O CEO da Nikola (NASDAQ: NKLA), Trevor Milton, anunciou sua renúncia ao cargo após ser acusado, junto à empresa, de ter proferido informações falsas a investidores. De acordo com a companhia, Milton será substituído por Stephen Girsky, ex-executivo da General Motors que já fazia parte do conselho da Nikola.
A Nikola está no radar do mercado desde que a Hindenburg Research, consultoria financeira investigativa, divulgou um relatório no início deste mês sobre possíveis afirmações exageradas sobre a existência da tecnologia alegada pela empresa, e quanto ela seria proprietária da mesma. Desde então, as ações da empresa já caíram cerca de 16%.
Foram levantados questionamentos acerca da capacidade da companhia em produzir veículos e questões sobre sua reivindicação de possuir tecnologia proprietária, levando a U.S. Securities and Exchange Comission (SEC) e o Departamento de Justiça dos Estados Unidos a investigarem se a Nikola, de fato, enganou seus investidores.
Milton afirmou, por meio de um comunicado, que solicitou à diretoria da empresa que acatasse sua renúncia para que o foco do negócio se concentrasse na Nikola, e não nele. Na manhã desta segunda-feira (21), em nota distinta, o ex-CEO disse que irá se defender de “falsas acusações feitas contra mim por detratores externos”.
Ascensão meteórica da Nikola e seu CEO
As alegações da Hindenburg Research vieram à tona logo após a fusão reversa da empresa junto à VectorIQ Acquisition Corp., seguida de sua oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) na Nasdaq, em meados deste ano.
A operação fez com que Milton se tornasse rapidamente um bilionário em ascensão, liderando uma empresa que poderia bater de frente junto à Tesla (NASDAQ: TSLA), de Elon Musk. Em uma semana enquanto empresa de capital aberto, a companhia já era avaliada em US$ 30 bilhões, acima da centenária Ford (NYSE: F).
Embora a Nikola tenha chamado atenção dos investidores com sua proposta arrojada e futurística, a companhia ainda não produziu sequer um veículo. O intuito da companhia montar caminhões e a infraestrutura de carregamento para alugá-los a potenciais clientes empresariais.
O setor de caminhões elétricos tem sido alvo de grande disputa entre os atores no setor. O crescimento tecnológico de baterias e, sobretudo, do potencial desenvolvimento de células a combustível de hidrogênio para alimentar os veículos comerciais, também tem chamado atenção dos investidores.
A procura por veículos comerciais elétricos está crescendo à medida que as cidades ao redor do planeta começam a apertar as restrições aos veículos movidos a diesel, enquanto as empresas, como a Nikola, tomam a tecnologia como um meio de reduzir suas emissões de carbono.