Em fato relevante divulgado na manhã desta quarta-feira (8), a Casas Bahia (BHIA3) informou que a estruturação do fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC), com o objetivo de otimizar a operação de crediário da companhia, buscará uma captação inicial de R$ 600 milhões.
Segundo a companhia, a estruturação do FIDC, que está sendo conduzida pela Polígono Capital com administração do BTG Pactual (BPAC11), está em fase pré-operacional. Após a primeira captação, o FIDC da Casas Bahia poderá contar com aportes adicionais chegando até um capital total de R$ 1,5 bilhão.
A Casas Bahia informou também que nesta terça-feira (8) foi protocolada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a alteração do regulamento do FIDC, que passará a ser denominado “Grupo Casas Bahia Fundo de Investimento em Direito Creditórios” e cuja classe única contará com cotas seniores, cotas subordinadas mezanino e cotas subordinadas júnior.
“A efetiva estruturação do FIDC, bem como a definição de seus termos e condições, está sujeita, entre outros fatores, à obtenção das aprovações necessárias, incluindo as respectivas aprovações societárias aplicáveis, bem como às condições políticas e macroeconômica nacionais e internacionais e ao interesse dos investidores, dentre outros fatores alheios à vontade da companhia, e, portanto, nesta data, não está sendo realizada qualquer oferta pública do FIDC e/ou de quaisquer valores mobiliários de emissão da companhia em qualquer jurisdição”.
A Casas Bahia informou ainda que, caso efetivada, a estruturação do FIDC será conduzida “em conformidade com a legislação e regulamentação aplicáveis”.
“Este fato relevante não constitui uma oferta de venda de valores mobiliários, no Brasil ou no exterior, incluindo nos Estados Unidos, ou em qualquer outra jurisdição, e possui caráter meramente informativo e não deve, em nenhuma circunstância, ser considerado e/ou interpretado como, nem constituir, uma recomendação de investimento ou oferta de venda, solicitação ou oferta de compra de quaisquer valores mobiliários”, informou a companhia.
Casas Bahia (BHIA3) deve mais do que triplicar prejuízo no 3T23, dizem analistas
Previsto para ser divulgado nesta quarta-feira (8), depois do fechamento do mercado, o resultado do terceiro trimestre da Casas Bahia deve apresentar mais uma retração em seus principais indicadores, em linha com um cenário macroeconômico ainda adverso, retração da rentabilidade devido ao saldão de estoques, além da alavancagem elevada.
Segundo estimativas da Genial Investimentos, a Casas Bahia deve reportar prejuízo de R$ 689 milhões no terceiro trimestre – mais do que o triplo do registrado no mesmo período em 2022, quando a companhia teve prejuízo de R$ 203 milhões – impactado pela forte retração de rentabilidade devido ao saldão de estoques.
Ainda de acordo com a gestora, apesar dos esforços da companhia em reduzir os níveis de despesas, com corte do quadro de pessoas e enxugamento de despesas de marketing, o lucro operacional da Casas Bahia precisará lidar com o carrego negativo da margem bruta e a desalavancagem operacional.
Assim, a Genial projeta um Ebitda ajustado da Casas Bahia em R$ 36 milhões no terceiro trimestre (queda de 90,9% na base anual), e uma margem Ebitda ajustada de 0,5%. Já a receita líquida da Casas Bahia deve ficar em R$ 6,7 bilhões no 3T23, queda de 3,5% na base anual.
Saldão de estoques da Casas Bahia pode impactar balanço
A Genial cruzou dados da Neotrust – sinalizando que o faturamento anual do e-commerce brasileiro caiu 7% no 3T23 – com a Pesquisa Mensal de Comércio (IBGE), e entendeu que a categoria de móveis continua a ser uma das principais detratoras de crescimento de vendas para empresas como a Casas Bahia e também o Magazine Luiza (MGLU3).
Em relatório, a casa apontou ainda três efeitos que devem ser levados em consideração para entender a dinâmica de vendas da Casas Bahia neste trimestre:
- Fechamento de aproximadamente 31 lojas (dentro de um plano de encerrar atividades em cerca de 75 unidades);
- Saldão de produtos para ajustar os níveis de estoques da companhia;
- Menores níveis de concessão de crédito (ainda sem o FIDC para impulsionar as vendas pelo crediário.
“Correlacionando esses três efeitos, entendemos que o plano de ajuste de estoque da Casas Bahia, iniciado ainda no segundo trimestre, deve apimentar os ânimos do varejo e-commerce neste resultado”, apontaram os analistas Iago Souza, Vinicius Esteves e Nina Mirazon.
Apesar de não enxergar espaços para a varejista elevar a concessão de crédito, dado o cenário macroeconômico ainda frágil, na visão da casa, o saldão de estoques deve contrabalancear o impacto negativo do fechamento de lojas e menor ‘poder de fogo’ de crédito neste trimestre.
Mesmo com plano de transformação, alavancagem permanece elevada, diz Goldman
Segundo o Goldman, nos últimos meses, a Casas Bahia tem voltado as suas atenções para a geração de caixa, e não para os ganhos de ações.
Assim, diz o banco, mesmo com a oferta primária de R$ 620 milhões no contexto de um plano de transformação mais amplo, focado em preparar a empresa para um crescimento sustentável a partir de 2025, a alavancagem permanece relativamente elevada.
Sobre esse indicador, inclusive, a instituição estima que ele feche o ano de 2023 em 7,3 vezes, impactado negativamente pelo baixo Ebitda esperado para o 3T23, dada a alta atividade promocional no contexto de otimização de estoques.
“Até o final de 2024, sob um ambiente operacional mais normalizado, estimamos que este indicador poderá cair para 4,2 vezes”, apontaram os analistas Irma Sgarz, Felipe Rached e Gustavo Fratini.
O Goldman estima ainda que a Casas Bahia tenha aumentado sua participação no e-commerce brasileiro em 7,5% (8,0% em 2022), atrás de Magazine Luiza, com 17,7% (17,5% em 2022) e de Mercado Livre (MELI34), acima de 40% (33,7% em 2022).
Desempenho das ações da Casas Bahia
Cotação BHIA3