Com o encerramento das atividades do Silicon Valleu Bank (SVB), o mercado mundial está temoroso com os possíveis impactos da quebra do 16º maior banco dos Estados Unidos. No Brasil, além das startups, outro setor preocupou os investidores com os reflexos da SVB: o bancário. Contudo, a XP acredita que o “overhang” será superado.
“Embora vejamos uma maior deterioração do sentimento em relação ao setor bancário brasileiro — o setor já foi impactado no início deste ano pelos eventos de crédito corporativo —, os indicadores do balanço dessas empresas nos levam a acreditar que o setor está em boa posição para superar o caso SVB“, afirma Matheus Guimarães, analista da XP.
O especialista pontua que apesar do ano desafiador que teremos pela frente, os balanços recentes dos bancos brasileiros mostraram que as instituições financeiras estão “saudáveis”. E mais: os atuais descontos no valuation funcionam como um “colchão” para os ativos bancários.
Apesar disso, Guimarães listou os possíveis impactos do caso SVB nos bancos brasileiros. Sendo eles:
- crédito a depósitos: quanto maior esse indicador, menor o risco de marcação dos títulos prejudicando os lucros dos bancos;
- NII com mercado: embora nem todos os bancos apresentem esta informação, a linha da “Demonstração de Resultados” mostra o quanto da atividade de tesouraria é relevante para os lucros dos bancos;
- participação até o vencimento e “LFTs”: ajuda a entender os possíveis efeitos negativos sobre os lucros futuros devido à marcação a mercado dos ativos financeiros;
- Índice de Cobertura de Liquidez: mostra a quantidade de produtos de alta qualidade e ativos líquidos suficientes para financiar saídas de caixa por 30 dias.
Por fim, o analista da XP destaca que apesar do caso SVB aumentar a percepção de risco das instituições financeiras em todo o mundo, ele vê os bancos brasileiros listados bem posicionados para superar esse excesso financeiro.
“Em grande parte devido a níveis saudáveis de indicadores de balanço, por praticamente toda a alta de juros no Brasil já ter passado, e as valorizações atualmente descontadas (em particular devido aos casos recentes verificados no mercado de crédito) deverão servir de amortecedor a novas desvalorizações”, finaliza Guimarães.
Silicon Valley Bank: a crise no banco de startups
Na última sexta (10), as autoridades norte-americanas anunciaram o encerramento das atividades do Silicon Valleu Bank (SVB). O banco era um dos principais financiadores de startups e a sua falência torna-se a segunda maior da história do setor bancário dos Estados Unidos.
Com o aumento dos juros no país norte-americano, as empresas que eram clientes do SVB começaram a retirar dinheiro do banco de uma forma mais rápida do que a esperada pela instituição. Assim, além da queda do caixa, os novos investimentos na instituição foram sendo reduzidos ao longo dos últimos meses.
Nos últimos dias, o banco anunciou que venderia US$ 2,25 bilhões em novas ações, a “gota d’água” para os clientes intensificarem a retirada dos recursos. Greg Becker, presidente do SVB, pediu na quinta (9) para os clientes manterem a calma.
Porém, isso não ocorreu e as ações despencaram 60%. De acordo com a Bloomberg, o Silicon Valley Bank perdeu quase US$ 10 bilhões em patrimônio neste movimento. Na sexta, as autoridades norte-americanas oficializaram a falência do SVB.