As ações de Casas Bahia (BHIA3) caíam nesta quarta-feira (13) no Ibovespa, liderando as perdas do índice. Além da negociação do grupamento de ações da companhia no radar, dados fracos relacionados ao consumo, divulgados hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sugerem uma atenção especial à empresa e ao setor de varejo como um todo.
Mas, após a decisão do Fed sobre a taxa de juros – considerada mais otimista por analista para o cenário macro em 2024, com juros mais baixos nos EUA e no Brasil -, o Ibovespa passou a subir, acima dos 129 mil pontos. Na esteira dessa alta, os papéis BHIA3 viraram para o positivo,
No fechamento, as ações ordinárias de Casas Bahia (BHIA3) subiram 3,92%, a R$ 0,53, enquanto as ações ordinárias de Magazine Luiza, sua principal concorrente, subiram 9,21%, a R$ 2,49. O Ibovespa teve alta de 2,42%, aos 129.465,08 pontos.
Cotação BHIA3
“Hoje sem novidades para ambas. O movimento de queda mais forte em Casas Bahia talvez ocorria pelo fato da companhia manifestar interesse em antecipar grupamento de suas ações para 15 de dezembro, para atender à norma da B3 (B3SA3)”, diz Fábio Lemos, sócio da Fatorial Investimentos.
A empresa, que está sob risco de sair do Ibovespa, vai adiantar a negociação de grupamento de ações antes do prazo estimado, para ser concluída até a próxima sexta-feira (15). Previsto para acontecer em 28 de dezembro, as ações de BHIA3 serão agrupadas na razão de 25 para 1.
Ainda nesta quarta-feira (13), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o volume do setor de serviços no Brasil caiu 0,6% em outubro em relação a setembro, após ter apresentado recuo de 0,3% no mês anterior, de acordo com dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS).
“Num aspecto mais amplo, os dados mostram que o consumo das famílias não retornou. Sem consumo, o setor de varejo tende a sofrer um pouco mais. Hoje, provavelmente teremos o Banco Central cortando juros em 0,50%, o que é bom para o setor. Porém, há necessidade de que o consumo reaqueça”, completa Lemos.
Nesta quarta, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), deve confirmar mais um corte de 0,5 ponto percentual da taxa de juros, a Selic. Como a Selic está em 12,25% ao ano, irá para 11,75%. Esse é o consenso do mercado. O que divide analistas e economistas é o ritmo de cortes do BC dos próximos encontros dos dirigentes do BC.
O tom do comunicado do Fed, no entanto, animou os investidores no Ibovespa.
“No comunicado, o Comitê adotou uma postura cautelosa e aguarda novos dados para futuras decisões. Mas a autoridade deixou a possibilidade de novos aumentos em aberto, caso os riscos que afetem a inflação se concretizem”, analisa Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.
“Entretanto, em nosso cenário, o Comitê não deve elevar mais o juro, mantendo a taxa no atual patamar ao longo de 2024. Cortes devem ocorrer apenas no fim do primeiro semestre do ano que vem.”
E para o Brasil? “A conjuntura econômica segue mais favorável para o Copom em comparação aos EUA. Aqui, a atividade econômica dá sinais mais claros de desaceleração – vide o terceiro mês consecutivo de queda dos serviços – e a inflação vem em uma trajetória baixista”, diz Sung.
Com maiores certezas em relação às taxas de juros internacionais – o mercado começa até a prever quedas em 2024 – “e um maior controle sobre a inflação em diversos países, as incertezas e riscos para a autoridade monetária brasileira diminuíram”.
Assim, diante desse cenário mais benigno, o Copom pode continuar realizando cortes na taxa de juros no curtíssimo prazo, diz Sung.
Marcelo Oliveira, CFA e sócio-fundador da Quantzed, casa de análise e empresa de tecnologia e educação financeira para investidores, argumenta: “Tivemos algumas novidades ‘dovish’ na decisão do Fed. A maioria dos membros vê cortes de juros em 2024, com uma mediana em 3 cortes de 0.25%. Isso foi bem visto pelo mercado, as taxas de juros dos títulos caem forte, e bolsa subindo forte. Vale mencionar que na precificação de agora dos títulos americanos, o mercado precifica 1.3%, ou seja, uma perspectiva bem mais otimista do que o próprio Fed.”
Após a decisão do Federal Reserve, o Ibovespa engrenou e passou a subir forte, acima dos 129 mil pontos. As bolsas de Nova York também estão animadas: Dow Jones ganha 1,19%, S&P 500 avança 1,23% e Nasdaq tem alta de 1,21%.
“O Fed confirma o otimismo dos juros caírem no ano que vem, pois foi a primeira reunião em que comenta mais explicitamente sobre cortes. Porém, vale lembrar que o banco central americano ainda fala em menos cortes do que o mercado está precificando”, nota Oliveira.
Casas Bahia (BHIA3) vai sair do Ibovespa?
Atualmente composto pelas lojas Casas Bahia e Ponto (ex-Ponto Frio), o e-commerce do Extra.com.br e a fabricante de móveis Bartira, o Grupo Casas Bahia recentemente ficou de frente à uma situação arriscada: a saída do principal índice da bolsa de valores brasileira, o Ibovespa.
Na primeira prévia do Ibovespa em 2024 (de janeiro a abril) ilustrou-se a exclusão dos papeis de BHIA3 – e a entrada da ISA Cteep (TRPL4) de energia elétrica.
No fato relevante publicado na última quinta-feira (7), a Casas Bahia demonstrou que o grupamento de ações antecipado é uma das medidas para que não saia da seleção de ações do índice.
“Com isso, a administração da companhia espera que suas ações voltem a cumprir com os critérios de seleção para fazer parte do Ibovespa, índice da B3, no rebalanceamento do final deste ano de 2023”, afirma o texto do fato relevante da varejista.
Nesta corrida contra o tempo, o novo procedimento deverá adiantar as negociações de ações “exgrupamento” e impulsionar para que “a cotação das ações retorne a patamar superior a 1 real o mais breve possível”, disse o Grupo Casas Bahia (BHIA3) comunicado.