Casas Bahia (BHIA3) pressionada: prejuízo deve superar R$ 400 milhões no balanço do 1T24, com queda nas vendas, dizem analistas
Previsto para ser divulgado nesta quarta-feira (8) após o fechamento do mercado, o resultado do primeiro trimestre (1T24) da Casas Bahia (BHIA3) deve apresentar mais uma retração em seus principais indicadores, com prejuízos que podem passar dos R$ 400 milhões, estimam analistas.
Já no 1T23 o prejuízo da Casas Bahia foi de R$ 297 milhões. No 1T22, a varejista tinha anotado lucro de R$ 18 milhões.
No quarto trimestre de 2023, a Casas Bahia (BHIA3) registrou um prejuízo contábil de aproximadamente R$ 1 bilhão. O resultado da Casas Bahia mostrou um aumento de 513,5% de perdas, ou seis vezes mais, quando se compara com o prejuízo registrado no quarto trimestre de 2022, de R$ 163 milhões.
Desconsiderando os impactos não recorrentes, o prejuízo líquido da Casas Bahia foi de R$ 564 milhões no último trimestre do ano passado. Nesse mesmo contexto, as perdas foram 51,6% maiores que as registradas no 4T22, que foram de R$ 372 milhões.
Em relatório, o Santander (SANB11) informou que espera mais um trimestre de queda nas vendas da varejista, que, combinada com as despesas financeiras, pode fazer com que a empresa apresente prejuízo superior a R$ 400 milhões no 1T24.
Além disso, com base nos baixos níveis de estoque relatados no final de 2023 e redução do sortimento, o banco espera números fracos de B&M (lojas físicas) e GMV digital 1P.
“Esperamos que a queda nas vendas e a desalavancagem operacional comprimam as margens, prevendo uma queda anual de 470 pontos-base na margem Ebitda para 4,5%. Com isso e pesadas despesas financeiras, projetamos um prejuízo líquido de R$ 464 milhões no 1T24″, escrevem os analistas Ruben Couto, Eric Huang e Vitor Fuziharo.
No geral, a casa prevê que a Casas Bahia no 1T24 deve apresentar um prejuízo líquido de R$ 1,4 bilhão em 2024 e de R$ 514 milhões em 2025, “devido a pesadas despesas financeiras sobre uma dívida líquida estimada em R$ 4,5 bilhões, além de ventos contrários à medida em que a empresa implementa seu plano de transformação”.
Santander espera ‘caminho difícil’ durante o ano para Casas Bahia
Segundo o Santander, desde a posse da nova administração em agosto de 2023, a Casas Bahia passou por um plano de transformação que visa priorizar a geração de caixa e a rentabilidade, com o objetivo de desalavancagem e retorno a uma trajetória de crescimento sustentável.
O banco avalia que durante o segundo semestre de 2023 a Casas Bahia cumpriu as promessas de downsizing – fechando 49 lojas e desativando 10 centros de distribuição, reduzindo seu quadro de funcionários – e focou nas principais categorias de produtos hardline, migrando mais de 20 categorias não essenciais de 1P para 3P.
No entanto, com a 2ª fase do plano de transformação da Casas Bahia em vigor até 2024, o Santander ainda espera um caminho difícil para a empresa durante o ano.
“Acreditamos que o reescalonamento da dívida concluído em março de 2024 dê mais tempo para iniciar o esforço de recuperação da empresa. Prevemos que 2024 será um ano de melhora do Ebitda. No entanto, esperamos que as pesadas despesas financeiras persistam, levando a Casas Bahia a registrar grandes perdas líquidas e consumo de caixa em 2024”, dizem os analistas.
“Por essas razões, reiteramos nossa classificação neutra para ações da Casas Bahia até obtermos uma confirmação mais tangível de um ponto de inflexão operacional”, acrescentam.
BTG projeta prejuízo líquido de R$ 388 milhões para Casas Bahia no 1T24
Para o primeiro trimestre de 2024, o BTG Pactual (BPAC11) estima um prejuízo líquido de R$ 388 milhões.
Já a projeção do BTG para a receita líquida da Casas Bahia é de R$ 6,249 bilhões no 1T24, ante R$ 7,354 bilhões no 1T23. O Ebitda da Casas Bahia, segundo o banco, deve ser de R$ 285 milhões no 1T24, ante R$ 675 milhões no 1T23.
Em geral, o banco avalia que a Casas Bahia seguiu os passos dos principais players do varejo e investiu em serviço para reduzir prazos e custos de entrega. No entanto, o BTG permanece neutro em relação à Casas Bahia, em resposta a uma perspectiva competitiva, forte exposição a eletrônicos/eletrodomésticos, altos custos de financiamento, além de incertezas sobre provisões futuras e monetização de créditos fiscais, o que pode prejudicar sua capacidade de investir no crescimento de suas operações.
“Uma recuperação potencial após a liquidação em trimestres passados dependerá da monetização de créditos fiscais, uma recuperação sustentável no tráfego de clientes de lojas, seu negócio de comércio eletrônico e monetização do GMV, que deve ser difícil dada a forte concorrência, e será fundamental para sua alavancagem financeira e operacional”, escrevem os analistas Luis Guanais, Gabriel Disselli e Pedro Lima.
“Revisamos nossa estimativa de receita bruta em 12% e a estimativa de Ebitda em 20% para os próximos quatro anos, em relação ao modelo anterior”, completam.
Confira projeções de outros bancos sobre o balanço do 1T24 da Casas Bahia
Em relatório recente sobre as prévias para o varejo no 1T24, a XP (XPBR31) disse esperar outro trimestre desanimador para as companhias do setor, em meio a um ambiente macro ainda desafiador, mudanças fiscais e uma sazonalidade fraca.
No caso da Casas Bahia em específico, os resultados do primeiro trimestre de 2024 ainda devem ser impactados por sua reestruturação, enquanto seu principal concorrente, o Magazine Luiza (MGLU3), deve reportar melhora nas margens.
Já o Safra espera que a companhia continue sendo negativamente afetada pelo seu plano de recuperação e pelas difíceis condições macroeconômicas, principalmente no 1P e B&M (lojas físicas), altamente expostos a eletrônicos e eletrodomésticos, levando a uma queda de 16% nas vendas e a um recuo de 51% no Ebitda.
Desempenho das ações da varejista
No mês, as ações de Casas Bahia sobem 0,72%, enquanto no ano, os papéis caem 38,92%.
Cotação BHIA3