O Grupo SBF (SBFG3), dono da Centauro, reportou na noite da última terça-feira (31) um lucro líquido referente ao quarto trimestre de 2020 91,1% menor em comparação com o apurado um ano antes. Analistas interpretaram o resultado como negativo, com o impacto da pandemia. As expectativas, contudo, são atraentes, avaliaram.
No trimestre, as vendas em mesmas lojas (SSS, na sigla em inglês) e a receita de lojas físicas da Centauro encolheram 4% e 1,5%, respectivamente.
A operação digital cresceu 63,2%, enquanto o GMV (Volume Bruto de Mercadoria) aumentou 72% na base anualizada, representando 28% das vendas totais. A receita líquida da varejista de artigos esportivos atingiu R$ 931 milhões, um aumento de 9%.
“O Grupo SBF apresentou resultados do quarto trimestre de 2020 em geral melhores do que os temidos, com SSS recuperando de quedas profundas para apenas ligeiramente negativo (e positivo antes de novas restrições entrarem em vigor no final de dezembro)”, avaliou o Goldman Sachs em relatório.
Margens pressionadas
Entre outubro e dezembro, a margem bruta da companhia caiu 4,9 pontos percentuais com uma margem menor nas operações da Fisia em relação às operações da Centauro e de um ambiente mais promocional impactando as margens da rede de lojas em 3,1 pontos percentuais, observou o BB Investimentos.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado totalizou R$ 171 milhões, com margem Ebitda em queda de 4 pontos percentuais.
A margem líquida atingiu 1,4%, queda de 17,9 pontos percentuais, também prejudicada pelo aumento das despesas financeiras na comparação anual em função do maior endividamento da companhia.
“Os números suaves (mas melhorando) da Centauro no trimestre corroboram nossa visão de uma recuperação gradual do tráfego na operação de B&M da empresa (que está concentrada em shopping centers)”, destacou o BTG Pactual.
Nike
Em dezembro de 2020, o Grupo SBF incorporou os números da distribuidora da Nike no Brasil após a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
A Fisia teve no ano passado uma receita de R$ 2,4 bilhões e historicamente opera por meio de dois canais principais:
- Atacado, com share de aproximadamente 70% do negócio;
- DTC (Direct-To-Consumer), com participação de cerca de 30% do segmento.
“Apesar da pressão nas margens operacionais e do incremento nas despesas financeiras ter prejudicado a margem líquida, a conclusão da transação de aquisição da Físia (operações da Nike no Brasil) trouxe um forte crescimento das vendas e boas perspectivas para o curto prazo”, ponderou o BB-BI.
Última cotação da Centauro
Na última sessão, terça-feira (30), a Centauro encerrou o pregão em alta de 4,78%, negociada a R$ 28,08.