Recuperação extrajudicial da Casas Bahia (BHIA3): afinal, o que isso significa para o investidor?

Na semana passada, a Casas Bahia (BHIA3), ex-Via, entrou com um pedido de recuperação extrajudicial para dívidas que somam R$ 4,1 bilhões. Qual o impacto que esse movimento da varejista terá para investidores e também para a própria empresa?

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O pedido de recuperação extrajudicial da Casas Bahia já foi pré-acordado com os principais credores, que detêm 54,5% dos débitos e, portanto, deve ser aplicado também aos demais credores pulverizados, dentre eles, pessoas físicas.

Para Pedro Marinho Coutinho, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital, a empresa vinha demonstrando um esforço para fazer melhoras operacionais, cortando custos e focando no aprimoramento do e-commerce e das lojas físicas. No entanto, o desafio ainda persiste, agora com o reforço deste alívio no fluxo de caixa.

“Para o investidor da Casas Bahia a notícia foi boa, pois significa um grande passo para seguir com o turnaround proposto pelo CEO da empresa, Renato Franklin. Quanto mais a empresa consiga seguir os planos para uma operação mais sustentável, melhor para o acionista e suas expectativas de valorização das ações”, destaca.

Apesar de recuperação extrajudicial, Casas Bahia ainda inspira cautela

Caroline Sanchez, analista da Levante Inside Corp, avalia que em comparação com a recuperação judicial, a extrajudicial é uma via mais rápida e menos burocrática, o que vai dar um certo fôlego para a empresa, mas a situação ainda inspira cuidados. “Pensando pelo lado do investidor, vale lembrar que nenhum processo de recuperação acontece da noite para o dia. E a Casas Bahia está em um processo de turnaround faz muitos anos”, escreve.

“Quase todo ano a companhia anunciou um novo turnaround, e a gente não conseguiu ver os esforços das últimas reestruturações refletindo nos resultados ainda. O que se viu de reflexo em resultado foi só impacto negativo de fechamento de lojas, saldão de estoques pressionando margens”, acrescenta.

Diante deste cenário, portanto, a analista acredita que a Casas Bahia ainda merece precaução. “Por mais que tenha resolvido por um curto período essa questão das dívidas, a gente entende que ela ainda está passando por uma dificuldade operacional muito complicada”, completa.

Em relatório logo após o anúncio da Casas Bahia, a XP disse enxergar que o pedido de recuperação extrajudicial omo um passo importante e positivo em direção à sua reestruturação, uma vez que reduz fortemente o peso da dívida nos próximos 3 anos, deixando a empresa em uma posição mais confortável para executar outros ajustes operacionais e ajustar sua estrutura de capital.

Além disso, os analistas da casa observam que o plano da Casas Bahia não compromete as obrigações existentes com fornecedores e funcionários.

Por outro lado, o banco enxerga um potencial impacto na demanda, principalmente online, a depender da percepção dos consumidores a partir de notícias sobre o plano, com a Magazine Luiza (MGLU3) a mais beneficiada na frente de lojas físicas, embora com o macro ainda sendo um obstáculo, e Mercado Livre (MELI34) no canal online.

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Casas Bahia: reestruturação pode aliviar fluxo de caixa, diz analista

Pedro Coutinho, da The Hill Capital, afirma que a Casas Bahia precisava fazer um processo de reestruturação da dívida, para que sua situação não seguisse para uma recuperação judicial. Ele lembra que o cenário desafiador de juros altos, aliado a uma dívida de curto prazo relevante, havia causado uma situação bastante complicada no fluxo de caixa da Casas Bahia, que seguia com altos pagamentos anuais de juros.

“Com a reestruturação, a empresa passa a ter um alívio importante no seu fluxo de caixa de curto prazo, alongando os principais pagamentos e podendo focar no que é necessário ser apresentado, que é uma melhora operacional”, explica.

Ainda para o especialista, o turnaround da Casas Bahia precisa acontecer de acordo com o previsto, para que o mercado possa ter ainda mais confiança de que o processo segue da melhor maneira. “Evitar uma recuperação judicial pode ter sido um passo muito importante para o futuro próximo da operação. Além disso, o cenário de queda de juros será essencial para uma melhor perspectiva para as vendas da empresa”, acrescenta.

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Desempenho das ações de Casas Bahia

No mês, as ações de Casas Bahia sobem 3,04%, enquanto no ano, a queda é de 37,52%.

Cotação BHIA3

Gráfico gerado em: 06/05/2024
5 Dias

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Giovanni Porfírio Jacomino

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