Na próxima terça (9) o mercado conhecerá os números da Taurus (TASA4) do terceiro trimestre do ano. O segundo trimestre foi o quinto positivo da empresa que vem surpreendendo os investidores com seus resultados.
Sobre o resultado do terceiro trimestre, Salesio Nuhs, CEO da Taurus, disse em entrevista ao SUNO Notícias que “o mercado já está se acostumando com esses resultados positivos. Eu costumo falar isso sempre: a gente não tem mais adjetivo, vai ser mesmo surpreendente.”
O CEO falou ao SUNO Notícias sobre lançamentos neste e no próximo ano, antecipou previsão de dividendos, revelou planos — como as franquias da empresa e um novo produto–, comentou sobre o sucesso dos papéis na Bolsa de Valores e opinou sobre as eleições de 2022.
A empresa acelerou na Bolsa nos últimos anos com a flexibilização do porte de armas no governo Jair Bolsonaro. Como ficaria a Taurus num cenário com um presidente sem essa pauta na agenda? O CEO não teme essa possibilidade: “Nossos produtos vão continuar sendo vendidos e exportados.”
Exemplo: a Taurus registrou um lucro líquido de R$ 193,6 milhões no segundo trimestre deste ano, alta de 395,1% em relação ao ganho de R$ 39,1 milhões apurado ao final de junho de 2020.
O valor apurado entre abril e junho foi superior ao registrado no primeiro trimestre, quando a Taurus lucrou R$ 68,1 milhões. Foi o quarto trimestre consecutivo de resultados positivos da fabricante de armas.
A companhia atribuiu o lucro daquele trimestre à “estabilidade operacional, resultado da eficiência na produção e distribuição e os novos investimentos realizados, a gestão sobre custos e despesas, o mix de vendas que incorpora modelos de maior valor agregado e o equacionamento da situação financeira, com redução da dívida e do seu custo financeiro.”
Em seu balanço, a companhia explicou que “os números do resultado do período traduzem o momento que estamos vivendo, mostrando crescimento expressivo sobre uma base de resultados de 2020 que já era forte.”
Sobre os resultados deste ano, Nuhs afirma que a alta do dólar ante o real pode ser benéfica para os resultados da empresa: “O dólar tem um efeito grande, e favorável, no nosso balanço, pois a receita é majoritariamente de exportação”. Nuhs lembra que houve aumento de 10% nos preços em dólar nos Estados Unidos.
Já aqui no Brasil, a alta nos preços foi de 17%, baseada no IGP-M até agosto. “Então, tudo indica que teremos um trimestre muito favorável”, resume, sem, claro, revelar os números.
Demanda aquecida
Salesio citou ainda a forte demanda do mercado brasileiro, semelhante à do americano. O National Instant Criminal Background System Checks (NICS), sistema que verifica número de compradores, totalizou 2.626.389 consultas para aquisição de armas em setembro, e as projeções mais conservadoras indicam que os 12 meses de 2021 poderão ser 35% superiores aos de 2019, que já foi um ano recorde
“Como pôde ser visto no 4T20 e em trimestres de anos anteriores, a tendência é de que o número cresça bastante nesses três últimos meses de 2021, podendo atingir ou até mesmo superar o recorde histórico do ano passado”, estima a Taurus.
Salésio acredita que este trimestre pode trazer números de impacto em relação à produção de armas, recorde no segundo trimestre: “A companhia continua no rump up de produção nos EUA e no Brasil.
“Temos o centro integrado de tecnologia e engenharia e ele se preocupa com lançamentos de produtos em nichos de mercado que a gente não atua e que podem nos oferecer valor agregado maior. Junto com cada lançamento de produto, a empresa desenvolve um processo novo. Isso gera ganhos de produtividade”, explica o CEO da Taurus.
Fabricante de armas promete lançamentos
O CEO disse que a Taurus terá mais lançamentos nos Brasil e nos Estados Unidos ainda em 2021, e para 2022 a Taurus promete mais produtos novos no mercado. “Na virada do ano vamos ter também [lançamentos] de armas táticas. O calendário de lançamento tem sido grande”, diz ele. Esse aumento tem a ver também com a homologação dos produtos: “Antes demoravam-se dois meses para que uma arma fosse autorizada Esse tempo foi reduzido”, conta ele. A fabricante de armas consegue realizar duas homologações por semana.
Mas Salésio lembra que existe cuidado para que nenhum produto ofusque outro: “Óbvio que é preciso respeitar a demanda do consumidor, para não criar concorrência com os próprios lançamentos.”
A Taurus tem, segundo o CEO, uma agenda de lançamentos que vai além dos produtos: abrange acessórios para os produtos da companhia.
O executivo conta que a Taurus vai lançar “até o fim do ano uma arma que ganhou dois prêmios nos EUA”. O produto terá versão em grafeno — material que “o Brasil tem uma reserva bem grande e que pode contribuir com o desenvolvimento do país.”
Salésio se refere à pistola Taurus GX4 que ganhou dois dos mais importantes prêmios do setor nos Estados Unidos: Melhor Nova Arma de 2021 e Melhor Novo Produto Geral na 5ª edição do NASGW-POMA Caliber Awards (Prêmios de Qualidade e Excelência). “Os vencedores foram anunciados durante o Jantar de Apreciação na NASGW Expo, no dia 26 de outubro, em Columbus, no estado de Ohio”, conta.
“Taurus é uma referência em produtos e resultados”
Na entrevista ao Suno Notícias, Salésio comentou sobre como a fabricante de armas brasileira tem expandido seus negócios no exterior e destacou que a Taurus não é só uma referência em produtos, mas também em resultados.
