Em um ambiente predominantemente masculino como Wall Street, achar uma mulher no comando de um fundo de investimento já é algo raro.
Agora, achar uma mulher, no topo de Wall Street e que se faz guiar pela Bíblia em suas decisões de investimento, aí fica difícil demais.
Entretanto, essa peculiaridade existe. E se chama Catherine Wood. Mais conhecida como “a gestora de Deus”.
Essa profissional de 65 anos é uma campeã da religiosidade no mercado financeiro.
Por exemplo, antes de iniciar seus morning calls, lê a Bíblia todas as manhãs.
Se diz inspirada por sólidos valores cristãos em suas estratégias de alocação de capital.
Desafia o preconceito dos operadores do mercado, segundo o qual para operar com sucesso é preciso de sangue frio e muita testosterona (ou seja, seria coisa de homem).
E, obviamente, é uma fervente apoiadora do ex-presidente dos EUA, Donald Trump.
Gestora, mulher, cristã e protagonista de Wall Street
Hoje Catherine está rodeada de fiéis que a adoram.
Muitos em Wall Street enriqueceram com seus fundos de investimento.
Tanto que começaram a mostrar seu entusiasmo chegando a vestir camisetas com as estampas “Em Cathie nós confiamos” ou “A rainha do Bull Market“.
Um verdadeiro culto da personalidade, muito parecido com o que ocorre com Warren Buffett ou Ray Dalio.
Aluna de Arthur Laffer, o economista criador da Curva de Laffer e inspirador da “Reaganomics” na era de Ronald Reagan, Catherine teve uma longa carreira por várias empresas do mercado financeiro.
Há sete anos, decidiu montar seu próprio negócio, criando um arquipélago de sete fundos de investimento geridos pela Ark Investment Management.
Ark, ou seja, Arca. Uma referência bíblica provavelmente escolhida para conquistar os investidores cristãos.
Conservadora nos costumes, já nos investimentos…
Não obstante essa postura religiosa, Catherine adotou uma estratégia de investimento que é tudo menos conservadora.
Apostou tudo empresas do setor de tecnologias mais avançadas.
Uma delas se dedica à revolução genômica, outra à direção autônoma e à robótica, outra à pesquisa espacial.
Grandes oportunidades de ganhos, mas também grandes riscos de perdas.
Além disso, Catherine se apaixonou pelo Bitcoin. E cometeu alguns erros.
Em maio previu que a criptomoeda alcançaria US$ 500 mil (cerca de R$ 3 milhões). Pena que o Bitcoin, havia alcançado a máxima de US$ 64 mil, agora oscile por volta de US$ 40 mil.
Mas já em março muita gente tinha ficado bastante desapontada com ela.
Pois a “gestora de Deus”, logo depois de prever que a ação da Tesla chegaria em US$ 3 mil em quatro anos (na época era cotada em US$ 655), vendeu um pacote de US$ 178 milhões de papéis da empresa de Elon Musk.
Mesmo com esses tropeços, os ganhos de seus fundos – que administram US$ 53 bilhões – no final trazem de volta a calma entre os investidores.
Que decidiram continuar confiando nela.
Wall Street de olho em Catherine
A Ark Investment Fund, o maior fundo de sua gestora, registrou um crescimento médio anual de 34%.
Nos últimos 12 meses, marcados pela alta de todas as ações de empresas de tecnologia, o crescimento foi de 175%.
No mesmo período, o índice S&P 500 subiu “apenas” 56%.
As apostas em empresas como Square, Zoom, Zillow e a própria Tesla funcionaram.
Exatamente como, há sete anos atrás, apostar muito na Netflix permitiu a rápida ascensão de Catherine.
Alguns analistas, porém, olham para ela com desconfiança.
A consideram um produto do mundo do “dinheiro fácil“, acostumado a mercados que alta permanente, mas despreparados para enfrentar as quedas que virão, mais cedo ou mais tarde.
Segundo os especialistas, a gestora Ark é muito concentrada em poucos títulos.
Jim Cramer, o guru da rede de televisão CNBC, começou a zombar de Catherine chamando seus fundos de “Woodstocks”.
Ou seja, juntando seu sobrenome a palavra inglesa “ações” (stocks). Evocando o grande evento ocorrido há meio século, e que marcou o apoteose da cultura alternativa.
Os vendedores a descoberto, que estão aguardando com as munições prontas um recuo do mercado, que mais cedo ou mais tarde ocorrerá, consideram que Catherine criou um monstro Frankenstein que sequer ela própria sabe como parar.
Todavia, por enquanto ela continua desfrutando da reputação de “cristã mais famosa de Wall Street”.
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