CEO da Shein manda indireta para Luiza Trajano, do Magalu (MGLU3), e para Luciano Hang, da Havan

O presidente da varejista chinesa Shein no Brasil, Marcelo Claure, aproveitou uma entrevista dada ao jornal Folha de S. Paulo para dar uma cutucada nos líderes do varejo brasileiro que têm criticado a atuação da Shein no país.

Para Claure, “em vez de os empresários brasileiros entenderem que precisam rever seus modelos de produção, criticam”. Nas últimas semanas, a presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza (MGLU3), Luiza Trajano, passou a criticar as varejistas estrangeiras que, segundo ela, não pagam os devidos impostos para atuar no Brasil.

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Segundo Trajano, “não tem jeito de competir se você paga 37% de imposto e outro não paga”. Luciano Hang, CEO da Havan, é outro que tem apontado a suposta evasão fiscal na atividade de empresas como a Shein. Segundo ele, as varejistas estrangeiras estão prejudicando os concorrentes brasileiros.

Disputa

A concorrência entre varejistas brasileiras e estrangeiras, especialmente as asiáticas, tem se intensificado nos últimos anos. Contando com promoções agressivas, plataformas fáceis de utilizar, mão-de-obra barata e uma logística bem acertada, empresas como Shein e Shoppe ganharam espaço nos celulares e nos hábitos compra dos consumidores brasileiros ao mesmo tempo em que as varejistas nacionais passaram por consolidações e enfrentaram um cenário econômico adverso em meio à elevação dos juros.

Para barrar o crescimento das asiáticas, o empresariado do Brasil lançou mão do lobby. Ainda no governo Bolsonaro, representantes do setor passaram a cobrar por uma maior fiscalização das mercadorias vindas de fora.

Segundo os brasileiros, essas empresas se valeram da incapacidade da Receita Federal fiscalizar todos os pacotes e de brechas no sistema tributário do país para inundar o mercado nacional com produtos que não eram taxados, o que teria garantido às estrangeiras uma vantagem competitiva indevida.

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O governo Lula chegou a anunciar o fim da da regra que isenta as compras de mercadorias por pessoas físicas que são remetidas outras pessoas físicas do exterior, alegando que esta brecha seria a base de um “camelódromo virtual” que estaria tirando empregos do Brasil. A medida gerou polêmica e, após forte reação de consumidores nas redes sociais, o governo voltou atrás na decisão.

A estratégia do governo passou a ser um aumento na fiscalização dos produtos vindos de fora, com a determinação de que as varejistas de fora sejam responsáveis por um extenso relatório sobre os produtos vendidos, capaz de determinar com clareza quem é o vendedor e quem é o comprador a cada operação.

Além disso, o governo passou a pressionar a Shein para nacionalizar parte de sua produção. A empresa respondeu anunciando uma parceria com a mineira Coteminas.

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Gregory Prudenciano

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