredito que a mudança de hábitos talvez tenha sido mais significativa lá. Enfim, já existia uma demanda e estamos falando de excelentes regiões metropolitanas que a gente vem atendendo, como Fortaleza, Natal, Maceió, Salvador e Recife – regiões importantes e que tinham pouquíssimas atividades de qualidade como as que oferecemos aqui da Log.
Por que o “ABL Locado” da companhia diminuiu de 2021 para 2022? A que se deve isso e qual o impacto disso?
Isso aconteceu por um ponto importante pelo qual a gente começa a associar a Log não só a uma empresa de locação de galpões, mas também a uma desenvolvedora de ativos logísticos. Ao mesmo tempo que a gente entrega portfólios novos, a gente também vende ativos já existentes para fomentar esse crescimento da empresa. Então, à medida que a gente tem hoje uma atividade de crescimento como essa, mista, esse crescimento é muito baseado também nos recursos que a gente acaba conseguindo a partir da venda desses ativos. Por isso que flutua um pouco esse ABL total. A gente entregou uma quantidade relativa de ABL, mas vendemos também um ABL que existia.”
Em 2023, a Log completará 15 anos. Qual a sua visão sobre o passado, presente e futuro da companhia e quais são os planos já para este ano?
O ano de 2023 requer uma certa cautela. Nós entendemos que temos hoje uma capacidade de entrega relevante, mas a gente vai avançar com essas entregas e esse crescimento, mediante a demanda de mercado. A gente não vai prejudicar a solidez das nossas demonstrações financeiras e dos nossos indicadores porque ainda temos uma perspectiva de entender melhor esse cenário macroeconômico para que a gente possa então garantir que manteremos a nossa estabilidade, que é característica na nossa trajetória. Nesses 15 anos, a gente teve novas entregas e apresentamos crescimento. Portanto, a tendência é de que a gente continue mantendo as atividades com os nossos três pilares de negócio. Vamos continuar diversificando as nossas operações pelo Brasil, atendendo cada vez mais regiões que demandam esse tipo de atividades que a gente entrega; continuar flexibilizando os nossos galpões, que podem ser desde grandes galpões para atender grandes empresas, até galpões modulares para atender a demandas crescentes ou reduções de operações que o cliente pode vir a ter; e manter a eficiência no nosso ciclo de negócios, que vai desde o desenvolvimento imobiliário, com construção e locação de imóveis, e é uma vantagem competitiva que temos.
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