As ações de Casas Bahia (BHIA3) e Magazine Luiza (MGLU3) derreteram nesta terça-feira (17) no Ibovespa, liderando as perdas do índice, com o mercado repercutindo a divulgação de dados do setor de serviços no Brasil em agosto e atento à proximidade da temporada de balanços, que deve trazer resultados pouco animadores para o segmento de varejo.
No fechamento, as ações ordinárias de Casas Bahia (BHIA3) caíram 3,5%, cotadas a R$ 0,55, enquanto as de Magazine Luiza (MGLU3) lideraram as perdas do índice, anotando queda de 5,58%, a R$ 1,60. Outras varejistas, como Pão de Açúcar (PCAR3) e Lojas Renner (LREN3), por exemplo, recuaram 1,86% e 1,14%, respectivamente.
O Ibovespa fechou em queda de 0,54%, a 115.908 pontos.
Cotação BHIA3
Segundo Fábio Lemos, sócio da Fatorial Investimentos, apesar de o último Boletim Focus ter indicado um cenário mais benigno convergindo para a meta, o volume de serviços no Brasil divulgado nesta terça – que caiu 0,9% em agosto ante julho – indica queda na inflação, mas tende a representar uma atividade mais fraca e, por isso, uma queda no consumo.
“Por outro lado, tivemos divulgação de vendas no varejo nos Estados Unidos, que vieram bem acima do consenso. Com isso, mantendo a dinâmica de juros ‘higher for longer’ e pressionando o Federal Reserve (Fed, o banco central americano), estressou também a nossa dinâmica de juros aqui no Brasil”, pontua.
Ainda de acordo com Lemos, com a proximidade da temporada de balanços, dinâmica de juros altos e menor consumo, não são esperados grandes resultados do setor de varejo. “Cada vez mais há dúvidas sobre qual será o impacto do juros sobre o resultado do setor nesse trimestre, e por quanto tempo as empresas podem permanecer suportando essas margens já tão espremidas, com quedas no consumo devido à concorrência”.
Casas Bahia (BHIA3) está de “volta ao básico”, diz Citi; banco corta preço-alvo e ações recuam
A Casas Bahia (BHIA3) teve seu preço-alvo cortado em quase 70% pelo Citi, passando de R$ 2,30 para R$ 0,70. Em relatório divulgado pelo InfoMoney na semana passada, analistas destacaram que a varejista está “de volta ao básico”, com uma estrutura mais leve, apesar de ventos macroeconômicos ainda persistentes.
A recomendação para as ações da Casas Bahia foi mantida como neutra/alto risco pelo Citi.
Por volta das 11hs, as ações da Varejista, BHIA3, recuavam quase 5% (4,95%).
O banco destacou que a gerência emitiu um discurso ‘consistente e fundamentado’, reforçando suas prioridades para o curto e médios prazos. O objetivo é expandir a margem Ebitda sem depender de uma grande recuperação do faturamento, diz o texto.
A gestão da Casas Bahia também está levantando um fundo baseado em recebíveis (FIDC) para garantir alternativas de crédito ao consumidor. “Em resumo, o Grupo Casas Bahia deverá operar sob uma rigorosa disciplina de capital, uma vez que a procura por produtos eletrônicos permanece lenta”, pontuou a equipe de análise.
“O processo de recuperação deverá ser gradual e a visibilidade da recuperação do setor e da recuperação dos lucros será limitada”, acrescentaram.
No online, foco da Casas Bahia é fortalecer posição em eletrônicos, diz Citi
Em relação às operações online, diz o Citi, a gestão disse que o objetivo do negócio 1P (referente ao estoque próprio) é fortalecer sua posição na principal categoria de eletrônicos de consumo (smartphones, TVs e linha branca, por exemplo), e reduzir a escala no 3P (marketplace).
Já nas operações físicas, a Casas Bahia deverá continuar redimensionando seu portfólio, com fechamento de cerca de 40 lojas ainda em 2023. A varejista também busca solidificar ainda mais seu relacionamento com fornecedores de categorias essenciais (eletrônicos, eletrodomésticos), o que será fundamental para garantir seus planos de rentabilidade no longo prazo, apontaram os analistas.
Projeções do Citi para Casas Bahia
No relatório, o Citi cortou as estimativas de receita líquida consolidada para a empresa em 5,5% em 2023, 7,2% em 2024 e 8,6% em 2025. A avaliação do banco reflete a perspectiva mais conservadora para produtos eletrônicos e a estratégia da empresa de focar nos resultados versus crescimento.
Os analistas também reduziram as suas estimativas de margem Ebitda em 300 pontos-base, 29 pontos-base e 15 pontos-base para 2023, 2024 e 2025 respectivamente, de forma a refletir a desalavancagem operacional natural.
Assim, o banco espera R$ 370 milhões em economias anuais em termos de despesas gerais e administrativas até 2024. “Esperamos agora um prejuízo líquido em 2024, com lucro apenas em 2025”, afirmaram.
Ações da Casas Bahia tombam em setembro
As ações das Casas Bahia, ex-Via, perderam mais da metade do seu valor de mercado durante o mês de setembro. Além da mudança de nome e de ticker (antes VIIA3 e agora BHIA3), a empresa vem passando por uma reestruturação.
Porém, os resultados ruins, caixa desfavorável e diluição de investidores foram alguns dos fatores que pesaram fortemente no preço das ações em setembro. Também houve a renúncia do Vice-Presidente Comercial e de Operações das Casas Bahia, Abel Ornelas Vieira.