Sete produtos, liderados pela cenoura, subiram mais de 50% no acumulado de 12 meses a ajudaram a puxar a inflação para cima no período.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que capta a inflação oficial no País, ficou em 1,62% em março, maior patamar para o mês desde 1994.
Dos mais de 400 itens acompanhados pelo IBGE, a cenoura é a que ficou mais cara no acumulado de 12 meses: alta de 166,17%.
Os sete produtos seguintes no ranking são todos da área de alimentos e bebidas: tomate (94,55%), pimentão (80,44%), melão (68,95%), melancia (66,42%), repolho (64,79%), café moído (64,66%) e mamão (54,95%).
Dois combustíveis completam a lista de “top 10” dos produtos que mais subiram os preços no período: óleo diesel (46,47%) e gás veicular (45,54%).
Os maiores impactos na inflação de março vieram justamente das áreas representadas acima: os setores de Transportes (que inclui combustíveis e representou 0,65 ponto porcentual do aumento) e Alimentação e bebidas (0,51 ponto).
Juntos, os dois grupos contribuíram com cerca de 72% do IPCA do mês passado.
Cenoura é líder na alta dos alimentos, e IPCA chega a 11%
O IPCA acumula alta de a 11,3% no acumulado de 12 meses, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Na minha visão, o índice subiu além do esperado pelo mercado (na média 1,3%), o que deve gerar uma maior pressão para o aumento da taxa de juros. Atualmente, a Selic está em 11,75% e o último boletim Focus previa os juros fechando em 13% a.a”, disse Fabiano Braun, private banker e sócio da Matriz Capital.
“Tivemos um reajuste de 18,77% no preço médio da gasolina vendida pela Petrobras (PETR4) para as distribuidoras, no dia 11 de março. Houve também altas nos preços do gás veicular (5,29%), do etanol (3,02%) e do óleo diesel (13,65%). Além dos combustíveis, outros componentes ajudam a explicar a alta nesse grupo, como o transporte por aplicativo (7,98%) e o conserto de automóvel (1,47%). Nos transportes públicos, tivemos também reajustes nas passagens dos ônibus urbanos em Curitiba, São Luís, Recife e Belém”, detalha o gerente do IPCA, Pedro Kislanov.
Os principais impactos vieram dos transportes e também, justamente de alimentos e bebidas.
Os dois grupos, juntos, contribuíram com cerca de 72% do índice do mês. No caso dos transportes, a alta foi puxada, principalmente, pelo aumento nos preços dos combustíveis (6,70%), com destaque para gasolina (6,95%), que teve o maior impacto individual (0,44 p.p.) no indicador geral.
No grupo dos alimentos e bebidas, a alta de 2,42% decorre, principalmente, dos preços dos alimentos para consumo no domicílio (3,09%). A maior contribuição foi do tomate, cujos preços subiram 27,22% em março.
A cenoura avançou 31,47% somente em março. Também subiram os preços do leite longa vida (9,34%), do óleo de soja (8,99%), das frutas (6,39%) e do pão francês (2,97%).
Com Estadão Conteúdo