Nesta segunda-feira (19), investidores donos de certificados de recebíveis imobiliários (CRI) lastreados na 8ª emissão de debêntures da Casas Bahia (BHIA3) decidiram não declarar o vencimento antecipado dos títulos.
Em contrapartida, a varejista pagará um prêmio flat equivalente a dez pontos base (0,1%) sobre o saldo do valor dos títulos, acrescido de uma remuneração que será calculada considerando a última data de pagamento da remuneração até o dia do pagamento do prêmio.
Os títulos em questão são lastreados na 8ª emissão de debêntures da Casas Bahia. No mês de outubro deste ano, a varejista tinha conseguido o perdão dos mesmos investidores que poderiam declarar o vencimento antecipado em função do rebaixamento do rating da companhia.
Na época, a S&P havia rebaixado a nota de crédito dos títulos de ‘brAA-(sf)’ para ‘brA-(sf)’. Assim, pelas regras da oferta, a redução do rating em três ou mais níveis dá aos investidores o direito de escolher se querem antecipar o pagamento final dos títulos.
No último dia 24 de novembro, a agência fez um novo rebaixamento, agora para ‘br-BBB’. Com isso, os investidores tiveram que avaliar novamente se queriam antecipar a dívida.
Casas Bahia (BHIA3) derrete no 1º pregão após grupamento. O que esperar das ações?
As ações da Casas Bahia (BHIA3) derreteram mais de 10% na última sexta-feira (15), no primeiro pregão após o grupamento na razão de 25 para 1 decidido pela empresa.
O papel, que chegou a valer R$ 0,50, tinha caído 81% em 2023 e 17% no mês, e está cotado agora a R$ 11,17.
No último relatório sobre a prévia do rebalanceamento do Ibovespa para janeiro de 2024, a equipe de estratégia da XP lembrou que o papel BHIA3 corria grande risco de exclusão dos principais índices da B3. Com o grupamento, o que se pode esperar das ações da varejista?
O Ibovespa, sublinha a XP em relatório da última sexta (15), principal índice da Bolsa brasileira, “serve como um termômetro do mercado local por reunir as ações com maior índice de negociabilidade da B3”. Para fazer parte do índice, “o papel também precisa atender a critérios de presença em pregão, volume financeiro e não pode ser penny stock, ou seja, ativo cuja cotação seja inferior a R$ 1,00.
“Esse risco decorre do critério de Penny Stock, o que pode resultar em pressão significativa de venda da ação por parte dos fundos associados aos índices”, informou o relatório.
De acordo com o time da XP, o grupamento das ações da Casas Bahia “poderia ser um passo vital para resolver esse problema e proteger a posição da empresa nesses índices”.
Com esse baque na sexta nos papéis BHIA3, volta a preocupação: foi um susto ou as ações da varejista tendem a se recuperar?
Eis o que dizem os analistas da XP: “Mantemos uma visão mais cautelosa para o Grupo Casas Bahia, com recomendação neutra e preço-alvo de R$ 17,7 por ação ação, uma vez que vemos desafios a serem enfrentados pela companhia”.
O time de análise cita como entraves:
- ambiente competitivo acirrado;
- taxas de juros ainda elevadas e poder de compra comprimido; e
- riscos de execução no plano de transformação da companhia.
Mas a XP pondera: “Como destacamos no relatório Onde Investir 2024, estamos mais construtivos para o setor de varejo no ano que vem, por esperarmos uma recuperação de consumo decorrente de uma melhora na renda disponível e no nível de endividamento dos consumidores por conta de juros mais baixos, uma inflação controlada e uma oferta de crédito mais normalizada.”
Mais: “As expectativas dos investidores estão bem conservadoras em relação ao setor e o posicionamento muito leve. Os benefícios fiscais de ICMS no IR devem ser praticamente eliminados ou reduzidos a partir de 2024, comprometendo crescimento de lucro ou demandando repasse de preços para compensar o efeito, mas a decisão em relação a esse tema deve remover uma incerteza importante que tem pesado no setor. Por fim, os cortes de juros podem ser mais lentos ou reduzidos dependendo de riscos macro/externos.”
Movimento de queda livre antes do grupamento
Segundo o BB Investimentos, em relatório divulgado em 9 de novembro, as ações BHIA3 “seguiam um movimento de queda livre desde meados do 2S22, acumulando uma desvalorização de quase 80% neste ano, em um contexto de incertezas quanto à capacidade da companhia em resolver seus problemas internos e voltar a crescer com rentabilidade.”
E acrescenta: “A companhia já tinha dado uma sinalização negativa aos minoritários acerca da sua situação financeira a partir da conclusão da oferta subsequente de ações (follow on) em setembro, ocasião na qual aceitou um desconto de quase 60% sobre o preço pré-follow on para uma ação que já estava muito descontada”.
A apresentação de resultados piores do que os esperados no 3T23 da Casas Bahia, pontua o BB-BI, “adiciona mais um ponto de alerta quanto à velocidade e intensidade da recuperação da companhia após finalizado o processo de transformação (estimado para o final de 2024), bem como o custo que esse processo ainda vai incutir no desempenho da Casas Bahia nos próximos trimestres.”
E conclui, um mês antes do grupamento de ações da Casas Bahia, “que optamos por rebaixar nossa recomendação para Venda, pois entendemos ser mais oportuno não correr o risco de execução do turnaround de uma companhia cujo risco de revisões negativas se acentuaram, independentemente do atual potencial de valorização para o nosso preço-alvo.”
Desempenho das ações de Casas Bahia
Cotação BHIA3