Cenário de dólar forte continua e pode se intensificar, diz Itaú

Com o diferencial de juros entre Brasil e EUA e o aumento do risco geopolítico no Oriente Médio e a tensão entre EUA e China, especialistas do Itaú passaram a esperar um prolongamento do cenário de dólar mais forte e, eventualmente, uma intensificação da alta da moeda.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2024/07/1420x240-Banner-Home.png

Os especialistas elevaram por isso sua projeção do dólar para 2024 de R$ 5 para R$ 5,15.

Já a expectativa para a cotação do dólar em 2025 foi de R$ 5,20 para R$ 5,25.

Com o cenário de política monetária global, o Itaú destaca que a divergência dos EUA frente ao restante do mundo, diante do chamado “excepcionalismo” do país em termos de crescimento resiliente e inflação mais persistente, está levando a uma postergação dos cortes do Fed e a um aumento do diferencial de juros dos EUA frente às outras economias.

“Considerando nosso cenário para os bancos centrais desenvolvidos (quatro cortes do Fed e sete cortes do ECB até o fim do ano que vem), estimamos um potencial de apreciação adicional do dólar multilateral de em torno de 1,5% até o fim do ano”, diz a casa.

“Avaliamos que essa apreciação pode se acentuar, a depender das tensões geopolíticas globais. Especificamente, estimamos que a cada 10% de aumento da razão entre os preços do ouro e do cobre (métrica que avaliamos como a mais representativa do risco geopolítico no momento), há uma apreciação de 2% do dólar, tudo o mais constante”, completa

Nesse cenário, os analistas destacam que para os países emergentes, o dólar mais forte deve contribuir para ciclos de cortes de juros mais contidos à frente.

“Notamos que as moedas dos países com diferenciais de juros relativamente baixos frente ao padrão histórico são as que mais depreciam esse ano. Uma dessas é o real, cujos movimentos têm correlação histórica alta com o dólar multilateral”, diz o relatório.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2023/03/1420x240-Investindo-no-exterior.png

Apreciação recente do dólar

Os especialistas ainda acrescentam que nos últimos 12 meses o dólar apreciou 2,2% em termos reais, com movimentos de curto prazo expressivos, em grande parte impulsionados pela política monetária.

“No terceiro trimestre do ano passado, a postura mais dura do Fed e a percepção de uma situação fiscal americana pior levaram a um aumento do diferencial de juros e a um dólar mais forte. No quarto trimestre, a inflação americana e global mais fraca impulsionou a cotação do dólar para baixo, mas o prêmio geopolítico mais elevado pelo conflito no Oriente Médio compensou para cima”, observa o Itaú.

“Em 2024, no primeiro trimestre, a inflação nos EUA se mostrou mais forte, mas a interpretação do mercado foi de que isso poderia se tratar de um repique transitório. Ao mesmo tempo, o Banco do Japão saiu do juro negativo, na contramão do ciclo de política monetária do restante do mundo, o que também contribuiu para um enfraquecimento do dólar“, completa.

Além disso, ainda no segundo trimestre desse ano, abril foi marcado por uma forte reprecificação dos juros americanos, apontando para o adiamento do início da flexibilização – fenômeno que também afetou o dólar.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2023/04/1420x240-Planilha-vida-financeira-true.png

Eduardo Vargas

Compartilhe sua opinião

Receba atualizações diárias sobre o mercado diretamente no seu celular

WhatsApp Suno