A CCR registrou um prejuízo líquido de R$ 307,1 milhões durante o quarto trimestre de 2018, segundo dados divulgados na última quinta-feira (21). No mesmo período do ano anterior, a empresa havia tido um lucro líquido de R$ 329,1 milhões.
O prejuízo da CCR foi um reflexo das despesas extraordinárias da empresa devido ao acordo de leniência. Além disso, a greve dos caminhoneiros também gerou problemas para as contas da companhia.
Em bases comparáveis, onde são excluídos os novos negócios, a empresa obteve um lucro de R$ 356,9 milhões. No entanto, o montante representa um recuo anual de 21,1%.
O resultado operacional medido pelo Ebitda (lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização) ajustado caiu 56,8% na comparação anual, ficando em R$ 535,3 milhões. Já nas bases comparáveis, o Ebitda cresceu 3,6% totalizando R$ 1,28 bilhão.
Além disso, a CCR apresentou um aumento do endividamento, por conta de seus investimentos. No último trimestre de 2018, foram investidos R$ 539,7 milhões em concessões atuais. Além disso, foi utilizado o consumo de caixa para pagar a outorga das concessões que venceram no período.
A relação dívida líquida/Ebitda apontou que a companhia fechou 2018 com um alavancagem financeira de 2,8 vezes. Tal valor foi acima do índice do anterior de 2,3 vezes.
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Reflexo da isenção
A empresa teve suas receitas prejudicadas por conta da greve dos caminhoneiros. Isso, porque, como uma forma de negociação com o setor, o governo isentou a cobrança de pedágio para os eixos suspensos de caminhões.
Sem contar com os impactos da isenção do eixo suspenso, o tráfego consolidado das rodovias registrou uma alta de 0,4%.
Além disso, a receita líquida registrou uma alta de 10,5%, somando R$ 2,23 bilhões (incluindo os novos negócios). Na mesma base de comparação, onde são excluídos os novos negócios, a receita subiu 3,1% chegando a R$ 2,08 bilhões.
De acordo com a CCR, a recuperação lenta no início deste ano é reflexo da retomada gradual da economia brasileira. O diretor financeiro e de relações com investidores da empresa, Arthur Piotto Filho, afirmou que existem negociações com o governo sobre um reequilíbrio contratual, para que haja uma compensação às concessionárias devido a isenção.
Investimentos
De acordo com Piotto Filho, mesmo que a empresa esteja com olhares atentos ao calendário de leilões de infraestrutura e também para compra de ativos, referentes a gestão de rodovias, aeroportos e mobilidade urbana, o objetivo para 2019 é reduzir os níveis de endividamento da empresa.
Na última semana, a companhia participou do leilão de aeroportos, mas não obteve sucesso. A CCR disputou o lote Nordeste, vencido pela espanhola Aena e o lote Sudeste, vencido pela Zurich. Na ocasião, foram leiloados 12 terminais.
Além disso, Piotto ainda afirmou que a CCR não irá disputar o leilão da ferrovia Norte-Sul, previsto para 28 de março.
Acordo de leniência
Neste mês, a CCR fechou um acordo de leniência, de R$ 750 milhões até 2021, com o Ministério Público Federal do Paraná. O acordo se refere a investigação onde um subsidiária da empresa, a Rodonorte, pagou propina ao governo paranaense para conseguir ajustes contratuais.