As ações de Casas Bahia (BHIA3) e Magazine Luiza (MGLU3) despencaram nesta terça-feira (30) no Ibovespa, em dia de aumento na curva de juros e com o mercado na expectativa em relação à decisão de juros nos Estados Unidos, que deve ocorrer na quarta-feira (1).
No fechamento, os papéis BHIA3 caíram 7,25%, a R$ 6,90 – um dia após a alta de 34% na segunda (29) -, enquanto as ações MGLU3 recuaram 6,85%, a R$ 1,36.
Cotação MGLU3
Segundo Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, tanto as ações de Casas Bahia como os papéis de Magazine Luiza recuam no Ibovespa por causa do aumento na curva de juros de mais de 1% em boa parte dos vencimentos, algo que, em sua visão, já se repete ao longo dos pregões deste ano de 2024.
“Quando a gente tem um aumento relevante na curva de juros, estas empresas acabam sofrendo mais. Porém, se você olhar para a bolsa, é um dia de queda praticamente generalizado. Com o feriado amanhã (1º) e a decisão de juros nos Estados Unidos, essa postura mais defensiva acaba predominando. Você vê uma alta do dólar contra o real bem maior do que o dólar contra outras moedas, o mercado brasileiro caindo bem mais”, afirma.
Marcelo Boragini, sócio e especialista em renda variável da Davos Investimentos, explica que as quedas nas ações são expressivas, porém naturais diante de um cenário de expectativa em relação à decisão de juros nos Estados Unidos na quarta-feira.
Além disso, uma pequena alta na mediana das projeções da Selic para o fim de 2026, de 8,50% para 8,63%, conforme divulgado nesta terça pelo Boletim Focus, também impacta ativos ligados à economia doméstica, caso de Magazine Luiza e Casas Bahia.
“A Casas Bahia subiu mais de 30% ontem (29) e é natural também que haja um ajuste técnico. Assim como o Magazine Luiza, que também não subiu tão forte, mas está surfando essa onda de ajuste de juros e também com relação a esse compasso de espera com relação ao Fed amanhã”, detalha.
Casas Bahia: Tribunal de Justiça de São Paulo aprova pedido de recuperação extrajudicial
O TJ-SP deferiu o pedido de recuperação extrajudicial da Casas Bahia, envolvendo renegociação de dívidas de R$ 4,1 bilhões. A solicitação foi protocolada na noite do último domingo (28) e já estava pré-acordado com os principais credores, Bradesco (BBDC4) e Banco do Brasil (BBAS3), que detêm 54,5% dos débitos. Portanto, deve ser aplicado também aos demais credores pulverizados, dentre eles, pessoas físicas.
O CEO da Casas Bahia, Renato Franklin, disse que a expectativa é de que a homologação do plano aconteça em 37 dias, somando 7 dias de prazo inicial mais 30 dias previstos em lei. Embora esse prazo possa ser renovado por mais 60 dias, a empresa acredita que bastarão os 30 dias, já que o acordo da Casas Bahia foi desenhado junto com os credores. Para aprovação do plano de recuperação extrajudicial é necessário concordância de 50% mais 1.
O montante renegociado, que envolve a 6ª, 7ª, 8ª e 9ª séries de debêntures, tinha custo médio de CDI +2,7% e prazo de 22 meses. Agora, o custo está em CDI + 1,2%, em um prazo de 72 meses. Nos cálculos da empresa, o novo perfil da dívida da Casas Bahia preserva R$ 4,3 bilhões de caixa até 2027, sendo R$ 1,5 bilhão somente em 2024. Como contrapartida, os principais bancos credores ganham o direito de converter 63% dos valores que lhe são devidos em ações da varejista.
O acordo inclui uma carência de 24 meses para pagamentos de juros e 30 meses para pagamento de principal. Assim, antes da renegociação, a empresa desembolsaria, até 2027, R$ 4,8 bilhões. Agora, a empresa terá de arcar, no mesmo prazo, apenas com R$ 500 milhões. A Casas Bahia tem o escritório Pinheiro Neto como assessor jurídico e a Lazard como assessor financeiro.