Cemig (CMIG4) e Copasa (CSMG3): quais impactos aos acionistas em uma possível federalização?
Ontem (22), os papéis da Cemig (CMIG4) e Copasa (CSMG3) tiveram forte queda em reação à notícia de que o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), concordou com a proposta de repassar ativos do estado para a União, como forma de compensar parte da dívida estadual com o governo federal. As ações também ficaram no negativo no Ibovespa hoje.
Para a Genial Investimentos, essa medida cria uma ausência de ambiente favorável para privatizações no estado de Minas Gerais.
Uma eventual aceitação do governador, segundo a Genial, demonstra a falta de ambiente com a Assembleia Estadual em seguir adiante com as propostas de privatização, que deveria ser feita no formato de corporation, ou seja, com o estado mantendo uma participação minoritária no ativo.
“A aceitação da federalização eliminaria a possibilidade de privatização em ambos os casos e toda avenida de geração de valor a ser gerada caso esse cenário viesse a se materializar”, aponta a casa.
Os analistas da Genial também apontam que existe receio, caso a ação seja concretizada, de eventual substituição dos atuais executivos da Cemig e Copasa, além da remuneração ao acionista minoritário e que valores seriam oferecidos.
Em fato relevante divulgado nesta quinta, Cemig e Copasa disseram que receberam ofício do acionista controlador, o governo de Minas, dizendo que não há ainda decisão definitiva sobre a pauta: “Informo que o Estado de Minas Gerais tem se empenhado em obter soluções junto à União para a questão da dívida pública contratual mineira, com projeção para 31/12/2023 em R$ 161 bilhões. (…) Ressalto que as alternativas apresentadas ainda serão objeto de análise minuciosa tanto pelos técnicos do Governo Federal quanto do Governo Estadual, razão pela qual ainda não houve qualquer manifestação ou aceite do Governo do Estado sobre o ponto que abarca a eventual federalização das estatais estaduais com ações listadas na Bolsa de Valores”, diz o ofício.
“Se esse evento vier a disparar direito de retirada para minoritários devido à mudança de controlador, entendemos que o valor patrimonial seria uma referência a ser considerada ao longo desse processo”, explica a Genial.
No terceiro trimestre de 2023 (3T23), o valor patrimonial da Copasa era de R$20,7 por ação e de R$ 13,5 por ação na Cemig.
Por sua vez, a Genial menciona que o processo de qualquer mudança deve ser longo e complexo, tendo em vista a necessidade de aprovação por parte da Assembleia Estadual de Minas Gerais.
Neste contexto, os analistas recomendam manter as ações da Cemig e Copasa, com preço-alvo de R$ 12,50 e R$ 20, respectivamente.
Cemig derrete 10% com possibilidade de federalização
As ações da Cemig (CMIG4) encerraram o pregão desta quarta-feira (22) com uma queda de 9,71%, atingindo o valor de R$ 11,35.
Além da Cemig, a Copasa (CSMG3) teve suas ações afetadas, encerrando o dia com uma queda de 2,83%, a R$ 18,17.
No ponto mais baixo do dia, as ações CMIG4 apresentaram uma queda de 14,40%, enquanto as CSMG3 tiveram uma baixa de 9,14%.
Pacheco quer ações da Cemig, Copasa e Codemig, além de novo Refis
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, busca liderar a renegociação da dívida do estado como um contraponto a Zema, e há especulações de que Pacheco esteja buscando fortalecer sua posição para a disputa pelo governo de Minas Gerais em 2026.
A proposta de Pacheco inclui um novo Refis e pagamentos em ações de empresas estatais, como Cemig, Codemig e Copasa.
Ele sugere a federalização dessas empresas para controlá-las, a fim de abater a dívida de Minas Gerais, com a condição de que o valor seja justo e não inferior ao valor de mercado. Haveria também uma cláusula de recompra pelo estado em até 20 anos, em condições preestabelecidas.
O presidente do Senado confirmou que discutiu a proposta de federalização de ativos, incluindo Copasa, Cemig e Codemig, com Zema.
Entretanto, Zema, em entrevista separada após se encontrar com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que ainda não há definição sobre a federalização da Cemig.
Ventos favoráveis para Eletrobras (ELET3)?
Considerando o interesse do governo federal em ter uma estatal do setor de energia elétrica, uma possível federalização da Cemig diminuiria o apetite do governo em rever os voting rights da Eletrobras, informa a Genial.
Cotação
Nesta quinta (23) a Cemig voltou a sofrer no pregão e teve a segunda maior queda do dia, -3,17% a R$ 10,99. A Copasa recuou 0,77%, a R$ 18,03.