O caso de espionagem, que veio à tona em 2019, abalou o Credit Suisse Group, fazendo com o seu CEO, Tidjane Thiam, renunciasse nesta sexta-feira (7). Segundo o comunicado oficial, executivo deixará a instituição no dia 14 de fevereiro, após a divulgação do balanço anual do banco.
Thiam, de origem franco-marfinense, está no comando do Credit Suisse desde 2015, após sair da seguradora britânica Prudential. Quando assumiu, o executivo colocou em prática um vasto projeto de reforço da gestão de fortunas e do banco de investimento da instituição.
O executivo será substituído por Thomas Gottstein, que lidera as atividades do banco no mercado suíço, sendo colaborador desde 1999.
O escândalo
O escândalo de espionagem foi revelado em setembro do ano passado, quando, Iqbal Khan, ex-membro do conselho executivo e que havia trocado o Credit Suisse pelo rival UBS, identificou e confrontou um investigador atrás dele.
O caso ressurgiu meses depois, em dezembro, quando o banco assumiu um segundo caso de espionagem, que teve como alvo o ex-diretor de Recursos Humanos. Na semana passada, o jornal suíço “SonntagsZeitungg” informou que o banco também espionava a organização não governamental Greenpeace.
A instituição negou que Thiam soubesse que ex-funcionários estavam sendo seguidos, salientando que as ações foram tomadas independentemente pelo ex-diretor de operações Pierre-Olivier Bouee. O executivo saiu do Credit Suisse sem comentar sobre o caso.
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“Eu não tinha conhecimento da espionagem de dois ex-colegas”, afirmou Thiam. “Sem dúvida, perturbou o Credit Suisse e causou ansiedade e mágoa. Lamento que isso tenha acontecido e nunca deveria ter ocorrido”.
Segundo UBS, estratégia do Credit Suisse não deve mudar
Segundo Daniele Brupbacher, analista do UBS, principal rival do Credit Suisse, é improvável que a saída do CEO leve a uma mudança de direção estratégica.
O analista observa que a mudança para um novo modelo já foi amplamente concluída no final de 2018. Segundo ele, o banco suíço realizou uma grande alteração em sua realocação de recursos
“Não achamos que o Credit Suisse mudará os pilares fundamentais de sua estratégia em breve. Dito isto, ainda existem pontos de interrogação e pressão crescente sobre as empresas [de banco de investimento] “, afirmou o especialista.