O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, afirmou que a empresa “pouco pode fazer” para melhorar a situação dos caminhoneiros. A declaração do executivo foi realizada durante uma audiência na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (11).
Castello Branco ressaltou que a Petrobras atuou para diminuir as críticas ao setor com uma série de medidas. Entre elas, acabando com os reajustes diários do preço do diesel e criando o Cartão do Caminhoneiro, que assegura a estabilidade de preços do diesel aos motoristas.
“A Petrobras pouco pode fazer. Nós procuramos agir proativamente. Acabamos com o reajuste diário, nossos reajustes são em períodos mais longos. Lançamos, nos postos da BR distribuidora, o Cartão Caminhoneiro. Com o cartão, o caminhoneiro garante que o preço do diesel não vai mudar durante 30 dias. Ele tem uma proteção contra a variação do preço do diesel por 30 dias”, afirmou Castello Branco.
Causas da crise dos caminhoneiros
Segundo Castello Branco, o descasamento entre oferta e demanda é a principal causa das dificuldades encontradas pelos caminhoneiros. Enquanto a frota de caminhões cresceu 47,3% entre 2008 e 2017, o Produto Interno Bruto (PIB) do País cresceu somente 10% no mesmo período. A oferta foi superior a demanda pelo transporte por caminhão, reduzindo assim o custo do frente e o faturamento da categoria.
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O tabelamento do frete, anunciado em 2018 pelo governo de Michel Temer, foi apontado por Castello Branco como um dos fatores que agravou a situação. Após a tabela mínima dos fretes, parte do agronegócio optou por criar uma frota própria.
O presidente da Petrobras declarou que a frota dos caminhoneiros autônomos é mais antiga do que a das empresas. Para Castello Branco, isso significa mais gastos com combustível e manutenção dos automóveis.
Possibilidade de nova greve
Ao longo desse ano, os caminhoneiros alertaram repetidas vezes sobre o risco de uma nova greve.
No mês passado, o presidente da Associação Brasileira de Caminhoneiros (Abcam) afirmou que uma greve dos caminhoneiros pode estar próxima. Isso ocorre porque, segundo José da Fonseca Lopes, o governo não estaria tomando medidas para conter o preço do diesel.
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Para ele, os trabalhadores autônomos estão muito descontentes e já falam em uma nova greve dos caminhoneiros no país. “Logo estaremos aí com, no mínimo, 150 mil caminhoneiros deixando de trabalhar. Precisa se tomar uma medida rápida urgente. A coisa está fervilhando aí fora, o descontentamento é muito grande”, disse Lopes.
Uma das principais reivindicações dos caminhoneiros é ligada a política de preço da Petrobras, que foi alterada pelo presidente Jair Bolsonaro em uma das primeiras medidas de seu governo.