O CEO diz que “a nossa margem bruta no último trimestre [2T21] foi de 46%. Quando uma empresa tem uma margem de 46%, significa que tem possibilidade de ser agressivo na questão de preços.”
Contudo, ao falar sobre exportação, lembra que fora dos Estados Unidos o mercado civil é “muito pequeno” — então a companhia foca no mercado policial e militar. “Pode-se participar de licitações internacionais. A qualidade é a primeira prerrogativa. A segunda é o preço. Então, se você analisar todos os concorrentes que divulgam seus resultados, a Taurus tem a melhor margem bruta. Significa que a empresa é mais competitiva que as concorrentes. Por isso o nosso plano de expansão de exportação está sempre focado em mercado policial e militar, em que a gente tem essas grandes licitações.”
A Taurus também tem uma joint venture com a Índia: “Finalmente, a partir do início do ano que vem a gente deve começar a produzir para o mercado civil indiano. Produzir na índia é uma premissa para participar de licitações para o governo local. O governo de lá se apresenta como um grande potencial de investimentos em segurança. Talvez o segundo em área de defesa do mundo. E tudo na Índia é superlativo, o que nos espera nesse país são coisas bastante grandes.”
O mercado brasileiro, por sua vez, é uma grande surpresa, observa o CEO da Taurus. É um mercado relativamente novo, com 3 anos. Salésio lembra que no Brasil o mercado de armas era sufocado, reprimido. Com a regulamentação que foi adequada ao resultado do referendo de 2005 sobre o porte — que rejeitou a proibição da comercialização de armas de fogo e munições –, “mais de 65 milhões de brasileiros votaram pelo direito de legítima defesa”. Assim, recorda Salésio, “o Brasil passou a ter mais opções de calibre de modelos de armas.”
Ele prossegue: “Não tenho dúvida de que o mercado brasileiro vai continuar em franca expansão, não só porque estava reprimido, mas também pelo fato de que a Taurus vem lançando cada vez mais produtos.”
De 2019 até agora, segundo ele. “foram lançados mais de 150 produtos, um número espetacular.” O CEO resssalta: “O Brasil é muito importante do ponto de vista estratégico, porque o país tem clientes como caçadores, atiradores, colecionadores. A gente sempre dá prioridade para o mercado interno.” Por outro lado, ele acrescenta “nunca o mercado brasileiro vai disputar com o mercado americano em termos de volume.”
De qualquer forma, a Taurus é a maior fabricante de armas de fogo do país e a principal exportadora para o mercado americana. Exporta ainda para mais de 70 países.
Franquias e dividendos da Taurus
O executivo também comentou sobre as previsões de novas lojas no Brasil. Adiantou que a empresa pretende abrir um projeto de franquias.
“Toda distribuição no Brasil é feita por lojistas que são classificados em várias categorias e, de acordo com a dedicação da loja ao segmento, ela fica numa categoria. No topo da pirâmide a gente desenhou duas lojas próprias, uma em Brasília, inaugurada em novembro, e a outra em São Paulo. Já compramos um imóvel e ela deve ser inaugurada no final do primeiro semestre de 2022”, diz ele. “A gente vai abrir um projeto de franquias dessas lojas: criaremos duas lojas conceito e depois vamos abrir um projeto de franquias.”
Uma das maiores curiosidades dos investidores da Taurus é sobre os dividendos da companhia. Anteriormente, a previsão dada por Salésio para o pagamento de dividendos apontava para o segundo semestre de 2022, mas ele disse que essa projeção “talvez possa ser antecipada.”
Ao explicar como a fabricante de armas tem gerado valor aos acionistas, o CEO lembra que as ações da Taurus nos últimos três anos tiveram uma alta perto de 1000%. Segundo Salédio, a companhia é uma empresa fortemente geradora de caixa, de margem bruta e Ebitda (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização)..
“A Taurus é uma empresa que tem os melhores indicadores do setor, é muito competitiva. Nos últimos 12 meses a valorização das ações passa de 160%. E agora já antecipo: haverá pagamento de dividendos antes do segundo semestre do ano que vem, para fechar um ciclo”, revela.
Taurus não teme ano eleitoral no Brasil
Mas e o cenário do ano eleitoral? “Existe uma insegurança dos investidores em relação a isso: ‘Se mudar o presidente da república a Taurus vai ter problema de resultado?’, Não vai ter problema de resultado: primeiro porque tem pedidos nos EUA que representam meses de produção da empresa e segundo porque o mercado brasileiro, proporcionalmente, tem de 8% a 12% do mercado da Taurus. Então os investidores podem ficar tranquilos nesse sentido.”
O CEO reforça que, em termos de resultado, a fabricante de armas do Rio Grande do Sul não depende do mercado brasileiro. “Se a gente traçar um paralelo, sempre que antecede uma eleição nos EUA existe uma correria para compra de arma de fogo, porque o americano se preocupa com aquela questão de os democratas ganharem, o que aconteceu recentemente. Existe sempre aquela correria no ano eleitoral porque sempre os democratas anunciam que vai ter um controle maior das armas de fogo, e o consumidor americano acaba antecipando as compras.”
“Ano que vem, aqui no Brasil, vai ter um comportamento mais ou menos igual. Mas essa questão da arma de fogo no Brasil foi um direito adquirido democraticamente pelos brasileiros em 2005. A legislação atual só fez reconhecer essa vitória de 2005. Para você mudar drasticamente essa questão das armas no país, precisa mudar a lei. Eu não acredito que virá uma mudança radical”, acredita o CEO da Taurus.